Por Pedro Augusto Pinho

Com imensa surpresa leio, no domingo, 13/11/2022, à página A3 de O Estado de S. Paulo, seu editorial de título, “A necessária reconstrução do Estado”. Assim mesmo, Estado reverentemente com letra maiúscula.

E, para mostrar que não me haviam tomado oníricas imagens, transcrevo: “A partir de 1º de janeiro, Luiz Inácio Lula da Silva terá a chance de demonstrar uma nova compreensão sobre o papel do Estado e, em especial, sobre a importância de uma burocracia profissional e apartidária que trabalhe pela sociedade, e não em nome de interesses particulares e privados do governante e de seu governo. É evidente que todo presidente pode e deve influir na máquina pública, mas isso em nada se confunde com a ideia de colocá-la a seu serviço, como fez Bolsonaro”.

Melhorou a compreensão, piorou o vernáculo. Mas, não sejamos cáusticos. Foi uma heroica tentativa, deste mais do que centenário jornal, para chegar ao século XXI.

O país que mais coetâneo a sua época surge e assombra o mundo atual é a República Popular da China (RPCh). Não pelo seu socialismo, que eles denominam comunismo, eventualmente um pé no passado de multimilenária civilização. Mas por se definir nacional e contemporâneo, como se lê nas conclusões do 19º Congresso Nacional do PCCh, de 2017.

Recordemos em breves pinceladas a China desde o início do século XX. Um país humilhado pelas potências ocidentais e mesmo oriental, como o Japão Meiji, e, com divergências na condução da independência, chega ao marxismo maoísta. Os desníveis eram tamanhos que as primeiras décadas foram de frustações e poucos avanços, mas suficientes para temer a burocracia soviética. Mao coloca a Revolução Cultural como anteparo, mas estalinistas e trotskistas não a compreendem. É a derrocada de Mao e a ideologia das cores do gato. Terá surgido aí a ideia de revoluções coloridas que infestou o mundo entronizando o decálogo do Consenso de Washington?

Venceu o chinês, o camponês, o laoziano, Confúcio, quem responde às realidades e não às fantasias. Este chinês que domina, na maior democracia participativa, o partido que é o 16º mais populoso país do mundo, o poder nacional. Ele que dá a “característica chinesa” à política do Partido e do Estado, ficando a “nova era”, com suas tecnoestruturas.

Xi Jinping e Bolsonaro. (Valter Campanato/Agência Brasil)

O Estadão afirma vagamente que o “País gasta muito e mal”. Basta ver a execução orçamentária e constatar que mais da metade do que paga de impostos a população vai para a dívida nunca auditada, desde o governo Vargas, protegido pela Revolução vitoriosa, em 1930, e pela Constituição de 1934, mas, desde então, sempre crescente. Agora sem qualquer ressalva do Estadão e dos financistas que acolhe, temos a Lei 14.185/21, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, fruto do projeto (PL 3.877/2020), do senador Rogério Carvalho (PT-SE), aprovado pela Câmara dos Deputados, com parecer favorável da relatora, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), que sangra, com valores imoralmente obtidos pelos bancos, os cofres públicos, o recurso para compra de vacinas, merenda escolar, leitos hospitalares, e alimenta os “orçamentos secretos”.

Tendo início por sistema de vocalização, isso é, da divulgação e do recebimento de mensagens, o primeiro passo para o novo governo trazer o povo para auxiliá-lo a administrar, vamos instruir a população sobre o Estado, o que e como deve fazer, como deve ser estruturado com as características brasileiras, e como cada um pode trazer seu tijolo para esta memorável e basilar obra de soberania e cidadania: o Estado Nacional Brasileiro.

Teremos então o lugar de trabalho, onde discutiremos os projetos nacionais, para que a fome não se vá e acabe voltando por um governo e meio antipopular, financista e retrógado. É preciso que a fome vá para sempre, que tenha a solução estruturada na organização do Estado. Assim como a varíola, a febre amarela, as doenças que o último governo trouxe e se alastraram no País, provocando mais de 700 mil mortes.

Façamos coro com a despedida do Estadão neste provocante editorial: “Que Lula faça jus a essa nova e honrosa oportunidade de liderar esses esforços e servir, verdadeiramente, à sociedade”.

PEDRO AUGUSTO PINHO é presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), avô e administrador aposentado, com 25 anos de trabalho na Petrobrás. Um cidadão nacionalista e patriota, diplomado e ex-professor na Escola Superior de Guerra.

Publicado inicialmente pelo Portal da AEPET e Pátria Latina. Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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