Por Bolivar Meirelles

Educar é uma tarefa social. Os pais ou seus substitutos devem ter o foco para inserir seus educandos na Sociedade Complexa. O mesmo deve ser o assunto principal dos profissionais de educação. Ter o educando uma perspectiva reflexiva, crítica e criativa é fundamental. O Ser humano tem de se preparar para a convivência alterativa, o outro Ser humano como profundamente importante para a sua existência. A descoisificação do outro é fundamental. O Ser humano necessita do outro como necessita de ar oxigenado e de água potável. Ninguém vive só, o Ser humano é, por natureza, o animal racional dependente do outro.

Temos de ser preparados para esse foco principal porque fundamental. Sermos educados para a convivência.

A complexidade da vida econômica e o desenvolvimento da hoje complexa estrutura das “relações de produção” criaram um foco no universo concorrencial onde transformou o outro Ser humano em concorrente frente ao “mercado de trabalho”. O Sistema Capitalista é, em sua complexidade, em sua busca permanente pelos acúmulos de riqueza individual, um transformador de pessoas em coisas em objetos no processo produtivo. Seres humanos transformados em peças substituíveis.

Hoje, os processos de produção estão passando por enormes mutações. Rapidez nas informações as tecnologias de Informática mudam com rapidez, inconteste, as transformações formativas inerentes em todos os setores de trabalho humano. A expulsão do universo de trabalho de atividades que ficaram obsoletas, surgimento de novas atividades que forçam a necessidade, pelo aumento exponencial da “produtividade”, engodo capitalista da “mais valia” e “mais valia relativa”, exploração do trabalho humano.

Como pensar o processo educativo nesse emaranhado concorrencial no mundo do trabalho? Pais e filhos envolvidos num universo concorrencial mais aguçado, cada vez mais. População crescente, postos de trabalho diminuindo. Atritos de interesses, cada vez maiores. “Decifra-me ou te devoro”. O individualismo aguçado. Postos de trabalho sumindo pela mutação dos processos produtivos. Novas profissões surgindo. Um “Mundo Novo” nada admirável como previa Aldous Huxley em o “Admirável Mundo Novo” e onde em “Regresso ao Admirável Mundo Novo” esse autor se posiciona, nitidamente, a favor desse decadente Capitalismo. Antes, estivesse o autor citado parado no primeiro livro. Exemplo de, quando falar demais, por vezes, prejudica.

Confundiram pais ou responsáveis, angustiados, o conceito de educar e o de treinar para o universo concorrencial do trabalho.

A saída para esse mundo do trabalho altamente competitivo… Muitos em busca de empregos. Postos de trabalho sumindo…, trabalhadores despreparados para os novos tempos. Não confundamos no entanto, EDUCAR é inserir o Ser humano na Sociedade, crítica, reflexão, criação e posicionamento político; TREINAR é preparar o ser humano para o universo concorrencial do trabalho. Agora, quem não estiver educado para entender a Sociedade, poderá se perder nesse ambiente de acelerada mutação até no Universo do Trabalho. A Sociedade individualista será, indubitavelmente, superada.


BOLIVAR MARINHO SOARES DE MEIRELLES – General de Brigada Reformado, Cientista Social, Mestre em Administração Pública, Doutor em Ciências em Engenharia de Produção, Pós Doutor em História Política, Presidente da Casa da América Latina e Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre.