Redação

A FGV (Fundação Getúlio Vargas) disse neste sábado (27.jun.2020) que vai apurar suposto plágio na dissertação de mestrado do novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli da Silva.

Decotelli apresentou sua dissertação à instituição em 2008. O texto tem trechos idênticos a trabalhos anteriores.

A controvérsia começou quando o professor do Insper Thomas Conti disse no Twitter que havia encontrado “muitos indícios de plágio” no trabalho de Decotelli. Ele comparava a dissertação com 1 documento da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Também disse ter encontrado trechos de outro artigo.

Poder360 também encontrou trechos idênticos a trabalhos anteriores na dissertação de Decotelli.

Cartilha elaborada pelo NAP (Núcleo de Apoio Pedagógico) da FGV em 2012 e atualizada em 2018 (leia a íntegra, 634 Kb) explica situações que podem configurar plágio ou cópia acadêmica. O Poder360 reproduz a seguir trechos condensados:

“Algumas situações comuns de plágio/cópia acadêmica:

  • Reproduzir parcialmente ou na íntegra 1 texto ou parte dele produzido por 1 ou mais autores sem citar as devidas fontes (…);
  • Utilizar a famosa ‘colcha de retalhos’, ou seja, copiar trechos de 1 ou diversos autores, e modificar algumas frases ou palavras, mesmo citando as fontes (…);
  • Não citar as fontes e se apropriar da ideia do autor promovendo pequenas ou grandes modificações na maneira de apresenta-la.”

núcleo é voltado ao atendimento de alunos, professores e coordenadores dos cursos de graduação da instituição.

Na nota em que anuncia que investigará o caso de Decotelli, a FGV afirma que busca contato com o orientador do trabalho. Fala em medidas administrativas e judiciais contra o novo ministro, caso sejam confirmadas irregularidades.

O Ministério da Educação publicou na noite de sábado 1 comunicado em que classificou como “ilações” as suspeitas levantadas ao trabalho do ministro.

“O ministro refuta as alegações de dolo, informa que o trabalho foi aprovado pela instituição de ensino e que procurou creditar todos os pesquisadores e autores que serviram de referência e cujo conhecimento contribuiu sobremaneira para enriquecer seu trabalho. O ministro destaca que, caso tenha cometido quaisquer omissões, estas se deveram a falhas técnicas ou metodológicas. Informa também que, ainda assim, por respeito ao direito intelectual dos autores e pesquisadores citados, revisará seu trabalho e que, caso sejam identificadas omissões, procurará viabilizar junto à FGV uma solução para promover as devidas correções”, diz a nota do ministério.

O NOVO MINISTRO

O presidente Jair Bolsonaro anunciou Decotelli como ministro da Educação depois da demissão de Abraham Weintraub. No anúncio, feito no Facebook, Bolsonaro destacou o currículo acadêmico do novo chefe do MEC.

– Informo a nomeação do Professor Carlos Alberto Decotelli da Silva para o cargo de Ministro da Educação.- Decotelli é…

Posted by Jair Messias Bolsonaro on Thursday, June 25, 2020

O histórico incluiria 1 doutorado na universidade de Rosário, na Argentina. O reitor da instituição negou que o título houvesse sido concedido. Decotelli disse que fez todo o curso, mas faltou defender a tese.

“Ao final do curso, apresentou uma tese de doutorado que, após avaliação preliminar pela banca designada, não teve sua defesa autorizada. Seria necessário, então, alterar a tese e submetê-la novamente à banca. Contudo, fruto de compromissos no Brasil e, principalmente, do esgotamento dos recursos financeiros pessoais, o ministro viu-se compelido a tomar a difícil decisão de regressar ao país sem o título de Doutor em Administração”, diz o MEC na mesma nota em que rebate a hipótese de plágio.

Ele presidiu o FNDE (Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação) entre fevereiro e agosto de 2019. O órgão é 1 dos principais do Ministério da Educação.


Fonte: Poder360