Redação

Vinte alunas foram ouvidas até o momento pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) na investigação sobre o uso de inteligência artificial para produção de falsas fotos de nudes.

Essas meninas tiveram montagens de imagens suas exibidas em grupos de mensagens. Já foi identificada pela polícia parte dos alunos suspeitos. Eles deverão ser ouvidos a partir de quarta-feira (8).

Só nesta segunda-feira (6), 5 alunas, acompanhadas dos responsáveis, prestaram depoimento. A maioria delas estuda no Colégio Santo Agostinho, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste. O diretor da escola deverá ser ouvido nessa terça-feira (7).

Se confirmada a autoria do ato infracional, os alunos suspeitos responderão como menores infratores por crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e podem receber uma medida socioeducativa, ficando até 3 anos em alguma unidade de socioeducação e privados da liberdade.

Um dos atos praticados pelo grupo que criou a montagem está descrito no Art. 241C do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA):

“Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual.”

A delegacia estuda pedir o apoio da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI).

Um grupo de responsáveis e ex-alunos do Colégio Santo Agostinho  quer a expulsão dos adolescentes suspeitos.

Revoltados com a situação, eles cobraram um posicionamento da direção da escola e ameaçam retirar seus filhos da unidade.

“Estudei aqui e amava. Mas se eles não fizerem nada, vou ter que tirar minha filha. O que aconteceu foi muito grave e não vou me sentir segura de deixar ela aqui. Hoje foi com essas meninas, amanhã pode ser com minha filha, não posso correr esse risco”, desabafou uma mulher, que preferiu não se identificar.

Nas redes sociais do colégio, alunos seguiram com os questionamentos sobre a punição que será aplicada aos estudantes suspeitos.

“Sei que não é culpa do colégio o que um aluno faz isoladamente, mas é responsabilidade do colégio responder de acordo e proteger seus alunos. Certamente vocês não vão manter na escola alunos que cometeram um crime contra outros alunos, né?”, questionou uma ex-aluna.

Alguns responsáveis dizem que a sensação é que a escola está tentando abafar o caso internamente. Eles reclamam que, além da nota oficial, toda informação que receberam foi através da mídia e grupos de WhatsApp, o que aumenta as especulações.

“Minha dúvida é o que a escola vai fazer em relação a isso. Porque o mínimo que deveriam é expulsar esses alunos. A escola não tem culpa de ter acontecido aqui, mas vai ter culpa se não punir quem teve responsabilidade”, disse uma mãe, que aguardava sua filha no portão do colégio.

“A gente não sabe nem o que aconteceu com esses alunos. Hoje teve aula, será que eles foram suspensos ou estavam na sala de aula junto com as vítimas? Não sei, a escola não passa nenhuma informação para os responsáveis”, disse outro responsável.

Alguns responsáveis lamentaram que o fato tenha ocorrido com alunos da unidade. Eles lembraram que a escola faz ações de conscientização sobre o uso seguro das redes sociais. Essa medida, no entanto, não é considerada suficiente para algumas pessoas.

“Como ex-aluno e pai de uma aluna espero somente a expulsão sumária daqueles que criaram as fotos e no mínimo a suspensão daqueles que foram multiplicadores. Chega de palestrinha preventiva. Isso não funcionou. A punição deve ser severa e o colégio tem o dever de agir com o máximo rigor. Não vamos deixar passar isso em branco”, afirmou outro responsável.

Pelo menos 20 adolescentes tiveram imagens adulteradas com uso de inteligência artificial. Segundo informações preliminares, alunos do Colégio Santo Agostinho da Barra da Tijuca são suspeitos de usar fotos que haviam sido postadas nas redes sociais das vítimas para criar montagens com elas nuas, e depois compartilharam em grupos de WhatsApp.

A Polícia Civil abriu inquérito após responsáveis das estudantes procuraram a 16ª DP (Barra da Tijuca) e a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), que investiga o caso.

Em nota endereçada a pais e responsáveis, a direção do Colégio Santo Agostinho classificou o fato como “lamentável” e disse que serão “tomadas as medidas disciplinares aplicadas aos fatos cometidos.”

*Com informações do g1.

Fonte: Agenda do Poder

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