Por Miranda Sá

“O vírus da ignorância tem se espalhado por causa da baixa humanidade” (Swami Raddhi Jyotirmay)

A pior epidemia é a epidemia da política malconduzida; e, infelizmente, o organismo estatal traz na sua essência os vírus de uma “classe” política onde falta patriotismo e sobra carreirismo, egocentrismo e ganância, atributos que levam à corrupção.

É triste constatar que é o próprio Estado Democrático de Direito, pela garantia dos direitos humanos e a defesa da liberdade, produz um caldo de bactérias letais à sua própria existência. São diversos os exemplos históricos que comprovam isto.

Após a derrubada de monarquias na Rússia e na Alemanha, registrou-se a queda dos governos republicanos instalados; na Rússia, o democrata Kerenski caiu pela ação revolucionária dos bolchevistas, e a libertária República de Weimar alemã cedeu lugar ao golpe de estado de Hitler e os nazistas.

Por covardia em diagnosticar a conjuntura política, os “observadores neutros” nunca veem que os agentes públicos produzem esse coquetel antidemocrático de bacilos para infectar as instituições, blindados por privilégios e direito à impunidade.

Só depois de acontecer a instalação dos bacilos destrutivos é que a Nação desperta, como se viu na invasão da Petrobras pelos lulopetistas promovendo um festival de propinas. Sob o silêncio dos petroleiros, a infecção delinquente na Petrobras cresceu e se espalhou epidemicamente, sem controle, por todos os seguimentos da administração pública.

Os coniventes com os governos petistas, usam o contra-argumento de que a corrupção sempre existiu; o que é, sem dúvida, uma verdade; todavia é incontestável que pela cumplicidade do poder, se institucionalizou. E pela transparência da roubalheira conscientizou o povo, incentivou manifestações anticorrupção e levou Lula da Silva à prisão.

É inesquecível como espontaneamente milhões de brasileiros foram as ruas apoiando a Lava Jato e o juiz Sérgio Moro pelo combate à corrupção. A faxina continuada das operações investigativas da Promotoria e da Polícia Federal criaram, porém, a ilusão de que serviria de vacina pró reativa contra os corruptos; mas eis que a infecção corruptiva reapareceu nas corrupçãozinhas periféricas.

A Infecção, como verbete dicionarizado, é um substantivo feminino de etimologia latina, (infectio onis), ação de tingir; originado do verbo (facere), “fazer”. Em Portugal, aboliu-se o “C” antes do “Cedilha”, “Infeção”.

Surgiu tristemente, uma dupla infecção na pandemia que enfrentamos; além do novo coronavírus, alastrou-se microbianamente o negacionismo importado dos Estados Unidos, subestimando o novo coronavírus como se referiu Donald Trump: – “apenas uma pessoa que veio da China, e está sob controle. Vai ficar tudo bem”…

A atitude de Trump foi prontamente imitada pelo seu apaixonado admirador, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que falando sobre a covid-19, disse:  – “Não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar”….

Não satisfeito em exprimir com discursos sua ignorância anticientífica, Bolsonaro fez outra maldade, estimulando os seus fanáticos apoiadores transformarem-se em espiroquetas gram-negativas da cretinice, depreciando as medidas preventivas contra a covid-19, criticando o uso de máscaras, combatendo o isolamento social e subestimando a busca da vacina.

… E o pior é que esta descompostura obscurantista que ataca a Ciência, vem junto com a defesa de um totalitarismo socializante, com ataques às instituições republicanas e pelo fim da Democracia. O exemplo mais-do-que-perfeito disto é o que fez o deputado Daniel Silveira, preso pelo STF e punido na Câmara Federal que, mesmo sub judice, agrediu um agente policial que lhe solicitou o uso da máscara.

Esta personalidade psicopática é hospedeira de agentes biológicos patogénicos que infeccionam o tecido social. Diagnosticado com sapiência, foi recolhido à UTI da Constituição, para evitar uma piora, uma recaída, a propagação do mal.


MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e membro do Conselho Editorial do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo.