Redação

General Hamilton Mourão aceita posse de Lula e rejeita golpe, porque as consequências seriam “terríveis”.

O general da reserva, vice-presidente e senador eleito pelo Rio Grande do Sul, Hamilton Mourão, disse nessa quinta-feira (1/12) que as manifestações que defendem uma intervenção militar contra o resultado das eleições são legítimas. Ao mesmo tempo, ele acha que as consequências de uma ação para impedir a posse de Lula em 1º de janeiro seriam “terríveis”.

A entrevista foi feita pelo jornal “Gazeta do Sul”, por telefone. Para ele, Lula não poderia ter concorrido. “O principal vício ocorreu quando a Suprema Corte simplesmente anulou todos os processos aos quais o ex-presidente Lula foi submetido, julgado e condenado. É algo que, na minha visão, foi uma manobra jurídica que permitiu que o ex-presidente voltasse ao jogo”, disse Mourão.

HAVERIA SANÇÕES – Mas, segundo o vice-presidente, uma vez que Lula concorreu e venceu, não é possível alterar o cenário. Uma intervenção “redundaria em sanções contra o nosso país” e traria efeitos econômicos perversos, afirmou.

O senador eleito pelo Rio Grande do Sul questionou o resultado das eleições, acusando “falta de transparência” e reivindicando o voto impresso. Ele disse ainda que a diferença pequena de votos coloca Bolsonaro na posição de líder da oposição, e como um dos favoritos em 2026.

Sobre a transição presidencial, Mourão disse que o atual presidente “não irá passar a faixa e também não irá renunciar”. Segundo ele, a passagem de faixa é meramente simbólica e a recusa de Bolsonaro não afeta a transição de fato.

LIMITES DOS PODERES – O senador eleito negou que exista uma politização das Forças Armadas e disse que no Congresso estará junto daqueles que querem alterar a relação entre os três poderes da República.

Ao comentar os atritos com a Suprema Corte, entre as medidas para estabelecer “limites dos poderes” do Judiciário, Mourão citou até mesmo “produzir o impeachment de algum desses ministros”.

A respeito do desempenho da economia no futuro governo, Mourão previu um aumento da expectativa de inflação com a PEC da Transição, e uma reação do Banco Central, com novo aumento dos juros. Isso, segundo ele, penalizará a população mais pobre.

Fonte: Estado de Minas



Centro Cultural Banco do Brasil, sede do Gabinete de Transição do presidente eleito. (Agência Brasil)

Grupo da transição discute o que fazer com os 8 mil militares nomeados por Bolsonaro

Na equipe de transição denominada “Centro de Governo”, que é integrada, entre outros, por Jaques Wagner, José Guimarães, Lindbergh Farias, Márcio Macêdo e Reginaldo Lopes, há uma discussão importante na mesa. O que fazer com os cerca de oito mil militares que durante o governo Bolsonaro foram nomeados para cargos comissionados que antes eram ocupados por civis?

Serão exonerados, como, aliás, Lula prometeu na campanha. A maioria vai voltar aos quartéis e o restante irá para casa, pois são da reserva. Beleza.

QUESTÃO DELICADA – Mas em que velocidade isso deve ser feito? Este é o nó, dado que a questão militar se tornou um fator de contornos delicados. Dentro da equipe de transição, há quem defenda que Lula deve mandar já no primeiro dia publicar no Diário Oficial uma lista grande de exonerações de militares. Não se tem o número fechado. Na relação, todos os que foram nomeados para trabalhar no Palácio do Planalto.

Provavelmente, não será possível demitir todo mundo numa canetada só. Em 2 de janeiro de 2019, segundo dia de governo Bolsonaro, o então chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, demitiu 320 servidores da pasta. Disse que estava “despetizando” a Casa Civil. Beleza.

Só que uma semana depois, teve que recontratar vários desses demitidos, pois o ministério ficara paralisado — sem servidores inclusive para fazer andar os processos de … demissão e nomeação.

DISSE LULA – Em abril, numa fala na sede da CUT, Lula disse: “Vamos ter que começar o governo sabendo que vamos ter que tirar quase 8 mil militares que estão em cargos de pessoas que não prestaram concurso. Vamos ter que tirar. Isso não pode ser motivo de bravata, tem que ser motivo de construção. Porque, se a gente fizer bravata, pode não fazer”.

Mas entre o discurso de candidato e a decisão do presidente, muitas vezes há uma acomodação natural. Inclusive porque o futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, um conciliador nato, ainda não participou das discussões deste grupo de trabalho.

A desmilitarização acontecerá e é bem-vinda. Dentro de um mês, contudo, é que se saberá como que velocidade ela acontecerá.

Fonte: O Globo

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