Redação

Durante o debate eleitoral da Globo, os rivais Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) acumularam, juntos, um total de 16 pedidos de resposta. Destes, seis ocorreram ainda no primeiro bloco, momento em que houve a troca de ofensas mais intensa entre os dois candidatos à presidência da República. A maior parte partiu do atual presidente, para responder tanto a falas de Lula quanto de Simone Tebet (MDB-MS).

Pelas regras do debate, direitos de resposta eram concedidos quando as críticas de fato descambavam para ofensas pessoais, o que aconteceu muitas vezes. A maior parte dos pedidos se deu no primeiro bloco, quando os temas das perguntas foram livres. Lula e Bolsonaro chegaram a se alternar em diversos direitos de resposta concedidos, monopolizando em muitos momentos o debate. O primeiro a solicitar o espaço foi o petista, acusado pelo presidente não apenas de ter promovido esquemas de corrupção em seu governo nos escândalos investigados na Operação Lava Jato, mas também de encobrir a criminalidade, de promover a pedofilia, de estimular o tráfico de drogas, entre outros crimes.

Em resposta, Lula exigiu que “o atual presidente tivesse um mínimo de honestidade, um mínimo de seriedade”, relembrando as denúncias de corrupção contra o governo Bolsonaro envolvendo as suspeitas de peculato em gabinetes de seus familiares, os escândalos no Ministério da Educação e as investigações por cobrança de propina na compra de vacinas contra covid-19.

Bolsonaro levantou o tom ainda mais para retrucar. Abriu sua fala chamando Lula de “mentiroso, ex-presidiário, traidor da pátria”, além de negar as denúncias contra sua gestão. Trouxe à cena as denúncias contra governadores do Consórcio Nordeste de desvios de verbas na saúde, afirmando que eram aliados de Lula. O petista encerrou momentaneamente o confronto com o anúncio de que, se eleito, acabará com os sigilos de 100 anos impostos pelo atual presidente.

Nos blocos seguintes, a hostilidade permaneceu, embora com menor concessão de pedidos de resposta. No terceiro bloco, Bolsonaro chegou a pedir o direito após uma discussão entre Lula e Padre Kelmon, aliado do presidente que concorre pelo PTB, sem que seu nome fosse sequer citado. Em alguns momentos, era perceptível a irritação do moderador do debate, o jornalista William Bonner. “Eu não consigo entender”, chegou a dizer Bonner para Padre Kelmon, em determinado momento em que ele interrompia Lula para rebatê-lo. “O senhor compreendeu que o debate tem regras?”

Usado como escada para ataques de Bolsonaro (o candidato à reeleição evitou muitas vezes o ataque direto a Lula usando o candidato do PTB para isso), Padre Kelmon acabou sendo alvo especialmente de Lula e de Soraya Thronicke, que questionaram se ele é mesmo padre. Há controvérsias quanto à sua ordenação ou não como padre da Igreja Ortodoxa do Peru. Soraya chegou a chamá-lo de “padre de festa junina”.

Mais tarde, no mesmo bloco, Bolsonaro conseguiu novamente seu direito de resposta, após ter sido acusado por Simone Tebet (MDB-MS) de deixar de investir na educação para privilegiar o orçamento secreto. O presidente afirmou que o mecanismo existe por determinação do Congresso Nacional, e não de sua gestão. A fala foi encerrada promovendo a candidatura do deputado estadual Capitão Contar, que disputa o governo do MS pelo PTB.

Diante da troca de agressões entre Lula e Bolsonaro, com Padre Kelmon e Soraya, Simone Tebet, do MDB, e Felipe D’Ávila em diversos momentos buscaram se apresentar como os únicos de fato discutiam propostas para o país. D’Ávila classificou, nas suas considerações finais, a troca de acusações como um “debate de botequim”.

Houve também alguma troca de ataques entre Ciro Gomes, do PDT, com Lula e com Bolsonaro. Lula provocou-o pelo fato de ter sido ministro em seu governo e agora criticá-lo (Ciro foi ministro da Integração Nacional de Lula). Com Bolsonaro, a discussão foi acerca dos casos de corrupção apontados no atual governo.

Fonte: Congresso em Foco

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