Redação

O advogado Frederick Wassef, que já representou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e um de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), foi denunciado hoje pelo MPF (Ministério Público Federal) sob suspeita de lavagem de dinheiro e peculato. A denúncia é um desdobramento da operação E$quema S, que apura desvios de entidades do Sistema S do Rio.

Além dele, outros quatro pessoas foram denunciadas: Orlando Diniz, o ex-presidente da Fecomércio-RJ; o empresário Marcelo Cazzo; e as advogadas Luiza Nagib Eluf e Marcia Carina Castelo Branco Zampiron. O grupo é acusado de crimes cometidos a partir do desvio de R$ 4,6 milhões das seções fluminenses do Sesc, Senac e da Fecomércio.

CONTRATOS FALSOS  – De acordo com os procuradores, os desvios ocorreram de dezembro de 2016 a maio de 2017 sob pretexto de prestação de serviços advocatícios à Fecomércio-RJ. No entanto, as investigações apontaram que o escopo contratual era falso, porque ou os serviços não foram prestados ou foram prestados no interesse exclusivo de Orlando Diniz para, por exemplo, perseguição de adversários pessoais.

“Os membros já denunciados da organização criminosa se valiam do uso de contratos falsos com escritórios dos réus ou de terceiros por eles indicados, em que serviços advocatícios declarados nos contratos não eram prestados, mas remunerados por elevados honorários”, informou o MPF.

Segundo os procuradores, os valores desviados eram públicos. “Os recursos dos Sescs e Senacs têm origem pública, pois a Receita Federal repassa de contribuições sobre folhas de pagamento de empresas comerciais para eles investirem na capacitação e bem-estar de comerciários”, diz comunicado do Ministério Público.

“EXEMPLO DE INTEGRIDADE” – Quando a operação foi deflagrada, no último dia 9, Wassef disse, em nota, que não tinha “nada a ver com nenhum esquema da Fecomercio”, entidade pela qual afirma nunca ter sido contratado. “Fui contratado por um renomado escritório de advocacia criminal de São Paulo que tem como dona uma conhecida procuradora do Ministério Público de São Paulo e que sua biografia é um exemplo de integridade, retidão e honestidade, além de ter dedicado sua vida no combate ao crime como atuante promotora e procuradora de justiça que foi”, escreveu o advogado.

Sobre o fato da investigação vir de uma delação de Orlando Diniz, Wassef disse que o ex-presidente da Fecomércio “está deliberadamente mentindo” ao seu respeito “a mando de advogados inescrupulosos que estão o usando como míssil teleguiado para o atingir, visando atender ao interesse de um outro cliente em comum.”


Fonte: Folha de SP