Por Sérgio Cabral Filho

Na quarta-feira, 1° de maio, faz 30 anos da morte do tricampeão mundial de fórmula 1, Ayton Senna. Nosso ídolo morreu no GP de San Marino, na Itália, no fatídico primeiro de maio de 1994.

Se você já estava nesse mundo e com memória, certamente sabe onde estava nesse dia. Eu participava, como deputado e líder do PSDB na Alerj, em Volta Redonda, de um ato das centrais sindicais junto com o então senador, ex-ministro da Fazenda e candidato a presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. Foi um momento de silêncio e dor quando soubemos da morte trágica do nosso super campeão.

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Cartaz de divulgação do famigerado show com estrelas da MPB no Riocentro, na véspera do Dia do Trabalhador. (Arquivo pessoal/Ziraldo)

Também no Primeiro de Maio de 1981, tenho memórias dolorosas. A bomba do Riocentro planejada pelos extremistas da direita que, graças a Deus, não explodiu dentro do evento que reunia milhares de pessoas para assistir às estrelas da MPB em protesto contra a ditadura militar, que já definhava. Na verdade, o evento foi na noite de 30 de abril, mas só saímos do Riocentro já no primeiro de maio. Não por força do ataque espúrio e malogrado, mas pela linda festa de dezenas de artistas com milhares de brasileiros ávidos por democracia.

Deus impediu a explosão da bomba dentro do evento.

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O show era organizado pelo CEBRADE, Centro Brasil Democrático, onde eu trabalhava sob o comando de Oscar Niemeyer, Renato Guimarães e Vinícius França. O privilégio de reuniões com intelectuais e artistas para organização de eventos durante todo o ano, sempre com foco na resistência democrática ao regime autoritário, foi um grande privilégio e aprendizado. O cartaz de quase todos os nossos eventos durante o ano eram criações do mestre Ziraldo.

Penso com meus botões como são memórias de momentos tão distintos do Brasil: em 1981, um país indignado com a farsa e a incompetência do general Figueiredo e companhia; 1994, o país redemocratizado e perplexo com a morte trágica de um ídolo brasileiro nas pistas de Ímola, e eu ali, no palanque, ao lado de um grande brasileiro, o senador Fernando Henrique Cardoso. Responsável, junto com sua equipe econômica e Itamar Franco, pela implantação da maior conquista econômica do período democrático em que vivemos: o Plano Real.

Itamar Franco, o estadista tropical - Estadão
No governo Itamar nasceu o Plano Real, responsável pela estabilização da moeda e controle da inflação. (Estadão)

Primeiro de Maio de 2024. Quais as perspectivas para trabalhadoras e trabalhadores brasileiros? Creio que é de otimismo, mesmo que moderado. O país cresceu em 23, depois de quatro anos muito difíceis. E cresceu com aumento da renda média do trabalhador. Muito aquém de países desenvolvidos, mas é um alento ver o crescimento do salário médio dos brasileiros. Chocante ter milhões de pessoas que passam fome ou tem uma alimentação precária no país, segundo o IBGE. Uma renda per capita menor que o Chile ou México.

Portanto, um Primeiro de Maio de 2024, em que a sociedade brasileira deve refletir sobre a massa salarial em nosso PIB, vis a vis, a massa de capital. Nos países com alto IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, o percentual de salários x capital é equilibrada ou prevalece a renda do trabalho. Aqui, a massa salarial não chega a 35% do PIB. Sem juros baixos e baixo consumo dos trabalhadores, não há crescimento sustentável. Bom feriado pra você.

PS: e o meu Vasco, hein…?

SÉRGIO CABRAL FILHO – Jornalista e Consultor Político da Tribuna da Imprensa Livre.

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