Por Iata Anderson –

Pelo menos uma coisa me deixou feliz na volta da amarelinha aos gramados: nunca mais haverá monopólio sobre a principal seleção do futebol mundial.

Pelo menos duas escolhas a fazer: Band ou ESPN, para mim a segunda, transmissão honesta, leve, sem arrogância, de Paulo Andrade, muito bom, fala português, sem “beiradas”, “espetado”, “jogador vertical”, e outras asnices que não vou me acostumar nunca a ouvir. Não sei por que a CBF insiste em entregar o time pentacampeão do mundo – único, por sinal – a um técnico interino, quando teve bastante tempo desde a copa do mundo, ou antes dela, como fizeram Portugal e Espanha, por exemplo, sabendo que Tita não seria mantido. Nada, nem precisava dizer, contra Ramon Menezes, por quem tenho apreço pelo trabalho que vem desenvolvendo com o time Sub-20, recentemente campeão, levando para o time principal cinco de seus jogadores. Não é o nome, a pessoa, mas como as coisas são feitas no futebol brasileiro. Se tivesse derrotado Marrocos, jogando muito bem, e seguisse derrotando todos os adversários que viessem, seria mantido ? Uma vez mais a coisa não parece correta. Ramon trabalhou, lançou seus “meninos”, fez boas convocações, como Roni e Rafael Veiga, pedindo passagem há muito tempo, fez uma composição harmoniosa, baixou a média de idade e pensou adiante, como teria que ser feito e não perdido seis anos como aconteceu antes. Não se formou um time para o presente tampouco para o futuro. Ruim da internacionalização do time é que aparecem caras que a gente nunca viu e desaparecem na mesma velocidade. Não há espaço para críticas, no momento, a não ser à CBF, que continua desperdiçando tempo. Poderia também pensar na estética e mandar trocar os números das camisas, coisa mais horrorosa, nunca visto. O sete parece um ponto de interrogação e o 22 não parece com nada. A fase classificatória começa em setembro para, de verdade, começar a montar o time já que honestamente, esse amistoso, embora tenha sido um jogo interessante, não serviu para nada.

Nenhum jogador ganhou ou perdeu posição salvo aqueles titulares absolutos como Alisson, Thiago Silva e Marquinhos, machucados, Vinicius Junior, Casemiro, etc.

Marrocos, cheio de moral, lotou o estádio, gritou olé, nada sério, pulou e vibrou com sua seleção, primeira africana entre os quatro melhores times do planeta. Manteve 20 dos 26 que levou ao Catar, enquanto nossa seleção apresentou 10 novidades, muita gente estreando, o que dificulta aprofundar numa análise tática ou técnica. Vinicius anda muito bem no Real Madrid, Rodrygo muito mal, como agora, longe do que esperamos dele. Muito bom ver Andrey Santos sendo lançado, André no banco, Vitor Roque, Yuri Alberto, Arhur chamados pela primeira vez. Ramon manteve apenas 11 jogadores que estiveram no Catar. Jogaram apenas quatro dos titulares daquele torneio. Não dá para aprofundar uma análise mais especifica, tipo melhor em campo, quem aprovou, blá, blá, blá …Penso que não, é cedo, vamos dar linha na pipa e ver o que vem por aí. Sobre Ancelotti por mim não terá unanimidade. Não gosto do trabalho dele no Real Madrid, 12 pontos trás do Barcelona faltando 12 rodadas para termina a Liga. Está nas quartas da Champions, sim. Os brancos já ganharam 14 vezes, é o “dono” do torneio, sem ele. Penso que a CBF deveria abrir os cofres e trazer Pep Guardiola, aí sim, a coisa mudaria de figura.

Golaço da CBF mandando imprimir o nome de PELÉ, abaixo dos números. Deveria ser mantido, nosso Rei é eterno.

