Por José Carlos de Assis

Estamos vivenciando uma experiência de ataque em larga escala por vírus que se revela não inteiramente natural. Há elementos metafísicos nesse processo, a saber, a intervenção de forças sobrenaturais que tomaram o comando de uma situação por enquanto fora do controle humano. É importante entender o que está acontecendo. A religião vulgar e o ateísmo puro e simples não dão conta dos fenômenos em curso. Também não é uma questão de rezar para fazer a pandemia sumir. A questão se resume a agir no plano humano.

Essa pandemia é uma defesa da Terra contra aqueles que ameaçam destruí-la. São forças de várias naturezas. Poluição, aquecimento global, armas nucleares e outras armas de destruição em massa, excesso de lixo nos mares, destruição de florestas. Tudo isso ameaça o equilíbrio natural da Terra. Tudo ficou fora do controle humano em sua competição pela acumulação de riqueza. A exploração dos pobres faz parte de um processo que acentua o desequilíbrio e os torna vítimas indefesas do que se revela a verdadeira pandemia.

O roteiro da doença é o roteiro da poluição em larga escala. Wuhan, Milão, Madri, Nova Iorque, São Paulo, em escalas diferentes, sofrem, como grandes poluidoras, o ataque do vírus. Os cientistas procuram as causas da pandemia e a resposta é óbvia: poluição, lixo. Quando os níveis da poluição baixam, como na Itália, a intensidade do vírus baixa. Essa é a relação entre confinamento e redução da infecção, na medida em que a atividade produtiva baixa e os níveis de poluição caem.

O que fará a mãe Terra nos próximos meses e anos? O nível de infecção cairá em razão de fatores naturais. Mas quanto aos fatores sobrenaturais? Voltaremos aos níveis absurdos de poluição e de ameaça nuclear e armamentista? Se isso acontecer é certo que a mãe Terra atuará em favor de uma nova pandemia saneadora. Se não optar pela morte, o homem terá de buscar uma afirmação de vida que preserve as condições do equilíbrio mínimo da natureza, conciliando produção e distribuição de renda e riqueza.

Podem achar esse discurso monótono e de fundo religioso. Entretanto, não sou religioso. Sou metafísico. Anos atrás escrevi “A Razão de Deus”, sustentando a existência de um Criador natural que brinca com os homens recorrendo a probabilidade. É o conceito oposto ao de Einstein, segundo o qual Deus não joga dados. Para mim, sendo o Criador da diversidade, ele não pode atuar de forma determinística, mas probabilística. Do contrário, claro, não haveria diversidade da Criação.

Esse Criador, na minha concepção metafísica, não interfere na Criação, exceto em situações de crise aguda nas quais ela corre o risco de desaparecer ou de ser grandemente afetada. Aí surge o Avatar, na concepção indiana. E esta é justamente a situação em que estamos. O Criador usa o coronavírus para regular o equilíbrio na Terra. Do ponto de vista individual, causa grandes dores, mortes, sofrimentos. Do ponto de vista coletivo, é uma ação benéfica de forma a preservar a essência da vida e controlar os excessos cometidos pela humanidade na Terra e na sua biosfera, agora também militarizada por Trump, numa ambição desenfreada na busca de riqueza e poder.


JOSÉ CARLOS DE ASSIS  é jornalista, economista, escritor e doutor em Engenharia de Produção pela Coppe/UFRJ, autor de mais de 20 livros sobre economia política. Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Foi professor de Economia Internacional na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), é pioneiro no jornalismo investigativo brasileiro no período da ditadura militar de 1964. Autor do livro “A Chave do Tesouro, anatomia dos escândalos financeiros no Brasil: 1974/1983”, onde se revela diversos casos de corrupção. Caso Halles, Caso BUC (Banco União Comercial), Caso Econômico, Caso Eletrobrás, Caso UEB/Rio-Sul, Caso Lume, Caso Ipiranga, Caso Aurea, Caso Lutfalla (família de Paulo Maluf, marido de Sylvia Lutfalla Maluf), Caso Abdalla, Caso Atalla, Caso Delfin (Ronald Levinsohn), Caso TAA. Cada caso é um capítulo do livro. Em 1983 o Prêmio Esso de Jornalismo contemplou as reportagens sobre o caso Delfin (BNH favorece a Delfin), do jornalista José Carlos de Assis, na categoria Reportagem, e sobre a Agropecuária Capemi (O Escândalo da Capemi), do jornalista Ayrton Baffa, na categoria Informação Econômica.