Por Amirah Sharif –

Direito dos Animais.

Hoje vou falar de Andrea Cisternino, um ex-fotógrafo italiano foi chamado de herói nas redes sociais ao se recusar a deixar a sua casa em Kiev. Sabem por quê? Para não abandonar cerca de 400 animais que ele mantém em seu abrigo.

O herói

Andrea Cisternino vive na Ucrânia há 13 anos, não muito longe de Kiev, onde criou seu próprio abrigo de animais.

“Estou aqui desde 2009. Casei com uma ucraniana e, como fotógrafo, comecei a documentar o que estava acontecendo durante a Euro 2012. Depois, decidi construir um abrigo para animais e muitas coisas mudaram. Minha vida mudou. Nosso abrigo de animais, inicialmente, era para cães. Agora, são 400 animais. Há cavalos, vacas, cães, gatos, ovelhas, cabras, porcos…um pouco de tudo. Vou ficar aqui por eles!”

O abrigo

O abrigo de Vlada e de Andrea conta com 20 mil metros quadrados de área útil divididos em viveiros específicos para cada espécie: cães, gatos, vacas, galinhas, pássaros, cabras, porcos, cavalos. Além disso, eles mantêm uma clínica veterinária no espaço.

Desde que se mudou para a Ucrânia, Andrea Cisternino investiu todo o dinheiro que havia guardado durante sua carreira de fotógrafo para construir o abrigo de animais.

Ao mesmo tempo em que resgata e mantém centenas de animais, o cuidador busca conscientizar a população a respeito das duras condições que eles viviam nas ruas ou sob maus-tratos.

Guerra silenciosa

Após dois anos de abertura do abrigo, a instalação foi incendiada por grupos de extermínio de animais de rua causando a morte de 71 cães e de outros animais.

Relembrou o protetor de animais: “Ninguém veio nos ajudar, nem mesmo os bombeiros. Conseguimos tirar o máximo de cães que pudemos até que o fogo ficou incontrolável”.

Cinco anos se passaram e agora Andrea enfrenta outra grande adversidade com seus animais: o atual conflito entre Ucrânia e Rússia.

Nos últimos dias, o cuidador tomou a providência de estocar comida e combustível na esperança de que o conflito termine enquanto ele estiver seguro com os animais resgatados.

Miséria e fome

Atualmente, mais da metade da população brasileira vive com algum grau de insegurança alimentar. Ao menos 19 milhões estão passando fome por causa da pandemia e pela crise econômica do país. Os dados foram obtidos pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).

“Há três graus de insegurança alimentar: o leve, o moderado e o grave, que acontecem pela preocupação em não ter o que comer, pela falta de acesso pleno a alimentos até a fome de fato”, explica Milene Pessoa, professora do Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG, que estuda os efeitos da insegurança alimentar no Brasil.

“Qualquer grau de insegurança alimentar pode causar comprometimento na saúde, indo de deficiências macronutrientes, como proteínas e carboidratos, à falta de micronutrientes, como minerais e vitaminas, até chegar ao ponto de o corpo parar de funcionar”, afirma a professora.
O que nos causa comoção, em quaisquer das situações, seja na Ucrânia ou no Brasil é o fato de haver seres humanos que não abandonam seus animais por nada.

Agora é lei no Rio

A Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro promulgou, em junho de 2021, a lei 6963 de autoria do vereador Marcos Paulo (Psol), que autoriza a entrada e permanência de animais domésticos em abrigos emergenciais, casas de passagem, albergues e centros de serviços públicos ou privados, que tenham contrato com a Prefeitura do Rio e sejam destinados ao atendimento de pessoas em situação de rua.

“Quem vive nas ruas já sofreu muitas perdas, os vínculos afetivos não existem mais e, muitas vezes, o animal de estimação representa a permanência de um último vínculo. Afastar o tutor de seu animal de estimação é desumano e fomenta ainda mais a prática do abandono. O Rio de Janeiro ainda precisa avançar nas políticas públicas para a população de rua e a defesa animal, mas sem dúvida, a aprovação desta lei é um passo importante neste sentido”, comentou o vereador Marcos Paulo, que é presidente da Comissão de Saúde Animal e membro da Comissão de Direitos dos Animais da Câmara do Rio de Janeiro.

Se…

É guerra e destruição lá. É fome e miséria cá, mas se alguns humanos partirem para uma guerra nuclear, todos perderão: humanos e não humanos, porque teremos a destruição da biosfera. E aí concluiremos que, de fato, nunca existiu vida inteligente na face da terra.

Acho, então, que é por isso que os alienígenas nunca quiseram um contato mais estreito com os humanos. E não é que eles têm razão?

AMIRAH SHARIF é jornalista, advogada, protetora dos animais e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. asharif@bol.com.br


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