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OPINIÃO – Fake News: Manipulação e Falsificação da História
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OPINIÃO – Fake News: Manipulação e Falsificação da História

Por Marcus Ferreira –

Em resposta ao artigo do jornalista Pedro do Coutto: “OPINIÃO – Integralismo foi uma ponte que uniu o nazismo de Hitler aos extremistas da direita“.

A palavra chave que salva o texto de se enquadrar em uma “Fake News” é “OPINIÃO”. Pois então o autor se isenta de ter passado uma “Fake News”, mas o condena a ter disseminado uma “opinião” abalisada em poucos dados reais, portanto, não contendo muita informação que se aproveite para o leitor. Nem a Wikipedia foi consultada!

Vamos consertar o texto:

Onde se lê: “Integralismo foi uma ponte que uniu o nazismo de Hitler aos extremistas da direita”, um autor que conheça o tema teria dito, “Integralismo foi um muro que separou o nazismo de Hitler dos simpatizantes dos movimentos nacionalistas de então”.

Falta sequer ao autor saber que o Partido Nazista do Brasil só aceitava nascidos na Alemanha. Nem seus filhos nascidos no Brasil, poderiam ser membros do partido. O integralismo atraiu para um patriotismo, descendentes de alemães e italianos, justamente o contrário do que o autor quer fazer acreditar. Isso é consenso historiográfico. Não há mais dúvidas quanto a isto entre pesquisadores (mesmo os marxistas) do tema.

“O Integralismo (…) que na realidade terminou em 1938”.

Se procurar no Google vai achar integralistas até os dias de hoje. Ou é só ir direto no site: www.integralismo.org.br
Esta frase é tão infeliz, que no mesmo texto o autor se contradiz.

“frustrado ataque ao Palácio Guanabara com objetivo de matar o presidente Getúlio Vargas”.

Sim, o ataque foi frustrado. Quem tinha como objetivo matar o Ditador era Severo Fournier, que não era integralista, mas um militar que odiava Vargas. E o ataque foi frustrado porque as tropas militares que Fournier havia prometido aos integralistas não apareceram. O plano de ataque ao Guanabara, feito em papel pelo General Euclides Figueiredo, aliado de Fournier, não integralista, nos parece que era somente para iludir os integralistas, pois não passava de uma fantasia.

“Os nazistas usavam camisas negras com a suástica nas mangas e sua saudação era “Heil, Hitler!”. O integralismo de Plínio Salgado ostentava camisas verdes e um sigma nas mangas. Sua saudação de braço levantado, como os nazistas, era a palavra “Anauê” da cultura indígena”.

Descobriu a pólvora, mas ela não acende! Só a elite nazista (Waffen SS) usava camisas negras. Os fascistas italianos é que usavam. Os nazistas usavam uniforme marrom ou cinza. Grande coisa. Os nazistas usavam cuecas. Qualquer homem também. O uniforme era uma forma de propaganda, já usada pelos escoteiros, e sim… padrão nos movimentos nacionalistas de então. Era o que havia de mais moderno em efeitos propagandísticos e não significa nem de perto que a doutrina que professavam fosse igual. Falta compreender o uso de exterioridades, e noções básicas de suas interioridades. O uso do uniforme pelos integralistas foi usado para atrair a atenção em uma época em que não havia propaganda visual melhor. E foi usado somente até 1938, posteriormente apenas em eventos especiais. Se esta é toda correlação que é necessária para os leitores do jornal aceitarem o título do texto, então toda esta correção é à toa para eles. Não se trata portanto de jornalismo, mas de propaganda.

“Em novembro de 1937 Goebbels enviou mensagem a Vargas, já então ditador, congratulando-se com a decretação do Estado Novo dia 10 de novembro, quando fechou o Congresso e passou a governar por Decretos-Lei. A tortura passou a ser praticada. Getúlio Vargas não respondeu a Goebbels, mas se comprometeu com Plínio Salgado a nomeá-lo Ministro da Educação. Plínio Salgado programou um desfile de integralistas na Rua Pinheiro Machado, passando em frente ao Palácio Guanabara. Além de sede do governo, residência da família Vargas”.

Que confusão imensa. Eu riscaria tudo e daria “zero”. Em 1º de novembro de 1937 foi a marcha do Integralismo. A proposta de cargo para Plínio Salgado foi depois disto, e foi por ele mesmo negada, por não concordar com a Constituição escrita pelo Ministro da Justiça de Vargas. O que isto tem haver com a tal carta de Goebbels?

“A tortura passou a ser praticada”.

Então era contra justamente isto que o Integralismo tentou derrubar, com a ajuda de liberais, a ditadura de Vargas. E integralistas foram presos e torturados por isto.

“Logo após o desfile. Vargas determinou ao temível chefe de polícia Filinto Muller que iniciasse a prisão dos principais líderes da ação integralista, pois o serviço secreto identificara vários nomes.”

Nem de perto isto é verdade. A perseguição foi somente após o cerco a Vargas em 11 de maio.

“Acontece que Júlio Nascimento foi envolvido pelo medo e não apareceu para comandar a guarda”.

Ele esteve lá a noite inteira. Pesquise antes de falar bobagem.

“Plínio Salgado conseguiu chegar a uma corveta portuguesa ancorada na Baia de Guanabara. O governo de Portugal lhe concedeu asilo. Depois da anistia de abril de 45, Plínio Salgado criou o Partido de Representação Popular e foi eleito deputado federal”.

(…) Outra informação. Plínio Salgado concorreu a presidência da República nas eleições de 1955. Teve 10% dos votos”.

Plínio Salgado foi exilado bem depois… não fez nenhum sentido este parágrafo.,. mas, ué, se ele criou o partido em 1945, e concorreu a eleição em 1955, como falou que o integralismo acabou? Por sinal, ele só teve 8,28% dos votos válidos… esta é fácil, está na Wikipedia.

É justamente contra este tipo de desinformação boçal que o Legislativo está se levantando agora no Brasil.

Mas será que vai ser toda bobagem escrita declarada como “Fake News” e criminalizada? Ou só a bobagem de alguns?


*Marcus Ferreira é professor e historiador, autor do livro: “O Integralismo na cidade de Matão” / Texto enviado por Eduardo Banks – Rio de Janeiro (RJ)

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