Dani Olmo fez 1×0 aos 13 minutos de jogo, o que deu um pouco de tranquilidade, contra a Noruega sem seu principal artilheiro Haaland, machucado, marcando uma nova era para o futebol espanhol, pela primeira vez sem nenhum campeão do mundo, após a despedida de Sergio Busquets, último remanescente do fabuloso time que encantou o mundo com seu Tic-Taca lindo, espetacular. Não foi, ao que parece, um jogo fácil, pelo contrário, os convocados pelo estreante Luis de La Fuente tiveram muito trabalho e contaram com grande atuação do goleiro Kepa. A noite, todavia, estava reservada para Joselu, também debutando, atacante do Espanyol, 32 anos, que entrou no segundo tempo no lugar de Alvaro Morata e marcou duas vezes para dar a liderança ao lado da Escócia, que venceu Chipre pelo mesmo placar, no Grupo A. Dani Ceballos entrou ao mesmo tempo substituído Iago Aspas, e deu mais movimentação ao meio-campo espanhol, sempre preciso no domínio de bola e passes (673 contra 381). Liderança sofrida mas merecida da nova versão da “Roja”, empurrada pelos torcedores que lotaram La Rosaleda, em Málaga. Depois de muito tempo o Real Madrid teve três jogadores jogando juntos na seleção: Nacho, Carvajal e Ceballos.

Nacho, Carvajal y Ceballos, convocados con España | OneFootball

Graças ao fantástico e interminável Cristiano Ronaldo, Portugal goleou Luxemburgo por 6×0 e lidera o Grupo J da fase classificatória da Eurocopa 2024 com duas vitórias. CR7 marcou duas vezes e chega a 124 gols pela seleção e segue como principal jogador português de hoje e sempre. Cristiano (2), João Felix, Bernardo Silva, Otavio e Rafael Leão, atacante do Milan, que ainda perdeu um pênalti mas entrou muito bem no segundo tempo , foram os goleadores. A seleção portuguesa, agora treinada por Roberto Martínez, estabeleceu a maior goleado desse confronto, jogando fora de casa. Cristiano Ronaldo marcou 11 gols em 11 jogos jogando contra Luxemburgo. O espanhol Fernando Martinez, 49 anos, comandou a Belgica nas duas últimas copa do mundo, tendo eliminado a seleção brasileira em 2018 mas não passou das oitavas no mundial do Catar, sendo substituído para ocupar o lugar de Fernando Santos, campeão da Euro em 2016 que lhe reservou destaque entre todos os técnicos portugueses. Foi substituído após o fracasso no último mundial. Na seleção lusa, tem contrato até 2026 com planejamento para por sua seleção entre as melhores do mundo. Martínez começou carreira na Inglaterra e nunca treinou um time espanhol.

No Real Madrid as coisas funcionam como em nenhum clube do mundo. Não há tempo a perder, lá não se pensa em esperar que as coisas aconteçam, se faz. A pergunta da vez está respondida: o número nove não pode esperar. A partida de domingo contra o Barcelona ficou evidenciado que Benzema não é nem sombra do jogador que deslumbrou o mundo na temporada passada, marcando 44 gols em 46 partidas, sendo 15 pela Champions, artilheiro máximo, como no campeonato espanhol (Liga Santander), que terminou com a conquista da Bola de Ouro, por absoluto merecimento. A apagada – não é a primeira vez, desde que se machucou seriamente no tornozelo – atuação no “El Clásico” acelerou o debate interno em Valdebebas sobre a renovação do contrato do atacante francês no próximo verão, enquanto espera a contratação de Mbappé ou Haaland em 2024. Foram 15 gols perdidos desde que começou a temporada, em 12 partidas pela Liga. Para continuar pensando na 15ª Champions é preciso encontrar um novo “nove” para dividir espaço com Vinicius Jr e Valverde, que tem sido mais escalado pela direita, no falso 4-3-3 para 4-4-2, com Camavinga, Kroos e Modric pelo meio. Benzema perdeu 13 partidas por conta de 8 lesões diferentes. Os números são contra Karim que marcou 34 gols e deu 13 assistências na temporada passada comparando com atuais 19 gols e cinco passes, queda brutal de rendimento.

Seu contrato termina em junho e será feita proposta – com redução de salários – para mais uma temporada. Ele vai decidir seu destino, se nada mudar até lá.

IATA ANDERSON – Jornalista profissional, titular da coluna “Tribuna dos Esportes”. Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como as Organizações Globo, TV Manchete e Tupi; Atuou em três Copas do Mundo, um Mundial de Clubes, duas Olimpíadas e todos os Campeonatos Brasileiros, desde 1971.

Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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