Por Miranda Sá

“A diferença entre o ignorante e o estúpido: quando explicada, o ignorante entende” (via Julio Sonoda)

Aqui no Brasil, a palavra Estúpido quase morreu na linguagem coloquial; ficou na UTI da Gramática muitos anos, mas como o funcionamento do idioma tem os seus mistérios, voltou a ser usada, até com certo exagero, graças ao escritor, documentarista e crítico norte-americano, Michael Moore, graças ao seu best-seller “Stupid White Men”.

Classificado como livro-reportagem e traduzido para o português por Paulo Bezerra, Moore dispara uma rajada de críticas contra o ex-presidente George W. Bush (na época exercendo o cargo), e se mantém até hoje criticando os ocupantes do poder.

Ele tem uma afirmação que considero um princípio político a ser seguido, quando afirma: – “Eu, você, todos temos que ser ativistas políticos. Se não formos politicamente ativos, a democracia deixa de existir”.

Tendo como base esta lição, seremos todos antônimos de estúpido, este que se assume gramaticalmente como adjetivo e substantivo, aparecendo adjetivado como boçal, bruto, grosseiro, rude e tacanho; e substantivado como “indivíduo pouco inteligente, que tem dificuldade em compreender ou discernir”. Vem do latim, stupidus, a, um: imbecil.

Carlo M. Cipolla, professor italiano de História Econômica da Universidade da Califórnia, tem um livro “As leis fundamentais da estupidez humana” onde afirma que sempre haverá mais pessoas estúpidas do que você pensa; uma redundância do dizer de Mark Twain que quatro quintos da população mundial representam a estupidez do gênero humano.

A estupidez é o comportamento e/ou a ação grosseira de uma pessoa ou sua falta de inteligência. Às vezes, as duas atitudes se completam no hábito de muita gente. Quem nunca sofreu agressões gratuitas confirmando indelicadezas e incorreções de um estúpido?

No seu livro “Ressurreição”, Leon Tolstói comenta que um dos preceitos sociais mais sólidos é a crença de que os homens possuem em si qualidades positivas ou negativas imutáveis: que há homens bons ou maus, inteligentes ou estúpidos, enérgicos ou apáticos, e por aí adiante.

Passeando pelo teleférico das pesquisas históricas podemos imaginar que Lutero e Calvino ícones do protestantismo, devem se remexer nos seus túmulos vendo no Brasil os pastores evangélicos politiqueiros cometerem bestialidades em nome da religião, como ocorreu a pouco no caso do aborto de uma criança que engravidou por estupro…

Aqui também encontramos a brutalidade do pelego mal-educado Lula da Silva dizendo que a cidade de Pelotas é “exportadora de viados”; e atitudes mais recentes, do puxassaquíssimo Onix Lorezoni (que desmente a altivez gaúcha) atacando o COAF para defender Flávio Bolsonaro, pondo-se contra um órgão público respeitável que rastreou os desvios de dinheiro investigados pela Lava Jato.

Ímpar é a estupidez do presidente Jair Bolsonaro ao agredir um repórter expressando raivosamente a vontade de “encher tua boca com uma porrada”, como resposta à pergunta sobre os cheques repassados pelo ex-assessor do seu filho 01, Fabrício Queiroz, para a conta bancária da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

E como a emenda é pior do que o soneto, manifestando a personalidade que foi definida pelo inolvidável dramaturgo inglês Bernard Shaw: – “Quando um estúpido faz algo de que se envergonha, diz sempre que esse é o seu dever. ”

Não será dos filhos que formam o Trio Numeral dos Desacertos que ele pode se aconselhar; nem dos militares da reserva remunerada que lhes cercam, e muito menos dos novos aliados do Centrão.

Se tivesse, talvez, uma assessoria ética que o alertasse, também não adiantaria nada, porque como disse Ary Souza: – “Para o estúpido nenhuma explicação é precisa”; e para os cultuadores da sua personalidade:  – “Para o fanático nenhuma explicação é admissível“.


MIRANDA SÁ – Jornalista, blogueiro e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã. Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo.