Redação

Obcecados pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro, os três ministros militares mais próximos do chefe do Executivo — Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Braga Netto (Defesa) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência) — entregaram a cabeça do general Joaquim Silva e Luna, presidente da Petrobras.

Integrantes do Palácio do Planalto afirmam que os três ministros-generais vinham até tentando conter a ira de Bolsonaro contra o presidente da Petrobras, que teria “ferrado” o governo ao anunciar um mega-aumento dos combustíveis na quinta-feira passada (17/03) — a gasolina ficou 18,7% mais cara e o diesel, 24,9%.

LUNA CONTRA-ATACA – Mas, nos últimos dois dias, mudaram completamente de opinião e deixaram o corporativismo de lado, depois da insistência de Silva e Luna de confrontar as críticas feitas por Bolsonaro à Petrobras. O executivo tem dito que não pedirá demissão e que “não deixa a tropa sozinha, morre na batalha”.

Os generais-ministros acreditavam que o presidente da Petrobras, que receberá um bônus de R$ 1,45 milhão agora em abril, deveria sair de cena, não responder e deixar Bolsonaro jogar para a plateia, já que ele precisa se descolar do mega-aumento dos combustíveis para tentar manter sua trajetória de alta nas pesquisas eleitorais.

“Foi um erro o presidente da Petrobras contrapor-se ao presidente da República. Soou como insubordinação, traição, já que foi Bolsonaro quem o indicou para o cargo. Agora, terá de arcar com as consequências”, diz um ministro com trânsito no Planalto. “O melhor que o general tem a fazer é se retirar da Petrobras, ele tem que dar essa vitória a Bolsonaro”, acrescenta.

PIORES INIMIGOS – O mesmo ministro afirma que Silva e Luna tem hoje os piores inimigos do governo, os filhos do presidente, sobretudo Carlos Bolsonaro, que culpa o executivo pela sova que o pai está levando nas redes sociais. Além disso, o presidente da Petrobras perdeu também o apoio dos ministros-militares, que têm seus próprios interesses no governo.

Braga Netto está certo de que será o vice de Bolsonaro na chapa à reeleição. Ramos já se autodenomina futuro ministro da Defesa e Heleno almeja continuar num cargo relevante em um eventual segundo mandato.

Ante esses interesses, o general da Petrobras foi entregue à própria sorte, com a cabeça na bandeja.

Fonte: Correio Braziliense

 


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