Por Ricardo Cravo Albin

Morreu na manhã de hoje, dia 16/01, um dos maiores representantes da canção brasileira de sempre. E não só da canção, porque Luiz Vieira foi quase tudo na era do rádio e do disco a partir dos anos 40 e 50. Isso significa, para mim e para o Instituto Cravo Albin, uma perda decisiva também para o melhor da comunicação. E por que comunicação? Porque meu querido Luiz Vieira percorreu ao longo de toda uma longa vida, encerrada hoje, aos 92 anos de idade, todas as emissoras de rádio e de televisão com constância permanente e comovedora, contando “causos”, cantando seus sucessos, prestigiando seus colegas, fazendo presente toda a dignidade do melhor trabalho do povo brasileiro em música popular.

Luiz Vieira, chamado carinhosamente pelos amigos e fãs de Menino Passarinho (título de seu grande sucesso, a lhe marcar a presença junto a qualquer público), teve também tempo de defender com garra e paixão os direitos autorais de seus colegas, já que foi Presidente da SOCINPRO durante muito tempo, além de dar frequente expediente por lá até as vésperas de sua morte. Também teve tempo, um inacreditável tempo, para produzir um casal de gêmeos aos 80 anos de idade, infelizmente agora órfãos do pai (e quase avô e até bisavô).

Para encerrar esta lágrima sentida do nosso Instituto, cabe registrar o sucesso que ele obteve na Academia Brasileira de Letras, quando o convidei em 2016 para contar e cantar sua vida, dentro da série MPB na ABL, no auditório Raimundo Magalhães Junior da Academia. O nosso agora pranteado e sempre grande personagem comoveu os acadêmicos ao reafirmar todo seu viés de fidelidade à autenticidade das fontes da música brasileira. Além de seu amor ao rádio e à comunicação, permanentemente à disposição do público brasileiro, junto com suas composições, por mais de sete décadas.

Portanto, digo e repito: A perda de Luiz Vieira quase que encerra o glorioso elenco da Era do Rádio e do Disco no Brasil.

*Ricardo Cravo Albin, Jornalista, Escritor e Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin