Por Bolivar Meirelles

O Pacificador…abafou várias revoltas libertárias.

Servia ao Império. Ajudou a consolidar o território nacional. Barão do Rio Branco na diplomacia. Pedro II, o “Poder Político”. Não foi por acaso, o maior título do império ser dado a esse militar do Exército. Duque. Sim, Pacificador e Duque. Superficiais analistas políticos, insistentemente, se posicionam, quanto início do prestígio e influência do Exército Brasileiro, no pós “Golpe de Estado” republicano. Não tanto Golpe, não tanto surgimento da influência política do Exército no pós-República. Conhecer a história de época, fundamental. A Guerra do Paraguai, massacre da “pequena grande república”, competidora com as fábricas de tecido inglesas, deram a Caxias, presença também. Benjamim Constant Botelho de Magalhães, mais conhecido como Professor do que como combatente militar, tem espaço garantido na influência ideológica dos jovens cadetes e oficiais. Crítico severo à Guerra do Paraguai, ao Duque de Caxias e ao marido da Princesa Isabel, o Conde D’Eu. Deodoro da Fonseca, respeitado militar do Exército, já nas questões libertárias dos negros africanos escravos no Brasil. Marechal Deodoro da Fonseca, refletindo os jovens militares, “O Exército não é formado por Capitães do Mato para prearem Escravos Foragidos”. General Osório se destaca na Guerra do Paraguai também. General Osório critica as péssimas condições do Exército. Exército de escravos. Acaba dando argumentos ao Serviço Militar Obrigatório também, liderada a campanha justa, pelo poeta Olavo Bilac. Osório e Caxias senadores, Osório do Partido Liberal. O Pacificador, Duque de Caxias do Partido Conservador. Ambos monarquistas. Vejamos bem, os mais destacados militares do Império, nada de Republicanos. O Exército se sobressai como Força Singular mais prestigiada, já no Império. Marechal Deodoro, amigo do Imperador, proclama a República, numa Parada Militar. O Império brasileiro caiu com a libertação dos escravos. Manobras políticas que redundaram na conquista do Poder, após o governo do Marechal Floriano, pela aristocracia paulista, outra questão.

Sem dúvidas, outra questão.

Monumento a Marechal Deodoro da Fonseca é um monumento em homenagem ao Marechal Deodoro da Fonseca que se localiza na cidade brasileira do Rio de Janeiro. O monumento data de 1937 e abriga os restos mortais do marechal Deodoro e de sua esposa. (Wikipédia)

Agora, esquecer a “Questão Militar” com a personalidade do Tenente-Coronel Sena Madureira, impossível. Impossível! Recebe no Batalhão, sob seu comando, o Jangadeiro cearense, Francisco José do Nascimento. Líder, no Ceará dos jangadeiros que se negavam a transportar escravos aos navios. O Ceará, por questões de necessidade econômica, libertou, primeiramente, seus escravos, no Brasil. Alguns escravocratas cearenses, no entanto, desejavam exportar seus escravos. O Tenente Coronel Sena Madureira foi prestigiado pelo Imperador e por Deodoro da Fonseca. Tem sua transferência impedida, exatamente pela intervenção de Deodoro da Fonseca, junto ao Imperador. Prestigiado, portanto, Sena Madureira. Derrota dos escravocratas. Alta influência já tinha o Exército no Império. Pode haver sido a Proclamação da República parecer, apenas, uma Parada Militar, comandada pelo oficial mais antigo, Deodoro da Fonseca. Melhor os historiadores, focados nessa época, examinarem esse período. Existiam civis influentes, também, que se colocaram contra a escravidão e defenderam a Proclamação da República. Nem todos anti-escravocratas eram republicanos. Assuntos e posicionamentos diversos são os dos que criticam o Militarismo mas, ao mesmo tempo, os Militares. Existem civis e militares militaristas e os que, precipitadamente, se colocam contra a existência das Forças Armadas. Engels, ao prever o fim do Estado e, o próprio Benjamim Constant Botelho de Magalhães, que admitia a superação das Forças Armadas, entendem que é um fenômeno histórico. Engels, em posição diversa aos Anarquistas, se coloca quanto à superação do Estado. Quando não mais houver “necessidade” deste. Eu, particularmente, fui “catapultado” do Exército como segundo Tenente, aos 24 anos de idade, em setembro de 1964, pelo “Ato Institucional” dos golpistas de abril desse ano. Penso com “cabeça fria”. Ainda temos necessidade histórica, nesse Brasil imenso, fronteiras terrestres, navais e aéreas… Como suprimir o Estado Nacional? Como suprimir o estamento Forças Armadas no Brasil? Civis e militares militaristas, temos de combatê-los sim.

Estado Nacional e Forças Armadas, necessidade que ainda se impõem nesse 2022.

BOLIVAR MARINHO SOARES DE MEIRELLES – General de Brigada Reformado, Cientista Social, Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, Mestre em Administração Pública e Doutor em Ciências em Engenharia de Produção, Pós Doutor em História Política, Presidente da Casa da América Latina.


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