Redação

O sistema prisional de Joinville será pioneiro na implantação da Justiça Restaurativa em Santa Catarina, e sua introdução deverá ocorrer ainda no primeiro semestre deste ano.

O projeto, que tem foco na construção da harmonia pela cultura da não violência e da aplicação do diálogo, já é realidade desde a década de 1970 em países como o Canadá e a Irlanda. No Brasil, a Resolução 225, com diretrizes para implantação no âmbito do Poder Judiciário, foi editada em 2016, e de lá para cá ganha forma em todo o território nacional. Em Santa Catarina, a Justiça Restaurativa, por meio de incentivo do Tribunal de Justiça, já existe na área da infância e juventude e agora se espraia para o sistema prisional.

O objetivo da Justiça Restaurativa é a solução dos conflitos para superação da violência. De um lado o reconhecimento pelo causador do dano, de outro a vítima tendo a consciência de que sua dor é de fato importante. Estão aptos a integrar o projeto apenados recolhidos na prisão que desejem restaurar os danos causados. Os autores, em grupos, são atendidos por uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos, pedagogos, terapeutas, técnicos jurídicos e assistentes sociais. Durante as reuniões, os envolvidos discutem sobre o ato praticado e as consequências. Ao final de todo o processo, voluntariamente, podem requerer um encontro com a vítima e mostrar em palavras seu arrependimento.

A Justiça Restaurativa é um braço da Pastoral Carcerária, conforme explica Inácio Juliano Venske, agente da entidade e coordenador da Justiça Restaurativa de Joinville. “Temos nove facilitadores da pastoral capacitados para a implantação no sistema carcerário da cidade. E acreditamos que, priorizando sempre o diálogo entre vítima, ofensor e envolvidos, será possível a reparação dos danos e a restauração das relações.”

“A Justiça Restaurativa traz a oportunidade de um caminho de vínculos entre pessoas e a reintegração à sociedade. Diante deste desafio, a Penitenciária Industrial de Joinville, na direção do Sr. Cristiano Castoldi, coloca-se à disposição para ajudar a implementar este projeto inovador e contribuir no aprimoramento do processo de ressocialização do apenado”, ressalta Odirlei de Col, gerente de Saúde, Ensino e Promoção Social da Penitenciária Industrial de Joinville.

O diretor do Presídio Regional de Joinville, Wellinton dos Santos Lima, ressalta que todo projeto que visa arrefecer a tensão do sistema prisional tem impacto direto na segurança interna, “Com os ânimos mais calmos e entendendo o real sentido da Justiça Restaurativa, os reclusos poderão perceber também o sentido da pena aplicada. E, com a partilha de experiências que o projeto vai estimular, espera-se que o apenado consiga buscar o perdão pelo fato cometido e saber que sempre será possível recomeçar”, finaliza.

O juiz João Marcos Buch, titular da Vara de Execuções Penais de Joinville, é ativo fomentador da prática. Ele ressalta que não apenas a punição, mas o entendimento do mal causado é fundamental para a ressocialização.

“A Justiça Restaurativa caminha paralelamente ao Poder Judiciário, ao sistema de Justiça criminal, ao processo. Enquanto a Justiça tradicional é baseada na sanção retributiva, que visa o retorno do apenado à sociedade de forma harmônica e integrada por meio da aplicação da pena, a Justiça Restaurativa tem como objetivo trazer ao ofensor a sensibilização e responsabilização pelos seus atos, e uma possível ressignificação e reparação para a vítima. É uma forma de alternativa penal, com o fundamento da desconstrução da cultura do encarceramento em massa”, conclui.

Fonte: Assessoria de Imprensa/NCI / Responsável: Ângelo Medeiros – Reg. Prof.: SC00445(JP) / Imagens: Divulgação/Comarca de Joinville


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