Por Siro Darlan –
O Rio de Janeiro é o segundo estado com maior número de negros do país, ficando atrás apenas do Estado da Bahia.
Seguindo a tradição, no último concurso para a magistratura fluminense foram aprovados 23 novos magistrados todos brancos. Segundo foi divulgado pelo Tribunal de Justiça a nova geração de juízes, majoritariamente é jovem e com forte presença feminina. Entre os dados mais relevantes, observa-se que 13 dos novos magistrados são mulheres, representando 56,5% do total. A faixa etária predominante é de 25 a 34 anos, englobando 87% dos aprovados.
Outros pontos de destaque da pesquisa incluem:
– Formação acadêmica: 78% dos novos juízes são oriundos de universidades públicas.
– Experiência: 48% atuariam em diversas competências jurídicas, enquanto 26% têm experiência específica nas áreas cível e criminal.
– Consumo de mídia: 74% utilizam regularmente redes sociais, e 65% consomem conteúdo de blogs e podcasts.
– Confiança na imprensa: 73% dos novos magistrados declararam confiar nos meios de comunicação tradicionais.
A pesquisa também revelou que a grande maioria dos novos magistrados (95,6%) não possui filhos e 78% são solteiros, refletindo uma tendência de priorização da carreira nesta fase inicial.
O fato de serem oriundos de universidades públicas confirmam os dados do CNJ que afirma que a maioria dos aprovados na magistratura é oriunda da classe média alta, juma vez que aqueles aprovados nas Universidades Públicas são justamente os que estudaram em bons colégios privados, regiamente pagos, e, portanto, alcançaram as médias para cursar as universidades públicas. Distorção essa que precisa ser corrigida para que as universidades públicas sejam accessíveis aos menos aquinhoados financeiramente.
Outro dado importante na pesquisa é a confiança nos meios de comunicação tradicionais, o que confirma o caráter dominante da classe a que pertencem uma vez que as mídias tradicionais representam a voz dos dominadores que subjugam os menos favorecidos e estão a serviço da elite dominante.
Na mesma proporção que aumenta o numero de pessoas negras e pobres vitimas do sistema de repressão do estado racista, aumenta o número de juízes brancos que julgarão e condenarão os mesmos negros que servidão através de seus antecessores á cruel escravidão no Brasil. Se antes os senhores donos do capital maltratavam os negros e os mantinham sem acesso às terras para cultivar e das escolas para não atingirem a liberdade intelectual, agora aprovam os juízes predominantemente brancos e representantes das elites dominantes, para que tudo continue com antes no quartel de Abrantes.
Se no Estado do Rio de Janeiro negros e pardos representam 58% da população, com 70% dos encarcerados, o número de negros na magistratura fluminense não alcança 5% dos juízes e juízas, contra 18% da cota nacional.
A escravidão apenas mudou de nome, assim como a senzala é o que o Supremo Tribunal Federal considera “em estado de coisa inconstitucional”.
SIRO DARLAN – Advogado e Jornalista; Editor e Diretor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Ex-juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Especialista em Direito Penal Contemporâneo e Sistema Penitenciário pela ENFAM – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados; Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos na ENSP; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Coordenador Rio da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo; Membro da Comissão da Verdade sobre a Escravidão da OAB-RJ; Membro da Comissão de Criminologia do IAB. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.
Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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