Por Alcyr Cavalcanti

Baile do Havaí, uma loucura tropical.

Durante vários anos, desde 1965, o mais concorrido baile pré-carnavalesco  era o “Baile do Havaí”, no Iate Clube em Botafogo. Os convites eram muito disputados para uma festa em volta da piscina do clube com bela decoração temática que fazia sentir um ambiente das belas praias havaianas. Alta sociedade comparecia em trajes típicos, sarongue, colares, camisas coloridas, flores como decoração e muitas frutas deixavam todos sentirem a magia havaiana. Credencias e convites eram limitados, eu trabalhava no Globo, que decidiu não fazer a cobertura do baile, estávamos nos anos oitenta e iriam dar somente uma nota. Resolvi aventurar, saí do jornal na Rua Irineu Marinho após cumprir horário e fui com meu grande amigo Gilson Barreto dar uma olhada na entrada do baile.

O casal 20 do Carnaval carioca Fernando Reski e Marta Anderson e a musa de Di Cavalcanti, Marina Montini. (Divulgação)

Por uma das cismas do destino, minha grande amiga Cristina Rego Monteiro, hoje professora universitária que trabalhava na TV Bandeirantes estava com sua equipe fazendo a cobertura. Quando me viu perguntou se tínhamos credenciais, disse que não. Ela prontamente falou, Alcyr vem conosco, vocês entram como se fossem da equipe. E assim foi feito.

O Baile à beira da piscina tinha como objetivo dar um clima da Polinésia e mantinha uma tradição, muitos se atiravam na piscina próximo ao final da festa.

Piscina do Iate Clube do Rio de Janeiro, bairro da Urca

A batucada seguia animada, a imprensa tinha uma farta mesa de comes e bebes, embora a tentação fosse muito grande tinha tido anos atrás quando estava à serviço da Última Hora um episódio nada agradável e procurei me controlar. Como estava com equipamento procurei ficar de olhos bem abertos, atento a tudo. Gilson, no entanto entrou no clima, animado por copos e mais copos de cerveja e estava muito perto da piscina quando jogaram um jovem radialista dentro d’água e se não fosse o colunista do Globo, o querido Carlos Leonam, Gilson seria o próximo alvo. Igual sorte não teve o fotógrafo da Revista Manchete Masaomi Mochizuki que carregado de equipamento quase se afogou, para delírio do populacho, já devidamente alcoolizado urrava de prazer. Mas o ponto final da brincadeira de péssimo gosto acabava quando empurravam para as águas nada havaianas, imunda, coberta de uma série de objetos de todos os tipos o soberano da Folia, o Rei Momo totalmente destronado e destroçado. A pura alegria do carnaval já havia se transformado em uma bagunça generalizada.

Assim terminava a festa com um registro grotesco eternizado pelas objetivas de minha possante Nikon.

ALCYR CAVALCANTI – Jornalista profissional e repórter fotográfico, trabalhou nos principais jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo e em agências de notícias internacionais. Bacharel em Filosofia pela Universidade do Estado da Guanabara (atual UERJ) e mestre em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Professor universitário, ex-presidente da ARFOC, ex-secretário da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre.


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