Por Amirah Sharif –

No início do mês de novembro, fomos surpreendidos com a notícia de que integrantes da “Gaviões da Fiel”, maior torcida organizada do Corinthians, colocaram manifestantes que faziam ato na marginal Tietê, em São Paulo “para correr”.

Ao avistarem a chegada dos “gaviões” na noite de 1º de novembro, simplesmente fugiram do local, sendo que um deles até deixou sua moto com seus pertences para trás.

Membros da Gaviões também acabaram com um bloqueio na via Dutra, rodovia que interliga São Paulo ao Rio de Janeiro. Os torcedores desceram do ônibus e imediatamente desobstruíram a estrada.

Realmente os “Gaviões da Fiel” honraram seu lema: lealdade, humildade e procedimento. Lealdade ao clube, mas também à democracia.

Bolsonaristas fugiram após chegada de corintianos da “Gaviões da Fiel”; não houve confronto. (Facebook)

Ataques de gavião

Essa atitude dos integrantes da “Gaviões da Fiel” me fez lembrar de uma matéria que li , no final do ano passado, sobre ataques de gavião a moradores de Belford Roxo. Só que os torcedores estavam defendendo a democracia brasileira, mas e as aves? Por que estavam atacando pessoas?

O biólogo e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) especialista em aves, Ildemar Ferreira, explicou que esse tipo de ataque não é raro e que a primavera é o período em que as aves se reproduzem.

– “Essas aves estão muito próximas do homem e nós criamos condições favoráveis à reprodução delas, então são ambientes que para elas servem como proteção, geralmente árvores próximas a residências, marquises e é normalmente o gavião-carijó que ataca. Eles ficam agressivos, porque estão defendendo o território deles”.

O biólogo orientou que os moradores tivessem paciência e que utilizasse objetos como guarda-chuvas ou que levantassem o braço para espantar e evitar o ataque da ave. Disse o professor que eles ficam no local até que consigam criar os filhotes, depois vão embora.

Águia, gavião ou falcão?

No mundo das aves, existem aquelas espécies que literalmente reinam no céu; os rapinantes. Há pelo menos 70 espécies diferentes de rapinantes que se distribuem pelo Brasil, mas como identifica-los?

As águias são aves imponentes que se distinguem principalmente pelo tamanho, que varia de porte médio a grande; os gaviões, apesar de serem da mesma família das águias, Accipitridae, apresentam porte menor, que varia de pequeno a médio e os falcões se distinguem das demais pela asa pontiaguda e pela forma de caçar: usam o bico para matar a presa.

Os gaviões são muito semelhantes às águias e assim como elas, também caçam e perfuram as presas com as garras e planam em voo. A principal diferença é que são aves menores. Já os falcões não planam no ar e não usam as garras para matar as presas e sim o bico, como dissemos anteriormente.

O Gavião-real

Segundo o ornitólogo Willian Menq, especialista em estudos sobre aves de rapina, nem sempre o nome da espécie faz referência ao grupo que ela pertence, como é o caso do gavião-real, também conhecido como harpia. Apesar de ser chamada de “gavião”, a espécie é uma águia e é uma das mais imponentes do mundo. Vá entender…

Na verdade, atualmente, temos que entender tanta bizarrice que uma águia ser chamada de gavião-real é até “da hora”, como dizem os paulistas.

AMIRAH SHARIF é jornalista, advogada, protetora dos animais e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. asharif@bol.com.br

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