Por Iata Anderson –

As primeiras rodadas do campeonato carioca foram exatamente o que se esperava do que insistem em chamar de “o mais charmoso”, não falei semana passada?

É o hábito, tudo bem, vão ter que mudar, se acostumar, que as coisas mudaram. Não é que o campeonato seja ruim ou a Federação não tentou o melhor, tudo isso a gente sabe. É que as coisas mudaram mas a mentalidade dos dirigentes, não. Ninguém se prepara para um torneio importante como o nosso. Os pequenos se arrumam como podem, pegam emprestado jogadores daqui, dali, dacolá, pegam a grana que a FERJ divide e ano que vem a gente repete a dose. O Flamengo, que tenta mais uma vez ser tetracampeão inédito, tem a força mas preferiu entrar em campo nas primeiras rodadas com o terceiro time e deixou um ponto em dois jogos. O Fluminense, a segunda força, com o Botafogo, estreou perdendo para o Bangu de Felipe, ex-Vasco e Flamengo, começando carreira de técnico. O Vasco iniciou goleando o Volta Redonda mas deixou dois pontos contra o Boavista e não foi bem. Em todos eles viu-se um cansaço absurdo, mesmo considerando início de temporada. Um bom trabalho, planejado, com todas as condições que os grandes times oferecem, além das cinco substituições, é inadmissível. Basta dosar. O “toco e me voy” é para isso, evitar o chutão e as correrias desnecessárias, apesar do exagero de alguns jogadores que ainda não se adaptaram ao novo modo de jogar. A bola anda “queimando” os pés de muitos deles. O nível técnico é muito fraco porém não há grande queixa dos novos árbitros que este ano não fizeram a pré-temporada em Saquarema, apenas três trabalhos de campo e muita reunião via internet. O quadro é novo e bem orientado pelo diretor de árbitros José Carlos Santiago, muito focado na disciplina e alguns “vícios” antigos que acabam prejudicando o trabalho geral. Olho nos “xerifes” que costumam complicar os jogos (precisava importar mais um desses insuportáveis personagens?), na “cera” dos goleiros e árbitro que gosta de dar a mão a jogador caído, em troca de sua “amizade”. A comemorar a vinda de Fabio, para o Fluminense e Marinho contratado pelo Flamengo.

Nenhum time venceu os dois primeiros jogos, isso preocupa.

Lázaro celebra com colegas na Ilha do Governador. (Marcelo Cortes/Flamengo/Divulgação)

Torço e torcerei sempre pela seleção brasileira. Isso não impede que fique incomodado com a mesmice e teimosia do técnico Tite, que considero ultrapassado, mesmo sem ter quem o substitua a altura, entre os brasileiros. Eu apostaria num técnico estrangeiro, abriria o cofre e traria Pep Guardiola, que considero o melhor do mundo. Mas aí é um sonho, irrealizável, sei disso, utopia clara. Um mês já foi perdido até a copa e nada de time. Sou grande admirador de Dani Alves, recordista mundial de títulos, baita jogador, mas não tem outro na praça?  Ele vai ser titular na copa, quem vai disputar com ele a posição?  Quem são, afinal, os titulares, além de Neymar? Penso que Casemiro, Marquinhos mais um ou dois estão garantidos. E o time, isso que o torcedor quer saber. Com que entrosamento vai chegar no torneio? Não tem, nem um arremedo de time. O time está classificado, menos mal, e nunca deixará de ir a uma copa, a menos que o mundo acabe antes. A fase classificatória sul-americana já começa com Brasil e Argentina garantidos, depois jogam as outras vagas para o alto, quem pegar carimba o passaporte, é assim. Se vamos tentar o hexacampeonato achando que Vinicius Junior vai resolver, isso é preocupante. Teve uma fase maravilhosa ano passado e caiu assustadoramente, uma fase ruim, acredito, acumulada com cansaço e marcação dobrada que está recebendo. Pode passar ou não. Convém não acreditar muito no que a imprensa diz dele, principalmente as transmissões pela TV. Muita mentira do velho e sensacionalista jornalismo.

O medíocre empate com o Equador não deve ser passado em branco, nem ficar imaginando que numa copa vão expulsar duas vezes o mesmo jogador e retirar o cartão vermelho, embora estejamos acostumados, por aqui, a ver decisões esdrúxulas parecidas.

IATA ANDERSON – Jornalista profissional, titular da coluna “Tribuna dos Esportes”. Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como as Organizações Globo, TV Manchete e Tupi; Atuou em três Copas do Mundo, um Mundial de Clubes, duas Olimpíadas e todos os Campeonatos Brasileiros, desde 1971.


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