Por Miranda Sá

Muitos anos estão acumulados desde que uma dessas reformas idiotas do ensino acabou com os cursos Primário, Ginasial, Científico e Clássico, fáceis de distinguir nos seus currículos. E entre o Primário e o Ginásio, havia ainda o Complementar, para ajudar os que eram reprovados no Exame de Admissão ao Ginásio.

Recordando meus tempos de estudante, faço-o para lembrar que fiz o Clássico, e nele tive às mãos uma interessante história traduzida do grego.

“O espartano Phedarete concorreu às eleições para o Conselho dos 300 e quando voltou para casa, mostrando um sorriso nos lábios, ouviu da mulher o comentário – “Estou vendo pela sua alegria que foi vencedor!”, a que ele respondeu que havia sido preterido. A mulher insistiu: – “… E porque estás tão alegre?”; então o patriota Phedarete replicou: – “Estou satisfeito por saber que em Esparta há 300 homens mais virtuosos do que eu!”

Uma atitude dessas é quase impossível nos tempos que atravessamos; o que vemos é a perda de caráter dos políticos e suas brigas por cargos públicos, disputas partidárias, luta interna nos governos pelo poder e a desgraçada polarização eleitoral entre grupos populistas.

Infelizmente são raros no Brasil os exemplos de dignidade e patriotismo como de Phedarete. Chegam aqui apenas as ideologias que quando estão bem velhinhas na Europa, atravessam o Atlântico e vêm para o Brasil…. Viram moda entre imbecilizados e fingem que são antagônicas para polarizar ludibriando o eleitorado paspalhão.

Aliás, a “Atitude” não se limita à maneira de posicionar o corpo; é sobretudo o modo de assumir uma posição que exige definições perante a sociedade ou mesmo no relacionamento entre pessoas ou entidades. O procedimento pessoal também deve retratar a disposição para enfrentar problemas pessoais ou diante de uma situação que envolva outras pessoas ou se refira a objetos, instituições etc…

Assistimos atitudes individuais em todos os setores do cotidiano. No terraplanismo jurídico ficou marcada a sentença do ministro do STF Dias Toffoli livrando a multa dos corruptores condenados pela Lava Jato. O peso desta decisão entra num dos pratos da balança em que o nome deste Togado esteve presente nas planilhas de propina da Odebrecht com o codinome de “Amigo do amigo do meu pai”.

Folheando o “vade mecum” que interpreta o modo de proceder dos ministros do STF, apareceu subitamente a condenação da Internet, vinda do também togado Alexandre de Moraes, que declarou sem embaraço, “que antes das redes sociais era feliz e não sabia”.

Feliz, porquê? Na cabeça de quem pensa assim, deve se sentir inseguro, sem poder fazer bobagens nem cometer delinquências, porque o terceiro olho da comunicação acompanha o comportamento das pessoas públicas.

Na contracapa do Livro encontramos a atitude do ex-presidiário corrupto, José Dirceu, condenado por assalto à Petrobras. Sentado entre os picaretas da Câmara Federal, sem mais nem porquê, declarou desavergonhadamente que ‘Até por justiça, mereço voltar à Câmara’. Disse-o e foi aplaudido sem pudor pelo coletivo…

… E, politicamente, para não ficar apenas na faixa do populismo lulopetista, chegou-nos a notícia de uma visita de Eduardo Bolsonaro ao parlamento alemão, posando para fotos com Beatrix Von Storch, neta de Hitler. É indesmentidamente uma atitude que comprova as suas simpatias com o nazismo.

Temos desta maneira, magistrados lenientes com a corrupção, políticos corruptos e empresários corruptores fortalecendo as atitudes dos ex-condenados pela Lava Jato e dos fascistóides golpistas que se mostram de corpo inteiro.

Isto, nos “andares de cima”, mostra cenas imorais e não o show de Madonna como a idiotia religiosa aponta; os ocupantes do poder nos levam às raias da impaciência ao constatar insegurança jurídica, o descalabro dos corruptos e a exibição da camisa hitlerista, sem encontrar resistência.

Poucas são as atitudes pessoais arriscando-se a lutar contra o regime policialesco instalado pelos “antifascistas” no poder. Esta minoria audaciosa somos nós, que usamos ferramentas da Internet no combate aos “porquês” dos que investem contra o “X”, refúgio da Liberdade.

As atitudes corajosas estão nas redes sociais aonde se exerce a livre expressão do pensamento, o alicerce da Democracia.

MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br

Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


PATROCÍNIO

Tribuna recomenda!