Por Miranda Sá –
“O bom homem promete pouco e faz muito; o malvado promete muito e não faz nada” (Textos Judaicos)
Filantropia: o significado do termo está relacionado ao amor à humanidade e refere-se às ações sociais ou doações sem fins lucrativos praticadas por indivíduos, empresas ou instituições para entidades beneficentes.
Uma das minhas recordações infantis leva-me à caridade da minha avó Quininha sentada numa cadeira de balanço toda sexta-feira na calçada de sua casa, tendo do lado direito um barril com postas de bacalhau e do lado esquerdo um saco de farinha para distribui-los com pobres a quem conhecia todos pelo nome….
Esta generosidade com os carentes, envolvida pela pátina do tempo, era na verdade a filantropia da época. Hoje seria impossível realiza-la, pelo preço do bacalhau e da farinha e as fraudes que os maus políticos corruptos levaram a todos, sem distinção, pelo exemplo
Por causa das falcatruas vigentes atualmente, com a imunidade jurídica presente nos tribunais e os populistas “da direita” e “da esquerda” acumulando práticas corruptas, lembrei-me de uma anedota antiga (que foi engraçada, hoje entristece a gente pela banalidade).
É a história de uma benemérita senhora que também distribuía esmolas aos mendigos nos arredores da sua residência. Numa dessas rondas, viu um pedinte desconhecido exibindo uma placa escrita “cego”. Cutucou-lhe com a sombrinha e exclamou irritada: – “Como? O senhor é cego e fica folheando uma revista? ”.
O sujeito levantou os olhos e se justificou: – “Minha senhora, eu não sou o cego que fica aqui; acontece que ele é meu amigo e me pediu para ficar no lugar dele para ninguém ocupar seu ponto…”
A altruísta vacilou, mas se conformou, indagando: – “… E o cego daqui, onde está? ”. A resposta foi surpreendente: – “Foi ao cinema”. É assim que se assiste ao funeral da Filantropia, sepultada sem choro nem vela….
Como palavra dicionarizada, Filantropia é um substantivo feminino originário das expressões gregas “philos” e “anthropos” que conjugadas traduzem-se livremente como “amor” e “ser humano”. Os que praticam a filantropia com o seu semelhante assumem uma rica sinonímia, como benemérito, benfeitor, caridoso e generoso. Qualidades humanas em falta no mercado globalizado…
No Brasil, então, enquanto os falsos cegos leem revistas ou vão ao cinema, e os cegos verdadeiros trabalham para o seu sustento, os picaretas do Congresso enxovalham o Poder Legislativo aviltando seus mandatos com fundos partidários e eleitorais, e agora, no governo do Centrão, se lambuzam com o novo Mensalão, as “emendas de relator” no orçamento secreto…
Esta ambição criminosa vem acompanhada da falsa filantropia do Executivo no caso da Pec do Calote, pervertendo a Lei que diz ser para atender a pobreza através do Bolsa Família eleitoral do capitão Bolsonaro, cozinhada na Câmara Federal pelo presidente Arthur Lira, viciado em dinheiro público.
A fraudulência é feita as claras no vuco-vuco do “dá lá, toma cá”. Com isto, recorro ao pensador Millôr Fernandes, o futurista que nos alertou dizendo que “como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem! ”….
Não levamos o humorista filósofo a sério e elegemos Bolsonaro cuja definição não pode ser outra a não ser a deixada por Juan Montalvo:
“O pior dos homens que, sendo mau, quer passar por bom; sendo infame, fala de virtude e de pundonor”.
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo.
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NOTA DO EDITOR: Quem conhece o professor Ricardo Cravo Albin, autor do recém lançado “Pandemia e Pandemônio” sabe bem que desde o ano passado ele vêm escrevendo dezenas de textos, todos publicados aqui na coluna, alertando para os riscos da desobediência civil e do insultuoso desprezo de multidões de pessoas a contrariar normas de higiene sanitária apregoadas com veemência por tantas autoridades responsáveis. Sabe também da máxima que apregoa: “entre a economia e uma vida, jamais deveria haver dúvida: a vida, sempre e sempre o ser humano, feito à imagem de Deus” (Daniel Mazola). Crédito: Iluska Lopes/Tribuna da Imprensa Livre.
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