Por José Macedo

Após a leitura do livro, criei coragem para escrever sobre o assunto, objeto do título.

Bobbio era professor de filosofia do direito, escritor, historiador, senador vitalício italiano, formado em filosofia e direito.

Esse livro foi escrito na década de “90”. Teve sua importância com a derrocada da União soviética e de outros países governados pela esquerda socialista. Naquele momento, houve uma forte propaganda de que a esquerda teria acabado.

Bobbio deixou fundamentais ensinamentos sobre o tema título do livro.

Sua obra reverte-se de importância universal, no século XX, com a proclamada morte da esquerda anunciada pela direita.

Bobbio partiu para a proeminente distinção entre Esquerda e Direita. Naquele contexto, a direita investiu na despolitização e no discurso do conservadorismo. A direita, até aqui, tenta impor suas soluções técnicas, valorizando a racionalidade técnica, o uso de difícil compreensão de herméticos modelos matemáticos, que, somente, um grupo restrito compreendia. Norberto, um intelectual, mundialmente, conhecido, faleceu, em 09 de Janeiro de 2004, aos 94 anos.

Ele foi, reconhecimente, um dos maiores pensadores das últimas décadas ou, querendo, do breve século XX. Assim o reconheço, até porque guardo em minha estante seus livros como referência e consulta.

Assim é que quando converso sobre o tema, menciono o livro, “Esquerda e Direita”.

Nessa onda atual do conservadorismo, em que o Brasil e o resto do mundo vivem, é importante e atual retornar a esta leitura e discussão.

Lembremo-nos dos Boys da escola de Chicago, do Chile de Pinochet e agora, no Brasil, o Paulo Guedes, um banqueiro neoliberal, ministro do governo Bolsonaro.

A ultradireita monetarista e neoliberal professa e é adepta do Estado Mínimo e da privatização de quase todo patrimônio público.

A experiência chilena, na época Pinochet, traduziu-se em um tsunami, derreteu toda economia, sacrificou uma geração por inteira.

A igualdade é um dos critérios da distinção Esquerda e Direita.

Assim, diz Bobbio: “A direita faz um juízo negativo do ideal da igualdade, a esquerda faz um juízo positivo da igualdade social”.

Acrescento o que fortalece minha visão do tema, ensinamento do renomado mestre: “Enquanto existirem homens, cujo empenho político seja movido por um profundo sentimento de insatisfação, de indignação e de sofrimento perante as iniquidades das sociedades contemporâneas, mesmo que sejam atenuadas, haverá esquerda”.

Faço desse importante livro um estudo sobre liberdade, igualdade e democracia, o que é impossivel conciliação entre Esquerda e Direita, fenômenos históricos, que não podem ser colocados como inexistentes ou nos porões do esquecimento.

São duas concepções, reconhecidamente, distintas e presentes em qualquer análise séria.

O Estado Mínimo dogma do conservadorismo choca-se e repele os ideais positivos da igualdade e da solidariedade, ensina Bobbio.

Somos herdeiros do iluminismo, o que ignora a Direita, séculos XVII e XVIII.

O capitalismo com sua versão e viés do neoliberalismo é, obviamente, incompatível com os ideais da igualdade e da solidariedade, matriz das cíclicas crises e conflitos.

Escrevi sobre o tema, “Esquerda e Direita”, em diversos momentos, quando suscitado em debates, participando de reuniões, observando o modo superficial, como é analisado o assunto que, nunca, deixará de ser objeto de preocupação para estudiosos, por exemplo, sociólogos, políticos e economistas. Agora, o interesse vem à tona. Por que?

No caso concreto, o Brasil apresenta um momento de aguda crise e de elevada concentração de renda.

Estamos a a menos de uma semana, para o 02 de outubro, para as eleições.

O assunto teria de estar na mídia, nos debates entre candidatos, considerando a importância do tema.

No Brasil, 1% dos mais ricos controlam 49% da riqueza nacional.

A fome de 33 milhões de pessoas tem como matriz a elevada concentração de renda, produzindo mais desemprego, mais informalidade e carência alimentar de outros milhões.

Consequentemente, é imperativo lembrar: Onde se tentou aplicar a velha Teoria Econômica, viés neoliberal, os efeitos foram desastrosos para as famílias, gerando exércitos de famintos, de endividados, desempregados, desalentados e de miseráveis.

JOSÉ MACEDO – Advogado, economista, jornalista e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre.

Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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