Por Indianarae Siqueira –

Nas redes sociais o ódio contra LGBTQIA+ tem aumentado muito.

Os conservadores LGBTIfobicos destilam tanto ódio contra pessoas LGBTQIA+ que para respondê-los precisamos nos colocar no mesmo nível para que eles entendam e isso quer dizer de maneira mal educada sem me preocupar com essa questão. É muito ódio que chega. E acontece também das pessoas enviarem mensagens de ódio e automaticamente pra não receberem respostas elas bloqueiam.

Teve uma no facebook que ela perguntou: “Já mandaram você se foder hoje?”. E a minha resposta pra ela foi: “Olha , inclusive esse é o meu trabalho… FODER (afinal sou pute e paga pra me foderem). Então, você não está me ofendendo em nada falando dessa maneira”. Mas, tem muitos ataques, ameaças, inclusive de morte que a gente entende aquelas embutidas nas sublinhas.

Então, é bem complicado, mas a gente vai sobrevivendo tendo que aprender a lidar com isso senão o teu psicológico é detonado, se você absorver aquele ódio todo pois já absorve o ódio todo da sociedade fisicamente, e se a pessoa absorver todo aquele ódio das redes sociais a pessoa pira. Nesse sentido a justiça decidiu aumentar as multas pras pessoas que postam mensagens de ódio pra propagar lgbtifobia contra a comunidade lgbtia+. O que eu acredito ser importante lembrando que esse ódio propagado tem sido a causa de suicidio entre jovens lgbtia+ mundo afora. E precisamos falar disso ainda mais que estamos terminando o setembro amarelo.

Então apesar de achar necessário as leis que criminalizam esse ódio todo , também acredito que essas medidas punitivistas que criminalizam a questão precisam virem acompanhadas de alguma lei que proponha o debate nas escolas desde o ensino fundamental até as universidades. Pois se a criminalização leva a um aprendizado de maneira dura, por outro lado gera mais ódio e ao encarceramento contra o qual lutamos. É necessário 10 anos para ensinar uma sociedade durante os primeiros 10 anos de formação da infância e adolescência onde nos próximos ao atingirem a fase adulta dos 20 anos o aprendizado é colocado em prática.

Ou seja: São necessários ao menos 20 anos para se mudar e formar a mentalidade de uma nova geração para uma sociedade mais inclusiva que respeite sua diversidade.

No Brasil infelizmente estamos tendo um retrocesso nesse sentido. Já perdemos muito tempo não implementando uma educação inclusiva anti-racista, anti-machista, anti-lgbtifobica, anti-aporofobica entre essas e outras opressões dessa sociedade que tanto oprimem comunidades que acabam sendo vulnerabilizadas por essas opressões. É inconcebível que nesse momento de pandemia parlamentares vereadores se reúnem em Uberlândia -MG em um Fórum de Conservadores e ataquem a comunidade LGBTQIA+ pois querem ter o direito de propagar o ódio.

E isso vem acontecendo em vários lugares do Brasil onde parlamentares ao invés de se preocuparem em aprovar leis que nesse momento de pandemia deem direito as pessoas a terem acesso a comida, moradia ,vacina com uma saúde pública de qualidade ,esses parlamentares estejam gastando dinheiro público para promover fóruns onde debatem a retirada de direitos de uma comunidade específica (LGBTI+), ou gastem dinheiro e tempo de seus mandatos promovendo a discussão pra votarem PLs que retiram ou negam direitos a comunidades vulneráveis (LGBTQIA+, mulheres, indígenas, pretes entre outras).

É necessário que paremos essa onda reacionária e retrógrada que estamos vivendo se não quisermos ver uma população jovem sendo encarcerada por crimes contra a comunidade LGBTIA+ onde por falta de leis que eduquem estão sendo aprovadas leis que criminalizam. É uma situação muito complicada a que vivemos atualmente.

NOSSA LUTA DEVE SER TODO DIA CONTRA O RACISMO, MACHISMO, ALGBTIFOBIA, PUTOFOBIA, GERONTOFOBIA, ETARISMO, APOROFOBIA, PSICOFOBIA, AIDSFOBIA, SOROFOBIA DESSA SOCIEDADE QUE TRAZ NAS SUAS ESTRUTURAS TANTAS OPRESSÕES.

LUTEMOS PELA LIBERDADE, PELO AMOR, PELA IGUALDADE E EQUIDADE PARA TORNAR ESSA SOCIEDADE INCLUSIVA E JUSTA PARA TODES.

INDIANARAE SIQUEIRA – TransVestiAgenere, pute, ateie, vegane, presidente do Grupo Transrevolução-RJ, da REBRACA LGBTIA+, coordenadora do PreparaNem, Casa Nem Abrigo LGBTIA+, Rede Brasileira de Prostitutas, Fórum TT RJ e Coletivo Davida.

SIRO DARLAN – Editor e Diretor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Coordenador Rio da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.


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