Por Amirah Sharif –

Direito dos Animais!

O mês de novembro iniciou com muita chuva no Rio de Janeiro. Resolvi ver uns vídeos “podcasts”. Estão na moda. Deparei-me com a entrevista de Pedro Mariano, filho de Elis Regina. Dizia ele: “Você está indo fazer compra, eu estou de pessoa física. A partir do momento em que me reconhecem, eu viro pessoa jurídica, na hora. De cada dez pessoas que me abordam, nove falam dela ou me abordam por causa dela, então eu convivo com a perda dela quase que todo dia. Se você não aprender a lidar com isso, você fica louco”.

“Upa neguinho na estrada!”…

Fico imaginando que o pequenino Léo, filho de Marília Mendonça deve trilhar essa mesma estrada dos filhos de Elis Regina. É assim para quem tem mãe com legião de fãs e que nos deixa prematuramente. Sim, de repente, soubemos, num fim de tarde de uma sexta-feira, 5 de novembro, que a cantora sertaneja de apenas 26 anos, Marília Mendonça, havia falecido em um acidente de avião na zona rural de Piedade de Caratinga, em Minas Gerais.

Rainha da sofrência

O sucesso no sertanejo trouxe à Marília a fama de “rainha da sofrência”. Ela foi uma das precursoras do movimento “feminejo”, marcado pela ascensão das mulheres cantando o gênero que, até o início dos anos 2000, era predominantemente masculino.

Em abril de 2020, no começo da pandemia, a cantora quebrou o recorde mundial de espectadores simultâneos em uma live no Youtube: nada mais, nada menos do que 3,2 milhões de pessoas “antenadas” no show que tinha por objetivo angariar fundos para as vítimas de Covid-19.

Mãe Coruja

Marília Mendonça usava as redes sociais para fazer declarações de amor a seu pequeno herdeiro: “ O tanto que eu te amo não…não…deve ser normal”.

Mãe coruja significa uma mãe zelosa, preocupada com seus filhos e que os protege em todas as situações.

A expressão surgiu com a fábula “ A Coruja e a Águia”, do escritor francês La Fontaine.

A fábula

Conta a fábula que a coruja encontrou a águia e lhe disse:

– Águia, se você vir uns passarinhos muito lindos num ninho com uns biquinhos muito bem feitos, não coma, porque são meus filhos.

A águia prometeu-lhe que não os comeria. Foi voando e encontrou numa árvore um ninho e comeu todos os filhotes. Quando a coruja chegou e viu que tinham comido seus filhos, foi conversar com a águia:

– Águia, você foi falsa comigo, porque prometeu que não comeria meus filhinhos, mas você os matou.

Respondeu a águia:

– Encontrei uns pássaros pequenos num ninho, todos depenados, sem bico, com os olhos tapados e os comi. Como você me disse que seus filhos eram muito lindos, entendi que não eram esses.

– Pois eram esses mesmos, disse a coruja.

– Então não sou eu que estou errada, retrucou a águia. Você é que me enganou com sua cegueira.

Moral da história: aos olhos das mães, os filhos são sempre perfeitos e lindos.

Coruja mãe

A coruja é símbolo de proteção, porque ela tem uma visão global, sendo capaz de virar a cabeça e visualizar todos os lados de um ambiente. Essa característica levou a espécie a ser considerada a representação da visão unificadora pela Filosofia.

Outra característica é que as corujas são bastante atentas aos filhotes e aos ninhos. Por isso, a expressão “Mãe Coruja”.

Exploração

Em 2001, com o lançamento do primeiro filme da saga Harry Potter, centenas de corujas foram vendidas na Indonésia. O homem tinha que encontrar uma maneira de lucrar capturando essas aves “da moda”. Absurdo total! As corujas, quando mantidas por pessoas sem conhecimento a respeito de sua alimentação e comportamento, não são capazes de sobreviver por muito tempo.

Embora muitas vezes exploradas com finalidade comercial, cultural ou sei lá por que outro motivo, as corujas desempenham um papel vital nos ecossistemas, além de beneficiar os agricultores, ao atacarem pequenos roedores e pragas agrícolas.

Dia da Coruja

As corujas vivem cercadas de lendas e superstições de mau agouro, que muitas vezes impactam negativamente na preservação da vida dessas aves na natureza.

Por essa razão, no dia 4 de agosto, celebra-se o Dia da Conscientização pelas corujas, com o objetivo de alertar o ser humano sobre a contribuição de mais de 220 espécies de corujas que ocupam todos os continentes, exceto a Antártida. Dessas espécies, 24 foram registradas no Brasil.

“As corujas se alimentam de lagartos, pequenos pássaros e insetos, mas a preferência é pelos pequenos roedores, ajudando no controle populacional de ratos. Portanto, a presença dessas aves diminui as chances de transmissão de doenças de roedores para humanos. A coruja, na verdade, é um sinal de boa sorte para nós. Quando encontrar um animal deste por aí, pare e contemple sua beleza, e lembre-se do bem que ela faz”, explica a veterinária Érica Silva Pellosi.

Na noite do dia 5 de novembro, sentei num degrau de escada lá de casa, chamei meus filhos quatro patas, que se acomodaram ao meu redor. Lembrei-me do cartaz do filme “A dog´slife” de Charles Chaplin. Lembrei-me da melodia composta por ele “ Smile”. Olhei para o céu. Lembrei-me do Carlitos, da Elis Regina, da Marília Mendonça. Lembrei que ainda posso sorrir.

Gratidão.

AMIRAH SHARIF é jornalista, advogada, protetora dos animais e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. asharif@bol.com.br


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