Por Jeferson Miola

‘Lula continua sendo a única barreira capaz de reverter o projeto fascista-militar de poder e a profunda devastação do País’.

No discurso de despedida do Comando do Exército, em 11/1/2019, Villas Bôas homenageou “três personalidades que destacaram-se para que o ‘rio da história’ voltasse ao seu curso normal”.

Na visão do general conspirador, as três personalidades seriam [1] Bolsonaro, por vencer a eleição de 2018, fraudada devido ao impedimento inconstitucional da candidatura Lula; [2] o general Braga Netto, pela intervenção no Rio de Janeiro, que teve como principal sub-produto a consolidação do controle daquele Estado pelas milícias e por estruturas criminosas e corruptas; e, [3] significativamente, o juiz-ladrão Sérgio Moro, pela perseguição implacável e prisão ilegal do ex-presidente Lula.

A votação do Lula em 2 de outubro passado, de 57.259.504 votos, desempenho recorde de um candidato presidencial no primeiro turno, mostra que a prisão ilegal dele em 2018 foi uma medida essencial para o avanço do projeto de poder fascista-militar.

As pesquisas da época indicavam que, como hoje, Lula seria imbatível, a despeito da terrível guerra das elites para a destruição da imagem e da reputação dele. Por isso executaram a monstruosa farsa judicial da Lava Jato contra ele.

Lula foi transformado em refém e prisioneiro político. Ele tinha de ser impedido de concorrer em 2018 para que as elites pudessem executar o mais brutal plano de saqueio e pilhagem do país, finalmente concretizado via governo militar com Bolsonaro.

Lula foi trancafiado na masmorra em Curitiba e, inclusive, proibido de conceder entrevistas pelo ministro do STF Luiz Fux. Não bastava a crueldade de isolar e imolar seu corpo físico. Era vital, também, abafar sua voz e enjaular suas ideias, para que não fossem ouvidas pelo povo brasileiro.

Adotaram precauções medievais para conter o “perigoso e ameaçador” prisioneiro, que teria de ficar isolado, incomunicável com o mundo exterior e humilhado.

Moro chegou a abandonar férias no exterior para mobilizar a PF, o TRF4, o STJ e o STF em pleno dia de domingo para impedir que Lula fosse libertado, beneficiado por um habeas corpus.

Dias Toffoli, em decisão grotesca e desumana, só autorizaria Lula se despedir do irmão morto se ele aceitasse fazê-lo em ambiente fechado e vigiado, dentro de um quartel. Afinal, aquele prisioneiro especial oferecia perigo à estabilidade das “instituições que funcionavam normalmente” na manutenção do pacto de assalto ao poder pelas elites.

Assim como em 2018, Lula continua sendo a única barreira capaz de deter e reverter o projeto fascista-militar de poder e a profunda devastação do país.

Maior líder popular do mundo contemporâneo, Lula consegue estruturar e animar a partir de si o amplo e vigoroso movimento antifascista e em defesa da democracia que sairá vitorioso das urnas em 30 de outubro.

O povo brasileiro é privilegiado. Diante da encruzilhada trágica em que o Brasil se encontra, pode contar com este alento chamado Lula.

Sem Lula, a vitória da democracia sobre o fascismo seria uma incerteza no nosso horizonte de possibilidades históricas. Exatamente por esse motivo ele foi vítima do mais asqueroso esquema de corrupção judicial da história e é o alvo primordial das forças reacionárias, ultraconservadoras e fascistas.

JEFERSON MIOLA – Jornalista e colunista desta Tribuna da Imprensa Livre. Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial.

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