Por Emanuel Cancella –
Veja esta denúncia da Maria Lucia Fattorelli da Auditoria Cidadã da Dívida: o estado de calamidade pública, provocado pela pandemia do coronavírus, foi reconhecido pelo Congresso Nacional no dia 20/03/2020, sexta-feira, em sua primeira sessão virtual.
No primeiro dia útil seguinte, dia 23/03/2020, segunda-feira pela manhã, em videoconferência, o presidente do Banco Central anunciava um pacote de ajuda aos bancos de R$1,2 trilhão!
A justificativa para esse pacote foi o aumento da liquidez dos bancos, ou seja, o aumento do volume de dinheiro disponível nos bancos, a fim de facilitar a concessão de empréstimos a juros baixos para as empresas, para que estas mantivessem empregos e prosseguissem com o pagamento de suas obrigações durante a pandemia.
Vejam bem: no dia 23/março/2020, os bancos receberam R$1,2 trilhão e não cumpriram o combinado! As empresas – principalmente as pequenas e médias, que são justamente as que mais geram empregos no Brasil – estão tendo que demitir ou até fechar o negócio (1).
Segundo o próprio ministro Paulo Guedes, o dinheiro ficou “empoçado” nos bancos.
E vocês sabem o que acontece com esse dinheiro “empoçado” no caixa dos bancos?
Pois é, o Banco Central o remunera diariamente!
No Brasil, na época da inflação alta, tinha uma aplicação financeira facultativa a todos os brasileiros denominada overnight, onde o dinheiro era remunerado à noite ou todo dia. Depois, com o Plano Real, acabou a hiperinflação e foi o fim do overnight.
Pasmem! Na verdade, essa remuneração diária acabou para o contribuinte de uma forma geral, mas não para os bancos, pois continuam a dormir com um saldo na conta e acordam com o valor acrescido de uma taxa.
E o mais grave é que os bancos faturam no overnight com o dinheiro público de R$ 1.2 TRI que receberam para emprestar para salvar as empresas na pandemia (1).
Todo mundo está falando no dinheiro na cueca, os R$ 33 mil do senador Chico do DEM/RR, mas não há comprovação de que o dinheiro tenha sido produto de crime. Claro que, ao final da investigação, se ficar comprovado que o dinheiro é de origem ilícita então o senador deverá ser condenado (2). Entretanto, na verdade, o senador já foi julgado e condenado sem direito de defesa, na mídia, e virou piada nacional.
E esses R$ 1.2 TRI dos bancos, que dão cria toda noite, são muito mais sujos que o dinheiro na cueca e a mídia finge que não sabe!
EMANUEL CANCELLA – Advogado (OAB/RJ 75.300), ex-presidente do Sindipetro-RJ, fundador e ex-diretor do Comando Nacional dos Petroleiros, da FUP e fundador e coordenador da FNP , ex-diretor Sindical e Nacional do Dieese.
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