Por Sérgio Vieira –
Portugal / Europa – Séc. XXI.
Espero não ser demasiado exagerado nos adjetivos, comparações, e também que eu não seja tido como um anti hispano. Não, nada disso.
Sou um apreciador dos espanhóis. Sua cultura, sua gente, seus filhos mais famosos, como Dali, Picasso, Cervantes, Goya, Miró…e muitos, muitos outros.
É tradicional e quase histórico a famosa má convivência entre vizinhos. Exemplo: A convivência e a paz podre que reina entre brasileiros e “nuestros hermanos” argentinos, que sempre que podem, nos jogam na cara de que somos “macaquitos”. E nós brasileiros, também não escondemos por eles a nossa “simpatia”.
Pois bem, entre Portugal e Espanha, a verdade seja dita, também não existe uma convivência assim tão fraterna. Pelo menos foi isso que pude constatar ao longo da minha presença em Portugal, que já se prolonga por 38 anos.
Vou tentar amiudar o meu pensamento, ou melhor, a minha convicção desse relacionamento, direi…algo falso. Faço relativamente amiúde, visitas à Espanha pela fronteira de Vilar Formoso (Portugal). E sinceramente não sei como os espanhóis a chamam. Esta fronteira dista apenas 200 kms da minha cidade de Aveiro. É notório, que ao atravessar a fronteira, mesmo tendo o lado português ainda á vista, os espanhóis não se esforçam minimamente para nos entender. É assim em todo o território Castelhano. Enquanto, nós portugueses, sempre e sem exceção, quando estamos fora do nosso país, nos esforçamos ao máximo para nos fazer entender no idioma local. Seja, na Espanha, França, Inglaterra, Alemanha, enfim…por essa europa a fora.
Ok. Somos considerados os pobrezinhos da europa. Aqueles que estão no “rabo” do continente. Ok. Estamos nessa cauda para o bem e para o mau. Pois a verdade, é que muita “peste” que reina por essa europa afora, não nos chega porque estamos aqui sossegadinhos no nosso canto. No nosso jardim à beira mar plantado.
Este Portugal, pequeno mas orgulhoso, que um dia com os espanhóis (destino!) dividiu o mundo ao meio como um quintal, e disseram cada um para cada qual: “Este lado é meu, e este lado é teu”. Estava feito o Tratado de Tordesilhas.
Mas voltando ao tema da convivência entre estes vizinhos Ibéricos. Estou relativamente à vontade para falar dos espanhóis, porque nos últimos 20 e muitos anos, passei férias no Mediterrâneo. Mais propriamente em La Manga Del Mar Menor. Sul da Espanha, aonde me vou banhar nas suas águas com temperaturas a rondar os 30ºC. Verdadeiro “caldo” marinho. E por La Manga, nunca me arrisquei a falar em português. Primeiro, vou aperfeiçoando o meu espanhol. Segundo, eles não se esforçam minimamente para nos entender.
Certa vez, em La Manga, estava eu à beira de uma (literal!) caganeira, e procurava desesperadamente um refúgio sanitário onde pudesse dar vasão àquele verdadeiro terremoto intestinal. Entrei em um restaurante às pressas, e fazendo sinais com as mãos para a barriga, me tentava fazer entender ao empregado, que urgia a necessidade de um WC. Ao que o mesmo reagia com uma indiferença atroz. Foi preciso eu dizer (já nas últimas!), desculpem os termos: mierda, mierda, mierda! Então o cavalheiro com alguma rapidez me fez chegar às mãos uma chave que me conduziu ao “paraíso”.
Outra constatação: O nativo espanhol é muito fraco na pronúncia de línguas estrangeiras, nomeadamente o inglês. São mesmo muito fraquinhos. Mesmo que tentem se esforçar, sai sempre muito mal tratada a língua de Shakespeare. É que não têm mesmo jeito nenhum para o assunto. Já o nativo português é exímio na pronúncia da língua inglesa.
Outra certeza que tenho, é que o espanhol se sente muito superior ao português, e não há motivo para tal. Muito pelo contrário. Historicamente, Espanha deve, e vai dever sempre, um pedido de desculpas pela invasão do território Luso que decorreu entre os anos de 1580 a 1640. Penso, que é daí que acham que de um momento para o outro podem entrar pelas fronteiras portuguesas e tomar de assalto este pedacinho de terra. Ledo engano.
Ao longo do tempo, descobri um tema que deixa os espanhóis completamente histéricos e de mau humor. Sabem qual é? Culinária. Isso mesmo. Culinária. Se quisermos ofender um espanhol, é dizermos que a culinária deles não presta. Eu particularmente, também acho. Eles não vão muito além das tradicionais: tapas, paellas e do chuletón (este último, uma espécie de costeleta grelhada). Vinhos? Perdem de longe para os maravilhosos vinhos portugueses, quer do Douro, quer do Alentejo. Já a culinária portuguesa, é riquíssima e variada. Temos imensos pratos de sopas, carnes, peixes e frutos do mar. Nesse ponto, a culinária brasileira herdou verdadeiros tesouros da cozinha portuguesa e africana.
Voltando à má vontade dos espanhóis em entender a nossa língua, devo condessar uma recente pequena vingança da minha parte. Recentemente fui interpelado na rua por um grupo de espanhóis que circulavam de carro pelas ruas de Aveiro. Me perguntaram aonde ficava a localização exata de uma festa que acontecia na cidade. Eles falando em espanhol, claro! E eu, cinicamente, fingindo não entender disse-lhes em bom português, não entendo! O que é exatamente o que eles dizem para nós. “no intiendo” Tentaram, uma, duas, três vezes, e como eu não me desarmava, saltou um deles do carro, e pedindo: perdon, perdon, perdon ! Falou em um português bastante razoável : “Queremos ir para a festa de São Gonçalinho”. E eu, com a cara mais deslavada do mundo, lá fui dando as explicações em bom português. Até me dei ao cinismo de dizer que lá por perto podiam “aparcar lo coche”. Ou seja, estacionar o carro. Pergunta: chegaram à festa? Não posso dizer.
Agora que levaram com o português nas “trombas”, lá isso levaram.
Espero, não ser mal interpretado por algum espanhol que possa ler esta crônica. São apenas constatações que faço ao longo destas quase 4 décadas em Portugal.
Para terminar, um ditado português que atesta tudo o que foi dito por mim nesta pequena e reles crônica: “DE ESPANHA, NEM BONS VENTOS NEM BONS CASAMENTOS”.
Fiquem bem, e sejam felizes. Até a próxima, SE DIOS LO PERMITE!
SÉRGIO VIEIRA é colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, representante e correspondente internacional em Aveiro, Portugal. Jornalista, bancário aposentado, radicado em Portugal desde 1986.
Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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