Por Carlos Newton –

As recentes declarações da ex-ministra Damares Alves, formada em Direito e em Pedagogia, que trabalhou por mais de 20 anos no Congresso Nacional, revelam que no Brasil muito se fala sobre fascismo e nazismo, mas quase sempre de forma incoerente e destrambelhada, a pouco de se dizer que o nazismo era de esquerda e Hitler seria comunista. Disparates deste tipo foram espalhados no início do governo Bolsonaro, sob as bênçãos do guru virginiano Olavo de Carvalho.

A propósito, resolvemos publicar este pequeno e bem estruturado texto que nos foi enviado pelo sempre atento e erudito comentarista José Vidal, que o extraiu do excelente site “The Political Compass”, uma organização internacional que debate temas políticos, econômicos, sociais e filosóficos.

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NAZISMO, FASCISMO E CORPORATIVISMO
The Political Compass

Alguns confundem o nazismo, uma plataforma partidária, com o fascismo, que é uma estrutura particular de governo. O fascismo legalmente sanciona a perseguição de um determinado grupo dentro do país – político, étnico, religioso – qualquer que seja. Assim, dentro do nazismo há elementos do fascismo, assim como militarismo, capitalismo, socialismo etc.

Pichar todos os socialistas com o pincel nacional-socialista é tão absurdo quanto citar Bill Gates e Augusto Pinochet ao mesmo tempo como exemplos de capitalismo de livre mercado.

HITLER E STALIN – Economicamente, Hitler estava bem à direita de Stalin. As investigações do pós-guerra levaram a uma série de revelações sobre o relacionamento amigável entre as corporações alemãs e o Reich. Nenhum desses escândalos veio à tona posteriormente na Rússia, porque Stalin havia esmagado totalmente o setor privado.

Em contraste, uma vez no poder, os nazistas conseguiram o rearmamento por meio de gastos deficitários. Um de nossos entrevistados apontou corretamente que eles desencorajaram ativamente os aumentos de demanda porque queriam investimento em infraestrutura.

Sob o Reich, as corporações foram largamente deixadas para governar a si mesmas, com o incentivo de que, se mantivessem os preços sob controle, seriam recompensadas com contratos governamentais. Dificilmente seria uma agenda econômica socialista!

GOLPE NOS EUA – Mas os laços corporativos nazistas se estendiam muito além da Alemanha. É um fato extraordinariamente pouco conhecido que em 1933 uma cabala de financistas e industriais de Wall Street planejou um golpe armado contra o presidente Roosevelt e a forma constitucional de governo dos EUA. Os planejadores do golpe – todos eles profundamente hostis ao socialismo – eram partidários entusiasmados do nacional-socialismo alemão e do fascismo italiano.

Os detalhes do relatório do Congresso pouco divulgado sobre o golpe fracassado podem ser lidos em “1000 Americans: The Real Rulers of the USA” , de George Seldes.

CORPORATIVISMO -O fascismo, de acordo com o American Heritage Dictionary (1983) é um sistema de governo que exerce uma ditadura de extrema direita, tipicamente através da fusão de lideranças estatais e empresariais, juntamente com o nacionalismo beligerante.

A entrada do filósofo italiano Giovanni Gentile na Enciclopédia Italiana dizia: O fascismo deveria ser chamado mais apropriadamente de corporativismo porque é uma fusão do estado e do poder corporativo. Não menos autoridade em fascismo do que Mussolini, ficou tão satisfeito com essa definição que mais tarde reivindicou o crédito por ela.

https://www.politicalcompass.org/counterpoint-20201018-big-oil-climate-change?fbclid=IwAR192Fbe1OwwdpOFnyTtMkwMAkkvaj3ydKDoQIn4GqOeKsOuqU0Kyw6V-XY  

CARLOS NEWTON é jornalista, editor do blog Tribuna da Internet.

Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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