Por Siro Darlan

O símbolo + foi acrescentado à sigla LGBTI para abranger outras orientações sexuais, identidades e expressões de gênero.

É com muito orgulho que o jornal Tribuna de Imprensa Livre deu início à publicação dessa coluna dedicada ao público LGBTI+ baseado nos ensinamentos da edição do Manual de Comunicação LGBTI+, realizado pela Aliança Nacional LGBTI e pela GayLatino, com participação de diversas associações, organizações, coletivos e indivíduos diretamente engajados na defesa dos direitos das pessoas LGBTI+ e dos direitos humanos de uma forma geral.

Este é um excelente exemplo da aplicação prática do famoso termo “nada sobre nós, sem nós”: uma ferramenta construída por e para pessoas diretamente tocadas pelo uso de termos e conceitos capazes de contribuir para a transformação social e para a consolidação de uma sociedade onde haja zero discriminação e onde todas as pessoas sejam respeitadas e tratadas com dignidade.

Assim como na primeira edição deste manual, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) incentivou o processo de consulta pública conduzido pela sociedade civil— que foi ainda mais intenso desta vez—porque sabe, pela prática, que muitas vozes unidas são capazes de forjar um compromisso sólido de todas as populações representadas pelo movimento LGBTI+ na defesa de seus direitos e de tantas conquistas e avanços já alcançados até o presente momento—mas que ainda tem sido pautada por longa trajetória de obstáculos e de ameaças de retrocesso.

Nesse sentido, o Manual de Comunicação LGBTI+ representa um importante conjunto de ferramentas para a construção de uma sociedade mais justa.

Além dos termos e definições essenciais, o guia busca contextualizar os conceitos básicos em relação à história do movimento LGBTI+ e nosso momento atual, atentando-se para a sugestão de termos a serem evitados, de pautas e datas relevantes e até mesmo explicações importantes sobre bandeiras e símbolos do movimento.

É, portanto, um manual essencial não só para profissionais da mídia e comunicadores, mas para todas as pessoas que querem fazer avançar os direitos humanos e os direitos das pessoas LGBTI+. Sua utilização em treinamentos e oficinas a profissionais de diversas áreas muito contribuirá para reduzir o impacto do preconceito e da discriminação sobre essa população, em especial o impacto ainda tão presente sobre saúde mental.

Sua contribuição será igualmente muito significativa para a concretização dos três pilares que guiam o trabalho do UNAIDS: zero nova infecção pelo HIV, zero morte relacionada à AIDS e zero discriminação. Ao lado do Guia de Terminologia do UNAIDS 2017—um manual aprofundado sobre temas e conceitos relacionados à resposta ao HIV—, este manual tem a missão de pautar a mídia e o debate da sociedade na promoção do respeito e do empoderamento de indivíduos ainda hoje marginalizados e vulnerabilizados por diversos fatores como preconceito, estigma e discriminação. A linguagem molda o pensamento e pode influenciar comportamentos, atitudes e práticas. Estamos confiantes de que este manual cumprirá seu papel neste sentido.

Com essas palavras a Diretora do UNAIBS Brasil Georgina Braga-Orillard concluiu a apresentação da Cartilha que a Tribuna da Imprensa Livre resolveu dar publicidade como parte de sua responsabilidade com a divulgação dos Direitos Humanos e o respeito à Diversidade, além do combate a todas as formas de discriminações e preconceitos.

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#DireitoLgbti #pride #diversidade #EspalheRespeito #AliançaNacionalLGBTI #GrupoArcoÍris

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OBJETIVO

“A escuridão não pode expulsar a escuridão, apenas a luz pode fazer isso. O ódio não pode expulsar o ódio, só o amor pode fazer isso.” Martin Luther King Jr. (1963)

Esta coluna visa apresentar aos meios de comunicação, incluindo jornalistas e estudantes desta área, a terminologia mais atualizada sobre a população lésbica, gay, bissexual, travesti, transexual e intersexual (LGBTI+)*, trazendo à discussão temas importantes para o debate nacional e internacional sobre seus direitos. Tem por objetivo contribuir para diminuir preconceitos e estigmas e colaborar para o melhor entendimento de termos que são recorrentes entre a população LGBTI+, mas que podem não ser usuais no dia a dia de comunicadores(as) e estudantes, a fim de contribuir para um jornalismo mais inclusivo e atento às realidades. É uma obra que teve a contribuição de muitas mãos e muitas cabeças, além de se inspirar em manuais de comunicação LGBTI+ de organizações como o SOMOS GAY (Paraguai), a Colômbia Diversa, a GLAAD (Estados Unidos) e a ABGLT no Brasil. Também foi objeto de pesquisas, sendo que as fontes são citadas. Contou ainda com contribuições de especialistas. Além disso, houve uma consulta pública que durou dois meses, com ampla divulgação, resultando em várias contribuições. A Aliança Nacional LGBTI, o Grupo Dignidade e a rede Gay Latino acreditam que só com a informação mais correta possível é que se pode vencer o preconceito.

Contamos com o seu apoio para combatermos juntos o preconceito e tornar o Brasil um país mais justo para toda a sua população. Boa leitura!

*Neste Manual o símbolo + foi acrescentado à sigla LGBTI para abranger outras orientações sexuais, identidades e expressões de gênero.

