Por Carlos Barreto –

Jesus sempre foi um treinador que trabalhou a sua imagem com genuinidade, transparência e inteligência. Um treinador que sempre esteve nas primeiras páginas dos jornais, que passa uma imagem rebelde, mas que ninguém pode por em causa a dedicação ao futebol.

Jorge Jesus com a medalha de campeão da Recopa Sul-Americana. (Foto: Divulgação)

Uma figura cujas imperfeições linguísticas, sempre foram a imagem de marca, mas que contra tudo e contra todos, trabalhou a carreira no mundo do futebol como ninguém, com independência, sem a agenda comum do politicamente correto, nunca negou as origens e faz parte da tribo do futebol, quer se goste ou não, com independência.

Jorge Jesus durante uma partida do Flamengo no Maracanã. (Crédito: Alexandre Vidal/Flamengo)

Recordo-me de Jorge Jesus, um dia nas escadarias do Shopping Columbo em Lisboa, a se deslocar ao estádio da Luz (treinava o Estrela da Amadora), cabelos brancos, era o mais comum dos adeptos sem mordomia para assistir a um Benfica -Sporting. Esta figura que hoje galvaniza opiniões contraditórias, é respeitado e sempre definiu a sua carreira com agenda própria.

Jorge Jesus. (Crédito: Alexandre Vidal/Flamengo)

O rei da tática, como lhe chamo, não é um homem de se pautar por opiniões de consenso, de ser politicamente correto, mas foi esse desígnio que com a sua arrogância, simplicidade, liderança, ingenuidade, e amor ao futebol, que hoje galvaniza público aos estádios que chincam e adoram, porque ele é na essência, um produto do futebol raiz, um ser humano que nunca se alavanca em cima de ninguém e que se ame ou se odeie, é a pureza do futebol.

Jorge Jesus é erguido pelo time do Flamengo depois da conquista do Carioca 2020. (Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF)

Quantas vezes desejo que vá para os infernos, porque as decisões não são as que eu penso, quantas vezes o infernizo pela suas substituições, mas a frio e com um olhar longínquo vergo me à audácia e ao arrojo de não ser mais um, seja pela diferença, seja pelo caráter mas essencialmente porque já me proporcionou o futebol espetáculo, o futebol que amo que é isso que quem gosta de futebol, deseja.

3 ícones do Clube de Regatas do Flamengo: Claudio Coutinho, Jorge Jesus e Paulo César Carpegiani. (Fotomontagem/TIL)

No Flamengo vi jogos que ficam na memória, no Benfica assisti a jogos que não se esquecem, uma personagem incontornável, uma figura polémica, alguém que jamais disse amén com o sistema, e são pessoas como JJ que o futebol precisa, para nos fazerem amar o futebol, nos levarem aos estádios e nos tornarem vivas as memórias que ficam guardadas para sempre.

Para o JJ do Mengão, do Benfica, do Amora, do Braga e tantos outros clubes um agradecimento, porque a arrogância, a audácia e a simplicidade, casam no seu futebol.

CARLOS BARRETO –  Consultor de Comunicação; Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, representante e correspondente internacional em Lisboa, Portugal.


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