Por Siro Darlan –
Infelizmente eles proliferam por todo mundo moderno. Apresentam-se travestidos de homens bons anunciando a mensagem divina.
Em verdade não têm qualquer empatia com as criaturas, mas ostentam riquezas incompatíveis com a palavra que pregam. Anunciam a teologia do domínio, quando a religião deve buscar a igualdade e não sobrepor um humano sobre o outro. Conhecemos muitas experiências na história quando alguns anunciaram que as mulheres devem ser submissas aos homens, quando foram condenadas pelo anacronismo da Inquisição que sacrificava as mulheres como “bruxas” que endemoniavam, quando apenas eram diferentes em sua crença e modelo de vida, quando Hitler mandou retirar os direitos civis na Alemanha nazista das mulheres que fizessem aborto.
Mateus, 23 nos alerta dizendo: “Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus.3 Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem; 4 Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com seu dedo querem movê-los; 5 E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes, 6 E amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas, 7 E as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi.8 Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos”.
Esses falsos Rabis modernos estupram a Palavra e falseiam a verdade para punir vítimas de violência sexual que são as mulheres e crianças estupradas. Há mais de 80 anos o legislador, sendo compreensível com o sofrimento de crianças e mulheres que a cada 46 minutos são vítimas dessa violência de gênero e autoriza a interrupção da gravidez não desejada pela mulher violentada. Segundo as estatísticas 73% dos atos violentos ocorreram na própria residência das vítimas e 14,5% em vias públicas; 54% por cento das vítimas eram mulheres negras e 38% brancas. O maior percentual de vítimas são crianças e adolescentes na faixa entre 8 e 18 anos.
Agora ao invés de investimento na rede de proteção à infância com o fortalecimento dos Conselhos Tutelares e política de ampliação da educação integral, preferem aumentar o colégio de encarcerados e excluídos antecipando o inferno que eles próprios experimentarão em seu tempo certo. Preferem humilhar os mais pobres e infelizes que não tem a proteção do estado que essa gente representa. Desse modo contrariam a própria Palavra que os exorta a ” 11 O maior dentre vós será vosso servo.12 E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado.13, Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando.14 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que devorais as casas das viúvas, sob pretexto de prolongadas orações; por isso sofrereis mais rigoroso juízo. 15 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós.16 Ai de vós, condutores cegos! pois que dizeis: Qualquer que jurar pelo templo, isso nada é; mas o que jurar pelo ouro do templo, esse é devedor”.
Assim falou Mateus, 23 aos fariseus e hipócritas da modernidade que exploram a ignorância dos fiéis para se locupletarem com essa falta de conhecimento. São chamados de “condutores cegos” e chamados de “devedor” pelo mal que fazem ao povo de seus rebanhos, e são previamente condenados por “devorar a casa das viúvas” ao exigir cada vez mais dízimos e “jurar pelo ouro do templo”.
Não vos deixeis enganar pelos falsos profetas que pregam o ódio entre os irmãos e a prisão para as vítimas da violência, porque só um é nosso Mestre e esse é Jesus Cristo, o Senhor do Bem e do Amor.
SIRO DARLAN – Advogado e Jornalista; Editor e Diretor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Ex-juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Especialista em Direito Penal Contemporâneo e Sistema Penitenciário pela ENFAM – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados; Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos na ENSP; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Coordenador Rio da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo; Membro da Comissão da Verdade sobre a Escravidão da OAB-RJ; Membro da Comissão de Criminologia do IAB. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.
Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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