Colaboração: Toni Reis, doutor em educação, organizador do Manual, diretor presidente da Aliança Nacional LGBTI, diretor-executivo do Grupo Dignidade, integrante da executiva da rede Gay Latino.

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Coluna de luto: Ator Paulo Gustavo morre de covid-19

O ator Paulo Gustavo, de 42 anos, morreu nesta terça-feira (4) vítima de complicações causadas pela covid-19. Ele estava internado desde 13 de março no Hospital Copa Star, em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro.

Bissexual assumido, mantinha relacionamento com o dermatologista Thales Bretas, com quem se casou em 2015. Os filhos do casal, Gael e Romeu, nasceram em 2019, de barrigas de aluguel.

O estado de saúde piorou desde domingo (2). Na tarde desta terça-feira, a família do ator divulgou uma nota classificando o quadro clínico do ator como “irreversível”. A informação foi divulgada na conta oficial do Twiter do comediante. Segundo a nota, desde o último domingo o quadro do ator vinha se deteriorando.

“Internado desde 13 de março, no Rio de Janeiro, com quadro de covid-19, Paulo Gustavo permanece  no Serviço de Terapia Intensiva. A equipe médica acaba de emitir, novo boletim: Após a constatação da embolia gasosa disseminada ocorrida no último domingo, em decorrência de fístula brônquio-venosa, o estado de saúde do paciente vem deteriorando de forma importante. Apesar da irreversibilidade do quadro, o paciente ainda se encontra com sinais vitais presentes.”

Na mesma nota, a família do ator agradece o carinho dos fãs e admiradores e pede orações a Paulo Gustavo e às demais pessoas acometidas pela covid-19.  Na noite desta terça-feira, foi confirmada a morte de Paulo Gustavo na conta oficial do ator no Twitter.

(Colaboração: Iluska Lopes)

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SIGLA LGBTQI+

L – lésbica: Pessoa cis ou trans que se identifica no gênero feminino e se relaciona afetiva e/ou sexualmente com outras pessoas do gênero feminino;

G – gay: Pessoa cis ou trans que se identifica no gênero masculino e se relaciona afetiva e/ou sexualmente com outras pessoas do gênero masculino;

B – bissexual: Aquele ou aquela que se relaciona afetiva e/ou sexualmente com pessoas do gênero feminino, masculino ou demais gêneros.

T – transgêneros (travestis ou transexuais): Pessoas que não se identificam com o gênero atribuído com base nos órgãos sexuais e transacionam para outro gênero. Exemplificando, uma pessoa que nasceu com órgão sexual feminino, mas se identifica com o gênero masculino. Há algumas diferenciações entre travestis e transexuais e divergências entre as definições do termo, mas segundo a definição adotada pela Conferência Nacional LGBT de 2008, as travestis são pessoas que nasceram com o órgão sexual masculino, mas se identificam pelo gênero feminino, no entanto ainda desejam manter o órgão sexual biológico.

Q – queer: Esse é um termo mais recente e ainda em discussão, mas de acordo com a Teoria Queer da pesquisadora Judith Butler, são pessoas fluidas, ou seja, que não se identificam com o feminino ou masculino e transitam entre os “gêneros”. Elas também podem não concordar com os rótulos socialmente impostos. O termo pode englobar minorias sexuais e de gênero que não são heterossexuais (pessoa que se relaciona com outra do gênero oposto) ou cisgênero (pessoa que se identifica com o gênero biológico).

I – intersexual: Segundo a Sociedade Intersexual Norte Americana, esse termo é usado para designar uma variedade de condições em que uma pessoa nasce com uma anatomia reprodutiva ou sexual que não se encaixa na definição típica de sexo feminino ou masculino. Por exemplo, uma pessoa intersexual pode nascer com uma aparência exterior da genitália do gênero feminino mas com anatomia interior, maioritariamente do gênero masculino.

+ – engloba todas as outras letras da sigla LGBTT2QQIAAP: como o “A” de assexualidade (indivíduo que não sente nenhuma atração sexual, seja pelo sexo/gênero oposto ou pelo igual) e o “P” de pansexualidade (aqueles que podem desenvolver atração física, amor e desejo sexual por outras pessoas, independentemente de sua identidade de gênero ou sexo biológico).

Aliados, agêneros e andrógino

Algumas versões da sigla também englobam o termo “Aliados” que, segundo a Aliança Nacional LGBTI+ são pessoas que, independente da orientação sexual ou identidade de gênero, tomam ação para promover os direitos e a inclusão LGBTI+. Outro “A” também se refere a pessoa “Agênero”, ou seja, alguém que não se identifica ou não se sente pertencente a nenhum gênero. Outro termo mais conhecido é o Andrógino, uma expressão de gênero usada para descrever uma pessoa que assuma postura social, especialmente a relacionada à vestimenta, comum ao gênero masculino ou feminino.

(Colaboração: Shara Rezende/Governo do Tocantins)


SIRO DARLAN –  Juiz de Segundo Grau do TJRJ, Mestre em Saúde Pública e Direitos Humanos, membro da Associação Juízes para a Democracia, conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo, conselheiro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa, colunista e membro do Conselho Editorial do jornal Tribuna da imprensa Livre. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.