Por Miranda Sá –
“Precisamos promover a coragem onde há medo, promover o acordo onde existe conflito, incentivar a esperança onde há desespero” (Nelson Mandela)
Curiosamente nascido na Índia colonial inglesa em 1903, George Orwell é considerado um dos maiores escritores europeus do século XX, e segundo a crítica, o melhor cronista da cultura inglesa.
É difícil escolher o mais importante dos seus livros, considerando como clássicos, “Dias na Birmânia”, “Moinhos de Vento”, “A Filha do Reverendo” e os mais populares entre eles, “A Revolução dos Bichos” e “1984”.
Não é por acaso que os dois últimos se tornaram best sellers mundiais. Tratam-se de discursos anti-totalitários tão contundentes que foram considerados responsáveis intelectuais pela desconstrução biográfica de Stálin e o desmoronamento do estado policial que dominava a União Soviética.
O “1984” é uma novela que tem como cenário um império ditatorial sempre em guerra contra outros países usando a propaganda de exaltação patriótica para controlar os cidadãos em cada gesto, cada fala, e, por artifício tecnológico, vigiando-o em qualquer lugar onde se encontre.
O pior é a concentração do poder nas mãos de um ditador cuja administração partidária repressiva mantém um “Ministério da Verdade” com objetivo de criar uma realidade paralela, pela revisão histórica, censura literária e jornalística, falsificação de documentos e fraudes relacionadas com o passado antes do partido tomar o poder.
Através de um mecanismo criptográfico, o Ministério da Verdade mantém uma “novilíngua”, certa terminologia partidária e governamental que distorce o significado semântico do noticiário sobre a guerra, reverte informações estatísticas da economia e produz pesquisas de opinião enganosas para o grande público.
Enfim, fazendo-se uma síntese curta e grossa, resume-se: a função do Ministério da Verdade é mentir produzindo oficialmente o que chamamos de fake news.
Com esse conhecimento, vemos que não é só na ficção orweliana que assistimos tais práticas revisionistas; a História da Civilização está cheia de capítulos sórdidos de adulterações dos fatos e de perfis pessoais.
Garimpando alguns exemplos, temos a imolação do Grão-Mestre dos Templários, Jacques De Molay, acusado por falsas testemunhas junto com seus companheiros, de invocar o demônio e realizar “missas negras”. Esconderam as lutas travadas por eles para libertar os lugares santos da Palestina e a divulgação mundial da cruz como símbolo do cristianismo.
Os ardis foram tramados e executados somente para satisfazer a ambição do rei Felipe de França e a insanidade obscena do papa Clemente 5º. Observe-se que esta fraude se estendeu por centenas de anos pela perseguição à Maçonaria, obrigando os seus seguidores atuarem na clandestinidade.
Não causa perplexidade encontrarmos ainda hoje defensores de Adolf Hitler cuja loucura levou à morte cerca de 75 milhões de pessoas somente pelo fato de serem ciganos, eslavos, homossexuais e judeus. Para os neonazistas, o mundo seria feliz sob o domínio dos brutais e agressivos agentes das SS, defendendo por isto ditaduras e torturas.
Sobre revisões típicas do Ministério da Verdade, chega-nos às mãos cópias xerocadas de atividades sócio-políticas no Brasil que parecem extraídas do livro de Orwell. Vê-se apagarem a passagem corrompida, corrupta e corruptora de Lula da Silva e do seu partido, o PT, no governo federal.
Engenhosos embustes para suprimir o passado saem das oficinas dos poderes republicanos e em especial no Executivo, funcionando nos porões do Palácio do Planalto em obediência à distorcida e subversiva ideologia do capitão Bolsonaro. Vê-se agora o diversionismo manobrado para defenderem a corrupção do pastoril no Ministério da Educação.
Com um pouco de bom senso e critério, enxerga-se o assalto ao Erário na mais perfeita ação corrupta e corruptora dos tempos lulopetistas; e fica claro o envolvimento do ex-ministro pastor Milton Ribeiro, confessor da Primeira Dama.
Não se exige sequer uma ativa vigilância para se ver o Brasil espremido entre a nojenta polarização dos extremismos populistas “de direita” e “de esquerda”, defendidos por comissários civis e fardados falseando a História e alterando as biografias.
E no mundo fantástico do revisionismo polarizado, salvam-se o Pelegão condenado por corrupção e lavagem de dinheiro e o Capitão afastado do Exército por indisciplina, insanidade mental e subversão.
Sem revisões, acredito no surgimento de um fato novo que intervenha nas eleições e facilite o surgimento de um nome que represente a 3ª Via.
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br
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