Por Miranda Sá

Houve uma fase da minha vida em que administrei um sanatório psiquiátrico e lá convivi com a terminologia usada pelos médicos qualificavam os pacientes. Alguns eram classificados de “PPs”, apelido dos que são diagnosticados como ‘personalidade psiquiátrica’.

Também conhecida como “Psicopatia”, a personalidade psicopática é bastante comum na infância e pré-adolescência e na adolescência. Este transtorno mental é raro, mas também é encontrado em adultos, manifestando-se pelo comportamento impulsivo e o desrespeito às normas sociais de conduta.

Na política, sob as asas galináceas dos extremistas também aparecem os “PPs”, usuais em obter privilégios e receber a proteção dos seus partidários quando ocupam o poder.

Como os psicopatas ou talvez iguais a eles, sua vida presente é o que vale; o passado não  passou e não têm a menor visão do futuro.  Sofrem da mesma dificuldade dos doentes em sentir empatia ou remorso, e são normalmente mentirosos.

Os “PPs” políticos enxameiam os gabinetes ministeriais porque são usados pelos chefes como moeda de troca pelo apoio parlamentar ao Poder Executivo, que, da sua parte, se aproveita da facilidade de compra e venda de parlamentares.

Temos pouco a ver com a Dinamarca de Shakespeare, mas podemos dizer como Hamlet disse a Horácio que “há entre o céu e a Terra, mais coisas do que sonha a nossa vã filosofia”. São tantos os privilégios que só com o volume da enciclopédia britânica se pode enumerar.

As “carteiradas” são periféricas… Valem as pensões previdenciárias de filhas solteiras de militares, juízes e parlamentares, um absurdo, que faz as pobres mulheres manter-se em “uniões estáveis” em vez de se casar como as pessoas comuns.

O regime previdenciário de deputados, senadores e magistrados é um assalto à mão armada, e vigora enquanto milhares de famélicos fazem fila para obter uma aposentadoria ou pensão de um salário mínimo (com descontos, rsrsrs).

Outro, é o “foro privilegiado” que se define pelo nome, mantendo-se para acoitar delinquentes do “andar de cima”. É também uma forma exemplar de proteção ao crime. E para bater o martelo na corte dos privilegiados e protegidos, o tão elogiado Fernando Henrique Cardoso nos deixou duas mórbidas heranças, o cartão corporativo e a reeleição.

São duas pragas dificílimas de exterminar, pois são regalias dos que fazem e julgam as leis, salvaguardas pelos e para os executores das leis e dos julgamentos.

Assim, deixando de lado a Psiquiatria pela literatura crítica, ousamos mexer no vespeiro dos extremistas que se alternam no governo na mesquinharia da polarização eleitoral; e, raciocinemos, não podemos aceitar isto eternamente.

MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br

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