Redação –
O jornalista Glenn Greenwald disse que se sente envergonhado e com raiva do caso de censura que alega ter sofrido de editores do site The Intercept, nos Estados Unidos. A declaração foi durante uma entrevista do programa Tucker Carlson Tonight, da rede de televisão Fox News. Ele pediu demissão do site.
O canal é alinhado politicamente ao Partido Republicano, ao conservadorismo e apoia abertamente Donald Trump. Greenwald, por outro lado, foi 1 dos fundadores do Intercept e é conhecido pela formação esquerdista, além de ser casado com o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ).
Durante a entrevista, Greenwald se queixou do tratamento que teve por parte dos editores norte-americanos no site. O problema, segundo ele, foi causado por 1 artigo em que questionava a parcialidade da mídia, em favor do candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos.
No texto, o jornalista afirma que os principais veículos de comunicação dos EUA firmaram parcerias com empresas do Vale do Silício, para censurar reportagens que possam desagradar Biden. Para Greenwald, a atitude dos editores vai diretamente na contramão do que ele pregou, quando fundou o site.
“A razão pela qual foi criado [o Intercept], era para assegurar que jornalistas sempre poderiam ter completa independência jornalística editorial, liberdade, nunca ter que fazer rodeios jornalísticos ou homenagens a devotos, devido a preferências ideológicas de editores ou qualquer outra pessoa”, afirmou.
O artigo de Greenwald defende que membros da CIA (Agência Central de Inteligência, na sigla em inglês) atuaram em parceria com membros da mídia norte-americana, que apoiam o Partido Democrata. Segundo o jornalista, eles ajudaram a suprimir informações que poderiam alterar a percepção das pessoas sobre Joe Biden.
INTERCEPT NO BRASIL
O site The Intercept possui uma filial no Brasil, também fundada por Greenwald. O site foi responsável pela divulgação de mensagens hackeadas no aplicativo Telegram, que mostravam autoridades envolvidas com as investigações da Operação Lava Jato em conversas que colocavam sob suspeita a motivação dos investigadores e do ex-juiz Sergio Moro, que julgou os processos do caso, durante quase 5 anos, até assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública, no governo de Jair Bolsonaro.
Além dessas reportagens o site abriu espaço para outros temas, muitos deles ligados à causas sociais com alinhamento a grupos de esquerda.
Em abril de 2019, a página abriu espaço para publicar uma reportagem da revista Crusoé, que falava sobre citações ao então presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, na delação de executivos da Odebrecht. A publicação do texto pela revista foi censurada pelo ministro Alexandre de Moraes, sob a alegação de se tratar de notícia falsa.
“O Intercept não publicaria a reportagem da Crusoé. A Lava Jato, ao longo de cinco anos, vazou a conta gotas pedaços incompletos de delações para manter a atenção do público. A estratégia, que levou apoio popular à operação, destruiu, inúmeras vezes, reputações de pessoas que, mais tarde, foram inocentadas por falta de provas, boa parte delas baseadas apenas em delações como as de Marcelo Odebrecht. No entanto, a decisão de Alexandre de Moraes é extremamente perigosa”, escreveu a publicação para justificar a publicação do texto.
No Twitter, Glenn Greenwald teceu elogios à versão brasileira do Intercept e disse que se orgulha do material produzido pelos editores locais.
Saudades disso pic.twitter.com/cG7ze72NyG
— Glenn Greenwald (@ggreenwald) October 29, 2020
Fonte: Poder360
MAZOLA
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