Por Miranda Sá –
“Rir é o melhor remédio” (Seleções de Reader’s Digest)
Em meio à calamidade trazida pela pandemia do novo coronavírus, em contradição aos lamentos lutuosos, surgem piadas divertidas – principalmente de humoristas e cartunistas – que desanuviam a dor e as preocupações.
As anedotas proliferam nas redes sociais, somando-se aos postadores negativistas do bando de Bolsonaro, que em si são piadas humanas (ou desumanas) pela condenação da Ciência e o cego fanatismo pela insana postura do Chefe.
Motivo de riso entre o episcopado católico corre a história da visita de um piedoso bispo do interior mineiro a uma clínica psiquiátrica, e lá ouviu de um asilado o pedido para intervir na sua internação, “feita por uma filha e um genro para apossar-se dos seus bens”. Sua Eminência se convenceu da argumentação e prometeu se interessar pelo caso.
“Volto na próxima 2ª-feira, trazendo a resenha que vai tirar-lhe daqui”, disse o Bispo, ao que ouviu uma surpreendente intervenção do paciente: – “Não, Eminência, na 2ª-feira, não, porque sou o presidente Bolsonaro e na 2ª-feira terei reunião do Comitê da Crise”….
Houve uma época que não havia o politicamente correto e as piadas de loucos foram moda. Lembro de uma em que dois alienados foram ajudar na pintura do hospício e um deles trepado numa escada pintava uma parede e pediu ao outro que guardasse a escada. – “Como? Se eu tirar a escada, você cai…” disse o auxiliar; que ouviu do colega: – “Que nada, eu me apoio no pincel preso à parede! ”.
… E tem a historieta da entrevista de um psiquiatra com um maníaco depressivo visando dar-lhe alta. Testando o paciente, disse: – “Lá fora você tem um bom dinheiro na sua conta bancária, e o que fará com ele? ”. O asilado respondeu sem pestanejar: – “Vou comprar um envelope com selos do Quirguistão”. – “O quê?”, retrucou o médico, em qualquer Filatelia esses selos custam baratíssimos…”
O paciente, colecionador de selos, então perguntou: – “Meu dinheiro dá para comprar um avião? ”; – “Dá, sim”, disse o doutor: – “… E por que você quer um avião? ”. Sem titubear o entrevistado revelou: – “Eu iria para Bishkek, capital do Quirguistão, e comprarei selos lá no Correio…”.
Outro dia, numa dessas rádios religiosas que grassam no Rio de Janeiro, um repórter de rua, que intervém no noticiário da manhã, trouxe uma notícia fúnebre; – “Na Praça Seca, encontraram o cadáver de um homem morto nesta madrugada…”
Na sua viagem à China o genial humorista Henfil descobriu que o budismo precedeu o nazismo no uso da cruz gamada. Encontrou desenhada num templo antigo, da dinastia Sung, ostentando uma suástica na porta de entrada; contando esta observação a um amigo, ele perguntou: – “E daí? ”. Henfil respondeu: “Conclui que Hitler era budista! ”….
Um querido amigo norte-rio-grandense, o poeta, escritor e pesquisador do folclore, Celso da Silveira, que já se foi, trouxe uma pilhéria intitulada “Susto”, no seu livro “Tempo de Rir”, contando que um advogado de Natal, dado a umas carraspanas chegou certa vez em casa, de madrugada, “mais prá lá do que prá cá”, e quando a empregada abriu a porta, passou a mão na bunda da mulher, pensando que era a esposa.
A mulher se recusou, batendo-lhe fortemente na mão, o que lhe fez ver o erro cometido e estudou uma desculpa. No dia seguinte, bate à porta o marido da empregada e manda chama-lo; ele se achegou morrendo de medo, e ouviu do homem: – “Patrão, a sua mulher me contratou para pintar a casa e venho lhe pedir que compre as tintas ainda hoje…” O Advogado aliviado, nem titubeou: – “Espere”; saiu e voltou trazendo dois mil reais e disse: – Tome, compre-as e fique com o troco…”
Como se vê, mesmo sofridos pela doença e pelas mortes, há sempre uma nesga de esperança, trazendo motivos para rir. Comentei com a minha irmã Lúcia sobre a tragicômica existência dessas chacotas e ela contou-me que uma amiga anda tão desesperada com a situação do Brasil que revelou a vontade de procurar uma clínica psiquiátrica e pedir para ser internada:
“É melhor conviver com os doidos de verdade do que estes doidos fakes que estão governando o Brasil! ”
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e membro do Conselho Editorial do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo.
MAZOLA
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