Por Iata Anderson –
Não vou gastar seu tempo, amigo leitor, com análise do jogo. Até porque só um time jogou, entrou com tesão em campo, sabia que podia reverter os 0x2 do primeiro jogo e estava preparado para ser campeão.
A diferença entre os dois é que o Flamengo é um amontoado de ex-jogadores que fazem os diretores sonhar com aquele timaço de 2019. Pior que isso, acreditam no que a “imprensa” diz do elenco atual, onde, rigorosamente, teve apenas um jogador com vibração “flamenga” que fez uma partida soberba: Gerson, bem ajudado por Ayrton Lucas, há algum tempo pedindo passagem para novos voos. Esse mesmo grupinho, das telas e redes sociais, vai derrubar o técnico Vitor Pereira, um derrotado, é verdade, mas tão culpado quando o grupo de dirigentes e jogadores, todos no mesmo barco em todas as frustrações da maior torcida do Brasil. Que anda muito pacata, diga-se.
Nenhum técnico ganha ou perde jogo sozinho. Todos ganham e todos perdem. O treinador é o menos culpado, se os jogadores não fazem o combinado, treinado e ficam vendo o adversário jogar, não precisa dar exemplos, todo mundo sabe quem são.
TRINTA E TRÊS VEZES FLUMINENSE FOOTBALL CLUB pic.twitter.com/rUTd2p3ZRP
— Fluminense F.C. (@FluminenseFC) April 9, 2023
O Fluminense, estou exausto de repetir, tem o melhor time do futebol brasileiro, montado ao estilo Fernando Diniz. Vou repetir o que disse no comentário da primeira partida. Só não foi chamado ainda pela CBF pelo comportamento intempestivo em campo, que lhe custou ficar fora da decisão. Sobra na turma. Mandou um menino a campo, no seu lugar e deve ter dito na preleção. “Deixa que eles sabem o que fazer”, e não estava errado. É um time trabalhado, consciente, que joga e não deixa jogar, e de sobra trouxe para ser campeão um dos maiores laterais da história do futebol mundial, Marcelo. O Fluminense ganhou todos os duelos contra a defesa, meio-campo e ataque do Flamengo, principalmente contra os três defensores, uma coisa triste de se ver. O meio desabou depois que João Gomes foi brilhar na Europa para voltar na seleção.
Repito, o problema do Flamengo é técnico e não tático. Infelizmente não é assim que a banda toca.
Você, amigo, vai cansar de ouvir e ler que o treinador português perdeu cinco oportunidades de ser campeão, mas nunca que o jogador X ou Y deveria ser vendido, emprestado ou dado. O Fluminense, que lembra em alguns momentos do jogo os “galácticos” do Real Madrid, fez o mesmo que os brancos fizeram com o Barcelona, na semifinal da Copa do Rei. Perderam o primeiro jogo em casa e “remontaram” no Camp Nou com quase 100 mil pagantes, com um belíssimo 4×0, atuação de gala de Luka Modric, o melhor do mundo para o meu gosto. Não discuto sistema de jogo de nenhum treinador. Se Vitor Pereira preferiu começar com três zagueiros, dois muito fracos e um em fim de carreira, com certeza foi o que ele achou melhor para o momento. Se custou a liberar Ayrton Lucas teve suas razões, Keno foi escalado naquele setor exatamente para impedir seu avanço. A ideia de lançar “Cebolinha” contra Marcelo, que tem deficiência de velocidade, apesar de assombroso talento, não deu certo porque o personagem de Mauricio de Souza nada fez, uma vez mais. Bruno Henrique no banco, depois de 10 meses em tratamento, soou mais como homenagem, tipo entrar aos 80 minutos, se tivesse ganhando. Não deu certo. Pior é não poder contar nem com o goleiro, normalmente seguro, que defendeu um pênalti para dentro da pequena área, onde Cano não costuma perdoar, com 53 minutos de jogo, praticamente “matando” o time do Flamengo, embora um gol levasse a decisão para os pênaltis.
A frase “Craque o Flamengo faz em casa” continua valendo, Vinicius Jr está aí para confirmar, mas há o risco de queimar o jovem, promissor, mas em formação, se o time não estiver estruturado, motivado, ganhando. Aos 73 minutos Santos voltou a falhar, rebatendo para a frente do gol e Alex Sandro, aí sim, liquidou de vez a fatura. Quase terminando, o Flamengo jogando como deveria ter começado a partida, descontou com Ayrton Lucas, prêmio para o artilheiro rubro-negro nos dois jogos. A torcida já comemorava quando Diniz deu o sinal para substituir Marcelo para que ele pudesse dar volta olímpica descansado. Foi só ver a ficha do cracaço para acrescentar um Campeonato Carioca às 5 Champions, 4 Mundiais de Clubes, 6 Ligas Espanholas (campeonato nacional), 5 Supertaças da Espanha, 3 Supercopas da Europa e 2 Copas do Rei, conquistados com a camisa 12 do Real Madrid.
IATA ANDERSON – Jornalista profissional, titular da coluna “Tribuna dos Esportes”. Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como as Organizações Globo, TV Manchete e Tupi; Atuou em três Copas do Mundo, um Mundial de Clubes, duas Olimpíadas e todos os Campeonatos Brasileiros, desde 1971.
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