Por Pedro do Coutto –

A economia brasileira, no mês de maio, ao contrário do que vinha ocorrendo nos primeiros meses do ano, recuou

2% com base em cálculo feito pelo próprio Banco Central, cujos juros altos de 13,75% ao ano, na opinião do ministro Fernando Haddad, são a causa da retração, pois desviaram recursos para investimentos na economia transferindo-os para aplicações financeiras de efeito imediato.

Com isso, os juros cobrados pelos bancos, de modo geral, também se mantiveram elevados e em consequência verificou-se uma retração do crédito para investimentos produtivos que influem, inclusive, no mercado de emprego. As aplicações financeiras, como todos sabem, não contribuem para ampliar o mercado de trabalho que são de efeito de curtíssimo prazo e um instrumento decisivo para uma maior concentração de renda no país. Renan Monteiro e Carolina Nalin, O Globo desta terça-feira, destacam o tema.

RENDA PER CAPITA – A queda da produção econômica influi para comprimir a renda per capita que é o resultado da divisão do Produto Interno Bruto pelo número de habitantes do país. Nos primeiros quatro meses do ano em comparação com o mesmo período do ano de 2022 houve um aumento de 3,6%. Mas em maio ocorreu a queda de dois pontos, fazendo com que a previsão para os 12 meses deste ano fique em 2,2%.

O desempenho do agronegócio, sobretudo da soja importada pela China, assegurou o resultado positivo de janeiro a abril. A questão, entretanto, possui pontos a serem iluminados e esclarecidos. O PIB brasileiro oscila em cerca de R$ 6,5 trilhões por ano. O crescimento do primeiro quadrimestre de 3,6% incidiu sobre o resultado do igual período do ano passado. Mas os 2% de recuou em maio incidiram sobre qual montante? A percentagem anterior ou o número absoluto resultante da soma da produção de todo o exercício de 2022? São pontos de estatísticas que precisam ser esclarecidos.

DESENROLA  – Ampla reportagem de Letícia Lopes, Vitória Abel, Vinicius Nader, Carolina Nunes e Letycia Cardoso, O Globo, focaliza o início e o sistema da operação “Desenrola” que tem como objetivo renegociar as dívidas de pessoas físicas junto aos bancos e, com isso, reabilitá-las para o mercado de crédito. Há descontos previstos de até 96%, o que representa praticamente a totalidade de débitos num prazo máximo de 10 anos. Os valores acima serão divididos através do tempo.

Os juros dessa divisão ficam por conta do próprio governo de forma indireta, que numa primeira etapa liberou R$ 50 bilhões para quitar dívidas que levaram os clientes à inadimplência. Está previsto um surpreendente leilão entre os bancos a respeito de propostas de refinanciamento. A proposta mais avançada obterá garantia do Tesouro Nacional. E essa garantia será repassada aos bancos por meio de um fundo garantidor de operações que será movimentado para cobrir eventuais calotes, novamente.

REPASSE – O estímulo destinado aos bancos – aí entra o Tesouro de novo – será repassado com compensação em tributos fiscais.  Como se constata, o governo irá creditar os bancos pelo reflexo da renegociação. Ou seja, no final da ópera, os bancos como sempre saem ganhando.  O Itaú promete descontos de até 60% nos juros. O Bradesco não se pronunciou sobre a taxa, mas o prazo pode ser de cinco anos. A operação “Desenrola” ,que começou nesta semana, vai se intensificar, como era esperado e natural.

O governo marca pontos políticos e esses pontos terminam representando também um lucro para os bancos, pois permitirá que eles repassem ao Tesouro os efeitos de uma inadimplência que com os juros seria eternizada.

ISENÇÕES –  A bancada evangélica na Câmara dos Deputados – reportagem de Eduardo Gonçalves e Vitória Abel, O Globo – está lutando para ampliar as isenções tributárias, já garantidas para os templos e para as obras sociais vinculadas à mesma. A isenção tributária estender-se-ia às organizações sociais e beneficentes.

A bancada evangélica tenta incluir essa extensão num projeto de reforma tributária aprovado pela Câmara e que se encontra neste momento no Senado. A isenção reivindicada abrange também obras que vierem a ser realizadas nesses espaços.

MORAES –  O governo italiano deverá enviar, até o final desta semana, os filmes existentes no aeroporto de Roma focalizando as agressões verbais ao ministro Alexandre de Moraes e suas famílias, e também a agressão física cometida contra o seu filho. A família acusada tanto do desacato quanto da agressão, nega o fato.

Mas os filmes serão decisivos para esclarecê-los totalmente. Inclusive porque as hostilidades ocorreram em dois cenários, o saguão de entrada do aeroporto e na sala vip.

PEDRO DO COUTTO é jornalista.

Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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