Por Iata Anderson –
O Fluminense não apenas fez a melhor partida de um time neste Campeonato – 3×1 no São Paulo, sábado, dia 5 – como apresentou (e presenteou) ao seu torcedor, no palco sagrado do futebol brasileiro, a maior exibição de um time em todos os tempos, como que aperfeiçoando um novo tipo de jogar jamais visto por aqui.
Nem a melhor seleção brasileira, a do tricampeonato, jogava como os de Fernando Diniz tem feito.
Domina, subjuga, cansa o adversário e vence, na técnica, tática e preparo físico. Vence até o abominável gramado molhado, péssima ideia não se sabe de quem, nem de onde surgiu, para atrasar o futebol. Menos o Fluminense, jogando o futebol do futuro. E muito bem, por sinal. Mais que isso, dá espetáculo, como nunca se viu num time brasileiro. Nem o Botafogo de Garrincha e Nilton Santos, o Palmeiras de Ademir da Guia, o Flamengo de Zico, o Internacional de Figueroa e Falcão, o Cruzeiro de Tostão e Dirceu Lopes, muito menos o Santos de Pelé. Todos foram maravilhosos mas não jogaram tão bonito. Pode parecer exagero, mas não tenho nenhuma razão para isso, sou apenas um admirador do futebol arte. Como o “Carroussel Holadês” ou a “Seleção Tic-Taca” da Espanha, extensão do Barcelona de Pep Guardiola, liderada pelo genial Iniesta. A despedida foi contra o Bragantino, desfigurado, desmotivado, presa fácil. Nem tanto. Deu trabalho mas sucumbiu ao melhor futebol praticado hoje no país da bola. Foi o que vi de melhor nesta temporada.
Roberto Carlos, ídolo, ícone e lenda do Real Madrid, titular o tempo que quis, na seleção brasileira, declarou semana passada, em Madrid, que o “Brasil perdeu sua essência, o jogo bonito”. Concordo, Roberto, mas é apenas questão de tempo.
Não costumo comentar convocação ou escalação de times, por uma razão simples, há uma pessoa que ganha muito bem, vive o dia a dia do grupo e ninguém mais que ele quer ganhar jogos e títulos. Posso dar um pitaco aqui outro alí, sendo bem claro, é uma observação apenas, sem ressentimentos, ou qualquer outra intenção. Acompanho copa do mundo desde 1958, menino ainda, mas ligado no radinho, vendo os vídeos, à noite, depois 1962, até 1970, ali como profissional, plantonista na melhor equipe de esportes de todos os tempos, rádio Globo, liderada por Valdir Amaral. Fiz minha primeira copa em 1978, na Argentina, pela rádio Tupi, depois 1986, TV Manchete, no México. Coincidência, as duas vencidas pela Argentina. A terceira, no Brasil, como despedida, marcada pelos 7×1 impostos pelos alemães. Depois virou rotina, torcendo mas pouco importando com os resultados. Agora, com camisa e bandeira, vou torcer por uma seleção que desconheço, mesmo com todo esse tempo de “estrada”. O time partiu mas conheço apenas os que jogam por aqui, se não puserem legenda na hora do hino desconheço a maioria. Acho o time fraco para ser campeão mas dá para encarar até as quarta-de-final, ou semi, não acredito que possa chegar mais adiante, mas é só palpite.
Não sou fã do treinador, mas isso não importa, vou torcer mesmo assim.
Uma das seleções que torcerei na Copa do Catar, a Espanha de Luis Enrique, também sofreu críticas ao ser anunciada em sua formação final. Na Alemanha, segundo adversário dos campeões mundiais de 2910, na África do Sul, foi muito comentada as ausências do zagueiro Sergio Ramos, novamente em boa fase, no PSG, e Thiago Alcântara, atualmente no Liverpool. Ansu Fati, 20 anos, do Barcelona, ficou fora dos amistosos contra Suiça e Portugal mas foi chamado pelo treinador e Hugo Guillhamón, zagueiro, 22 anos, do Valencia, foram as novidades na “Furia”. O Barcelona, líder isolado da Liga, teve sete jogadores convocados, enquanto o Real cedeu apenas dois, Carvajal e Asensio, ainda não confirmados como titulares. Dezoito jogadores atuam na Espanha e apenas um campeão do mundo foi convocado, o volante Busquets, do Barcelona. Piquet parou de jogar semana passada e Navas segue jogando no Sevilha mas já passou seu período de convocação. Muito comemorado na Alemanha a convocação de Dani Olmo, 24 anos, do Lepzig, ameaçado de não jogar a copa por causa de uma lesão séria no joelho. O jovem atacante recuperou-se no último mês e segue como uma das atrações da Bundesliga. Outro time que não deixarei de acompanhar, torcendo para ir ás finais, é a Croácia, do maravilhoso Luka Modric, que considero o melhor jogador do futebol mundial. Portugal, como sempre, torço muito até em amistosos, talvez alguma coisa mais forte que os croatas e, claro, a seleção de todos os brasileiros.
Cresce e preocupa, a cada rodada da Liga Espanhola, uma reação nada amistosa contra Vinícius Júnior, aumentando as entradas violentas, protesto de torcedores e passividade de alguns árbitros. Muito por culpa dele, é bom que seja dito, que anda fazendo malabarismos desnecessários, muitas vezes interpretados como deboche, mudando sua forma de jogar e se comportar, bem diferente de sua postura na temporada passada. Falo de cadeira, pois vi TODOS os jogos de Vinícius, desde quando chegou a Madrid, estreando dia 29 de setembro de 2018, no clássico contra o Atlético de Madrid (0x0), escalado por Julen Lopetegui aos 43 minutos do segundo tempo, depois de três convocações sem entrar em campo.
Alguma coisa está fora dos trilhos, é importante que Vini Júnior descubra logo, antes que seja tarde demais.
Aliás, devo dizer a alguns amigos que perguntaram, vou torcer pelo Flamengo na final do mundial de clubes, se os dois passarem de fase. Mas aviso ao pessoal da diretoria que não é bom dizer a um time como o Real Madrid que “sua hora vai chegar”, mesmo num momento de euforia.
Afinal, são 14 Champions, 7 Mundial de clubes, 35 Ligas da Espanha, 5 Supercopa da Europa, 12 Supercopa da Espanha, 19 Copas do Rei, 2 Copa da Uefa e Troféu Fifa “Melhor Clube do Século XX”.
IATA ANDERSON – Jornalista profissional, titular da coluna “Tribuna dos Esportes”. Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como as Organizações Globo, TV Manchete e Tupi; Atuou em três Copas do Mundo, um Mundial de Clubes, duas Olimpíadas e todos os Campeonatos Brasileiros, desde 1971.
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