Por José Carlos de Assis

Meu grupo decidiu fazer uma ampla consulta à opinião pública por escrito, de forma direta mas qualificada, sobre o governo atual e todas as suas presumíveis consequências. Fomos levados a isso tendo em vista a recente pesquisa de opinião pública realizada por institutos independentes, que constataram excelentes níveis de aprovação para Jair Bolsonaro e sua administração. Como não duvidamos da integridade das pesquisas, a única conclusão que chegamos, tendo em vista o desempenho desastroso do governo e de seu presidente, é que a opinião pública brasileira está dopada ou próxima da total insanidade mental.

É claro que um governo que ignora políticas de desenvolvimento e de emprego, que não se importa com incêndios na Amazônia, que é indiferente às machas de óleo que chegam às nossas costas, que promove milicianos e o crime organizado, que se mostra indiferente à pandemia do coronavírus, que quer a guerra com a Venezuela violando princípios sagrados da diplomaria brasileira adotados desde Rio Branco, que desindustrializa o país ao ponto de prejudicar a produção de remédios e equipamentos contra o vírus – se o governo é tudo disso e o povo é favorável a ele, alguma coisa está profundamente errado.

Podemos justificar esse comportamento segundo a fórmula de Brecht a propósito do analfabeto político. É claro que a maioria do povo brasileiro está, hoje, na condição de analfabeta política. Mas o que é isso? Foi sempre assim? Só temos uma explicação: os meios de comunicação de massa imbecilizaram o país no processo de tratar a noticia como fantasia. Os jornais e os blogs lutam contra isso, mas a campanha massiva da televisão não dá espaço à reflexão e à critica. O reflexo disso na política é devastador: temos eleito os piores presidentes, alguns, como Lula, só se resgatando pela espetacular performance de curto prazo.

Estamos pedindo aos internautas que façam uma avaliação criteriosa de nossa situação política e da forma como estamos propondo a superação dela. Isso não se destina à massa, certamente. Nem se limita, por exemplo, às pessoas de nível superior, pois há entre elas também analfabetos políticos. Nosso alvo são todos os interessados na política e na economia que queiram realmente um verdadeiro embate de opinião político, estando em plena condição de dar opinião sobre questões econômicas, políticas, sociais e militares – inclusive a delicada questão da reconciliação nacional, que estamos propondo no documento central acima.


JOSÉ CARLOS DE ASSIS – Jornalista, economista, escritor, professor de Economia Política e doutor em Engenharia de Produção pela Coppe/UFRJ, autor de mais de 25 livros sobre Economia Política. Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Foi professor de Economia Internacional na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), é pioneiro no jornalismo investigativo brasileiro no período da ditadura militar de 1964. Autor do livro “A Chave do Tesouro, anatomia dos escândalos financeiros no Brasil: 1974/1983”, onde se revela diversos casos de corrupção. Caso Halles, Caso BUC (Banco União Comercial), Caso Econômico, Caso Eletrobrás, Caso UEB/Rio-Sul, Caso Lume, Caso Ipiranga, Caso Aurea, Caso Lutfalla (família de Paulo Maluf, marido de Sylvia Lutfalla Maluf), Caso Abdalla, Caso Atalla, Caso Delfin (Ronald Levinsohn), Caso TAA. Cada caso é um capítulo do livro. Em 1983 o Prêmio Esso de Jornalismo contemplou as reportagens sobre o caso Delfin (BNH favorece a Delfin), do jornalista José Carlos de Assis, na categoria Reportagem, e sobre a Agropecuária Capemi (O Escândalo da Capemi), do jornalista Ayrton Baffa, na categoria Informação Econômica.