Redação

Ameaçado de ser investigado pelo Senado por sua atuação durante a pandemia do novo coronavírus, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pediu aos senadores nesta quinta-feira, dia 11, que evitem politizar o debate. Do contrário, afirmou que a situação “vai apertar”.

O desempenho de Pazuello no Senado é considerado decisivo para a instalação ou não da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a apurar a conduta do governo federal durante a pandemia.

“VAI APERTAR” – “Queria fazer o meu alerta: a Alemanha perdeu a guerra duas vezes porque ela abriu a frente russa. Todo mundo avisou que não deveria abrir a frente russa. Duas frentes não tem como manter. Temos uma guerra contra a covid, a guerra é contra a covid. Ela é técnica, de saúde, não é política. Se abrir a segunda a frente, política e técnica, vai apertar. Se entrarmos com uma nova frente nessa guerra, que é a frente política, vamos ficar fixados. Se nós fixarmos a tropa que está em combate vai ser mais difícil ganhar”, afirmou o ministro da Saúde em sessão temática no plenário do Senado.

Ele também afirmou que a abertura de uma “nova frente política” vai dificultar o combate ao novo coronavírus e o resultado será “perder mais gente”. O Brasil registra atualmente quase 235 mil óbitos decorrentes da doença.

VACINAÇÃO – Pazuello voltou a se comprometer com a vacinação de toda a população brasileira “vacinável” (menores de 18 anos, por exemplo, não estão sendo vacinados) até o final do ano. A visão é mais otimista do que a apresentada no plano nacional de imunização, que prevê a campanha até metade de 2022. “Nós vamos vacinar o País em 2021, 50% da população vacinável até junho; 50%, até dezembro. Esse é o nosso desafio e é o que nós estamos buscando e vamos fazer”, disse Pazuello.

No encontro com os senadores, Pazuello admitiu que, antes do colapso em Manaus, o governo acreditava que havia alcançado a estabilização dos casos especialmente na região Norte. Segundo ele, a pasta estava focada na vacinação. Agora, o ministro reconhece que “essa ideia foi quebrada” e os números de mortes no Brasil e no mundo são “inacreditáveis”.

ESABILIDADE – “Nós pensávamos e tínhamos observação técnica, em cima de tudo que vinha acontecendo no Brasil e no mundo, que, no segundo semestre de 2020, nós víamos uma estabilidade clara de queda de contágios e óbitos no nosso País, principalmente na Região Norte. As Regiões Sudeste e Sul, em que começou mais tarde, estavam em uma segunda onda de queda também”, disse.

E acrescentou: “Nós estávamos focados, obviamente, na compra das vacinas para poder fazer o trabalho final, que era vacinar a população e manter a estabilidade de números, a estabilidade, e voltar à normalidade da nossa vida. Essa ideia foi quebrada. Nos últimos 90 dias, houve números inacreditáveis de casos e óbitos mundo afora”.

OXIGÊNIO – Na conversa, Pazuello disse que só teria responsabilidade no colapso do sistema de saúde de Manaus, onde houve falta de oxigênio, se tivesse faltado recursos para a compra, e não abastecimento. Ele afirmou que o governo tem um compromisso para garantir a fabricação de oxigêncio na região e evitar que a situação se repita.

“A estratégia para a Amazônia, agora eu falo de Amazônia, Senador Randolfe (Rodrigues), nós temos que fabricar oxigênio. Nós estamos requisitando todas as fábricas, as usinas geradoras e nós vamos colocar no seu Amapá, vamos colocar em Rondônia, no Acre, no interior do Amazonas já estamos colocando. Não há como nós continuarmos carregando tubos de oxigênio para lá e para cá. Temos que fabricar o oxigênio no local, isso é uma estratégia do Ministério da Saúde e eu vou atender todos os Estados da Amazônia, por requisição, transporte e instalação. Todos”, afirmou.


Fonte: O Globo