Por Karlos Holanda –

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) idoso é todo indivíduo com 60 anos ou mais.

Isso representa mais de 34 milhões de idosos no Brasil, correspondendo a 16,2 % de nossa população de acordo com a pesquisa mais recente Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD). Além disso em 34,5% dos domicílios brasileiros, vive ao menos um idoso.

O leitor já está ciente de que os idosos são considerados grupo de risco para contrair as formas graves da Covid-19, principalmente para aqueles com comorbidades como hipertensão arterial e diabetes. Além disso eles possuem o que chamamos de imunossupressão, ou seja, o sistema imunológico, que é responsável pela defesa do organismo é mais frágil, e isso ocorre naturalmente devido ao envelhecimento. É um mecanismo fisiológico, não sendo causado por nenhuma doença. Então podemos concluir que por conta dessa fragilidade os idosos possuem uma maior susceptibilidade natural às infecções de um modo geral, e suas consequências mais graves.

Mas como as comorbidades afetam a mortalidade de nossos idosos? Doenças crônicas como a obesidade, a diabetes, por exemplo são responsáveis por manter o corpo em um estado inflamatório crônico, o que possibilita uma resposta exacerbada de quadros inflamatórios/infecciosos como o da Covid-19.

Diante de tudo isso o isolamento social se tornou uma forma de sobrevivência para muitos de nossos idosos, porém não há como mascarar a realidade de nosso país, onde 18,5 % deles ainda precisa trabalhar para conseguir sobreviver, o que naturalmente impede que fiquem isolados, pela necessidade de sair de casa para exercer suas atividades laborativas. Mas será que o isolamento social consegue ser suficientemente eficaz para os nossos idosos? A resposta é NÃO, pois qualquer pessoa isolada pode ainda sofrer consequências caso as mesmas medidas de proteção não sejam tomadas por parte de seus familiares ou eventuais cuidadores que com eles convivem. Ou ainda, mesmo um idoso que viva sozinho, pode não ter a quem recorrer e invariavelmente acabar se expondo por falta de opção e assistência. Isso é uma triste realidade no Brasil e em muitos países pelo mundo.

Outro aspecto importante a ser destacado são as doenças psiquiátricas.

A depressão por exemplo tem alta prevalência em idosos, e aumentou muito com o isolamento, devido a falta de contato com o mundo exterior. Além disso, a falta da prática de atividades físicas leva a piora de muitas doenças, como as cardiovasculares e a Sarcopenia. Caracterizada pela perda da massa e força muscular, a sarcopenia consequentemente conduz à perda da autonomia, pois eleva o risco de quedas e fraturas e dependência para realização de suas atividades diárias, o que acaba por elevar também o risco de morte.

Agora nosso leitor deve se perguntar? Então o melhor seria acabar com o isolamento deles? Não, pois infelizmente os riscos relacionados a Covid-19 são muito grandes, e por isso deve ser mantido, porém há a necessidade de que alguns cuidados sejam tomados para proteger esse grupo social, Algumas medidas que podem ajudar a cuidar melhor de nossos idosos durante a pandemia e minimizar os riscos:

  • Manter interação com amigos e familiares por telefone ou pelo uso de tecnologias, quando isso for possível.
  • Incentivar a conversa.
  • Ter uma alimentação adequada, principalmente com a ingesta proteica adequada.
  • Praticar atividades físicas dentro de casa, para estimular a musculatura, evitando a perda excessiva dela.
  • Participarem da campanha de vacinação, lembrando que somente a vacina será capaz de trazer a normalidade a nossas vidas.
  • Serem levados para consultas médicas eletivas para acompanhamento de suas comorbidades.
  • Tomar banho de sol de 15 a 30 minutos diários, na varanda, janela ou jardim, mas sempre com o cuidado do distanciamento.
  • Quem mora ou precisa visitar um idoso, deve sempre, tirar os sapatos, lavar as mãos, e trocar de roupas sempre que chegar em casa, e quando possível tomar banho.

Por fim, quando não houver opção, os idosos ao saírem de casa devem respeitar todas as medidas preventivas, como distanciamento social, utilização de máscaras e higienização frequente das mãos com água e sabão ou álcool 70.

E lembre-se que nossos idosos não podem ser negligenciados, devemos amor a quem sempre cuidou de nós.

Dr. KARLOS GUDDE DE HOLANDA MOURA – Médico, titular desta “Tribuna da Saúde”, colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Residência Médica em Anestesiologia pelo Hospital Beneficência Portuguesa da São Paulo; Pós-graduado em Laser, Cosmiatria e Procedimentos pela FATESA de Ribeirão Preto; Pós-graduando em Nutrologia pela USP de Ribeirão Preto; Professor da Pós-Graduação de Laser, Cosmiatria e Procedimentos na FATESA de Ribeirão Preto. @dr.karlosholanda


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