Por Pedro do Coutto –

A escalação de Richarlyson na seleção brasileira de futebol causou uma mudança essencial, para melhor,  no esquema tático do treinador Tite. Na frente, ele não participa de ações defensivas, mas adiantado, perto da linha que divide o gramado, ele prende pelo menos dois adversários no campo de defesa, impedindo assim maior participação dos oponentes quando se mantém no ataque.

Mas não é apenas essa a qualidade de Richarlison no sistema tático que passou a ser adotado pela seleção. Quando o ataque brasileiro se realizava, jogadores, como é o caso de Neymar, vinham do meio de campo para frente, aumentando a distância para que as ações ofensivas chegassem à área adversária.

POSICIONAMENTO – Com o posicionamento de Richarlison, o tempo dessa chegada diminuiu e a distância por ele percorrida passou a ser menor do que a distância daqueles que ultrapassam o meio do campo, tocando a bola de trás. Essa alteração influiu positivamente inclusive na marcação brasileira nas saídas de bola da Sérvia.

Podem observar os leitores que as bolas que disputavam no meio do campo eram mais de 70% brasileiras. O time se adiantava, reduzindo o espaço da Sérvia e com isso permitindo um domínio absoluto na posse da bola. Mas a mudança para melhor não se esgota nesses dois aspectos.

Acrescenta-se também ao que se refere à rapidez das ações ofensivas, permitindo aos jogadores brasileiros uma troca de passes mais rápida e muito mais eficiente. A equipe da Sérvia se viu assim sem muitas condições de adiantar a marcação, não ameaçando a saída brasileira da defesa para o ataque. Um dos reflexos foi a existência de sempre pelo menos dois jogadores nossos bloqueando a troca de passes da Sérvia.

PRIMEIRO GOL – Por outro lado, Richarlison que já havia brilhado na Olimpíada de 2020, quando pela primeira vez conquistamos o título, revive os antigos jogadores brasileiros de frente avançados e, por isso mesmo, mais próximos dos bate e rebate entre a área adversária e o meio de campo. Foi assim, por exemplo, que surgiu o primeiro gol do Brasil na estreia de quinta-feira.

O segundo gol de Richarlison foi uma obra de arte do futebol. Mas as belíssimas jogadas do esporte são raras, como todos sabem. O que amplia as diferenças é a atuação positiva constante e a chegada rápida às áreas das outras equipes. É verdade que o futebol não se vence apenas do meio campo para frente.

É fundamental a solidez do meio campo para trás. Mas as ações ofensivas precisam de maior rapidez e encurtamento da distância entre a parte brasileira e a área dos adversários. A mudança tática foi essencial. Como dizia o meu amigo Nélson Rodrigues: “Amém, todas as vitórias são santas”.

TRANSIÇÃO –  Reportagem de Manuel Ventura e Jennifer Goularte, O Globo desta sexta-feira, destaca o movimento que está ocorrendo no grupo de transição para que Lula formalize nos próximos dias a indicação do seu ministro da Fazenda. No grupo de transição, o senador Jaques Wagner é a favor também da indicação concreta do coordenador político para que possa tramitar rapidamente a PEC do Orçamento ou então um proposição legislativa que permita a sequência do Bolsa Família na escala  de R$ 600 por família e mais R$ 150 por filho ou filha de até seis anos de idade.

Circula o nome de Fernando Haddad para a Fazenda e o de Pérsio Arida para o Planejamento. Não creio que Haddad na Fazenda seja a melhor escolha, e a dupla com Pérsio Arida terminaria ampliando a presença na área econômica do futuro titular do Planejamento. Mas, vamos aguardar os fatos.

DIVISÃO –  Reportagem de Jussara Soares, Natália Portinari e Daniel Gullino, O Globo revela que partidos aliados ao PL, como é o caso do Republicanos e do PP, estão reagindo negativamente à iniciativa do presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, que absurdamente propôs uma ação para suspender a contagem de 250 mil urnas. O bloqueio das verbas do fundo partidário isolou ainda mais o PL e reflexivamente ampliou o isolamento do presidente Jair Bolsonaro que na realidade é o mentor do recurso.

Tal recurso, considerado improcedente pelo ministro Alexandre de Moraes demonstra que está planejado algum ato contrário à diplomação  e talvez à posse de Lula da Silva na Presidência da República. Não haverá êxito, mas fica assinalado o inconformismo  dos grupos da direita radical com a derrota nas urnas de outubro.

PEDRO DO COUTTO é jornalista.

Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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