Por José Carlos de Assis

As últimas pesquisas de opinião indicam que Jair Bolsonaro ainda goza de aprovação de ampla maioria na opinião pública. Não é surpresa. Pesquisa de opinião revela o analfabetismo político da massa da população. E a massa é o pior avaliador do desempenho de um político, seja no governo, seja na oposição, porque não tem informação suficiente, quando essa informação é solapada pelos principais meios de comunicação social.

O Presidente aparece bem nas pesquisas porque tem sido naturalizado pela imprensa na sua indiferença em relação a questões cruciais como omissão em torno de uma política de desenvolvimento e de emprego, de incêndios na Amazônia, de derrame de óleo em nossas praias, e de crime contra a humanidade, e contra o isolamento na guerra contra o colonavírus. Quando se contam também os crimes de Paulo Guedes, surge a necessidade de limpeza de todas as instituições para que se criem instituições verdadeiramente democráticas no país.

Entretanto, que não sejamos “enrolados” pela demagogia da democracia barata. Os gigantescos problemas sociais, políticos e econômicos que o Brasil precisa enfrentar não se resolvem numa praça pública na base da chamada democracia direta. Não certamente na base do voto em auditórios e de pesquisas de opinião. A democracia verdadeira supõe informação. Sem informação não há possibilidade de escolha coerente. A alta popularidade de Bolsonaro é o reflexo da ignorância da maior parte da população em relação aos grandes temas brasileiros.

As massas precisam de emprego, precisam de desenvolvimento, precisam de maiores cuidados com o meio ambiente. Elas não terão isso na base de demagogia. Temos que qualificar nossa democracia nos termos propostos pela carta aos generais e seu anexo. É o que se propõe nesse abaixo assinado, para o qual pedimos o apoio preferencial de personalidades que tenham curso superior, embora isso não limite a adesão de outros que se acham em condições de dar uma opinião informada sobre os temas tratados. Cordialmente, JCA, pela Ação Nacional pela Justiça Social.


JOSÉ CARLOS DE ASSIS – Jornalista, economista, escritor, professor de Economia Política e doutor em Engenharia de Produção pela Coppe/UFRJ, autor de mais de 25 livros sobre Economia Política. Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Foi professor de Economia Internacional na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), é pioneiro no jornalismo investigativo brasileiro no período da ditadura militar de 1964. Autor do livro “A Chave do Tesouro, anatomia dos escândalos financeiros no Brasil: 1974/1983”, onde se revela diversos casos de corrupção. Caso Halles, Caso BUC (Banco União Comercial), Caso Econômico, Caso Eletrobrás, Caso UEB/Rio-Sul, Caso Lume, Caso Ipiranga, Caso Aurea, Caso Lutfalla (família de Paulo Maluf, marido de Sylvia Lutfalla Maluf), Caso Abdalla, Caso Atalla, Caso Delfin (Ronald Levinsohn), Caso TAA. Cada caso é um capítulo do livro. Em 1983 o Prêmio Esso de Jornalismo contemplou as reportagens sobre o caso Delfin (BNH favorece a Delfin), do jornalista José Carlos de Assis, na categoria Reportagem, e sobre a Agropecuária Capemi (O Escândalo da Capemi), do jornalista Ayrton Baffa, na categoria Informação Econômica.