Por Pedro do Coutto –
O ex-deputado Roberto Jefferson, neste domingo, explodiu todos os limites possíveis, tanto da política quanto da segurança, ao receber a tiros e lançar bombas de gás lacrimogêneo – vejam só – contra policiais federais que cumpriam determinação do ministro Alexandre de Moraes e foram até a sua residência para realizar a transferência da prisão domiciliar para a carceragem comum. Jefferson feriu uma policial e um delegado que se encontravam na equipe que se deslocou até Levy Gasparian no interior do Rio.
A transferência determinada teve como causa um vídeo postado pelo próprio Roberto Jefferson na rede da internet, ofendendo profundamente e desacatando a ministra Cármen Lúcia do Supremo Tribunal Federal e do STJ. Roberto Jefferson, como os fatos constatam, tinha em seu poder granadas, uso exclusivo do Exército, e fuzis. Portanto, equipamento pesado de destruição.
PERPLEXIDADE – No primeiro momento, o país ficou perplexo com as afirmações do presidente Jair Bolsonaro de que pediu ao ministro Anderson Torres da Justiça para viajar até o Rio de Janeiro, objetivando resolver o problema. Foi um erro colossal. Não havia problema de levar a uma intermediação do titular da Justiça. Havia, sim, o descumprimento de uma ação judicial. Sentindo o erro, o presidente da República voltou atrás e atacou o próprio Jefferson, se solidarizando com a ministra Cármen Lúcia e com os policiais feridos.
Seis horas depois, Roberto Jefferson resolveu entregar-se à PF ao tomar conhecimento de que a participação do ministro da Justiça havia sido suspensa. O ex-deputado criou um problema imenso para o governo, inclusive porque no momento em que resolveu entregar-se estava na sua residência o enigmático padre Kelmon da Igreja peruana e que participou do debate da Band no dia 16.
Kelmon era candidato a vice de Jefferson pelo PTB e terminou substituindo-o na cabeça da chapa após a Justiça Eleitoral ter negado o registro ao ex-presidente do PTB. Ao longo do debate na Band, Kelmon revelou-se um franco aliado de Bolsonaro, estabelecendo uma vinculação que se tornou evidente. O problema criado por Jefferson tem implicações também na Segurança Pública, uma vez que ele portava armas de uso exclusivo das Forças Armadas.
DISTÂNCIA – No O Globo, reportagem de Aguirre Talento, Paula Ferreira, Jan Niklas e Paola Serra focaliza amplamente o episódio. Matéria também no O Globo desta segunda-feira, de João Sorima Neto e Bruno Góes focaliza a iniciativa de Bolsonaro para se manter distante do ex-aliado, que se tornou incômodo na sua campanha.
De acordo com Amanda Pupo e Adriana Ferraz, o Estado de S. Paulo, no vídeo em que gravou, Bolsonaro chamou Jefferson de bandido. Na Folha de S. Paulo, a reportagem é de Camila Mattoso, Fábio Serapião, Idiana Tomazelli, Marcelo Rocha, Paulo Saldaña, Yuri Eiras. O efeito eleitoral da explosão produzida por Jefferson deverá ser medida pelos próximos levantamentos do Ipec e do Datafolha.
PEDRO DO COUTTO é jornalista.
Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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