Por Miranda Sá

Neste segundo milênio da era cristã, com o fervilhar de notáveis avanços científicos e surgimento de grandiosos aparatos tecnológicos, a nossa Pátria Mãe acolhe na Praça dos Três Poderes, em Brasília, ninhos de serpente.

Constatar isto nos indigna e revolta assistindo os monstruosos ofídios por ovos e ver o nascimento de serpentezinhas no ninho, unidas com peles serpentiformes avermelhadas e verdosas, se diferenciando somente pela cor.

A coloração diferente dá-lhes uma ajuda para atrair e conquistar a opção de inocular o veneno de fanatismo nos desavisados, propagando a toxidade polarizadora que provoca o ódio entre os que se enfrentam nos confrontos eleitorais.

Desenha-se assim a metafórica contenda dos extremismos populistas, bolsonarista e lulista, que serpenteiam no Planalto. Contra Bolsonaro e Lula não devemos arquivar perífrases nem usar reticências. É obrigatório denunciá-los e combatê-los porque já não há dúvida de que ambos ultrapassam os limites da exploração de ideologias deturpadas à direita e à esquerda.

Estes dois populistas rejeitam princípios éticos e morais e devem ser acusados para evitar que trapaceiem a massa que se deixa enganar cativada pelo colorido e musicalidade de promessas demagógicas nunca cumpridas.

É preciso acusá-los de manter a população na ignorância pelo desprezo à Educação que lhes ajuda a manobrar o País. É por isto que peço licença aos críticos de Leonel Brizola, para citá-lo quando disse que “a educação é o único caminho para emancipar o homem; desenvolvimento sem educação é criar riquezas apenas para alguns privilegiados”.

Também o tribuno baiano João Mangabeira nos legou uma louvável proposta, ao afirmar que “no dia que os filhos do pobre e do rico, do político e do cidadão, do empresário e do trabalhador, estudarem na mesma escola…. Neste dia, o Brasil será o país que queremos”.

Para que nenhum cretino de plantão resmungue que cito apenas opiniões do centro e da esquerda, declaro meu respeito à política educacional teorizada em 1974 pelos generais Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva, atendendo à aspiração de libertar o povo pela instrução.

Entretanto, para os populistas que se revezam no poder, a incultura lhes garante a permanência no abominável cenário político que atravessamos. Assim, o serpentário traz uma distorcida concepção de Democracia, chegando até adjetiva-la, como fez Lula concebendo a ditadura venezuelana como uma “democracia relativa’, e Bolsonaro articulando um golpe contra o Estado de Direito.

Há quem apoie tais disposições deles e há quem se cale diante disto. Felizmente surgem aqui e acolá protestos, mesmo longe de atacar estruturalmente o esquema populista; é plausível, porém, que muitos entendem que só se conquista a Democracia pelo seriado educativo da conscientização e da alforria intelectual.

Precisa-se para isto de uma reformulação científica nos currículos escolares, estimulando o alunato e qualificando os professores, remunerando-os com os padrões mundiais (em Singapura o piso equivale a R$16 mil). Sem que isto se faça, tudo continuará no mesmo ramerrão de uma política educacional de fachada.

No plano internacional, lembro Dwight D. Eisenhower, presidente dos Estados Unidos, quando, no fim do seu mandato fez uma autocrítica digna de citação, dizendo que um dos maiores erros e mais notáveis que cometeu, foi em não ter dado prioridade à Educação.

O herói da guerra contra o nazifascismo conscientizou-se de que somente com a Educação poderemos manter a Democracia e programar o desenvolvimento econômico. Tivemos também um presidente que se preocupou com isto, Epitácio Pessoa, semeador no seu governo de escolas públicas Brasil afora. Mais tarde, não custa louvar Darcy Ribeiro que revolucionou o Rio de Janeiro com os CIEPs.

Estas personalidades nos ensinaram a eliminar as serpentes da ignorância que se aninham ameaçadoras com 60% de analfabetos funcionais no País; e são aliadas dos populismos auto assumidos “de direita” e “de esquerda”.

Exterminá-las é uma prioridade fundamental; parece redundância, e se for, reforça a afirmação.

MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br

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