Por Ricardo Cravo Albin –
O sinal gráfico acima, a exclamação, é definido pelo Dicionário Houaiss como “berro ou grito”. Em geral não seria recomendável a pareceres de Ministros de Tribunais Superiores. Até porque, creio, sinais talvez excessivos em textos formais!!!!. Assim, recheando sua indignação com uma profusão de interjeições, o decano do Supremo, Ministro Celso de Melo, interveio para coibir os arreganhos municipais de censura, ao final da Bienal do Livro. Tanto pior para um país que lê pouquíssimo.
Pois bem, estou a refletir sobre a censura imposta pela Prefeitura a uma revista de história de quadrinhos (!!!!),cuja capa ostenta dois super-heróis da Marvel em um beijo gay.
O ato de apreensão determinado pelo Prefeito foi revestido da truculência habitual: fiscais uniformizados para intimidar eventuais compradores, em especial as crianças!!!!.
Argumento do Prefeito, logo seguido pelo afoito/improvável Governador de São Paulo? A defesa das crianças, ofendidas em sua pureza. E pela coroação frustrada no Céu como anjinhos. Ou seja, argumentos interpostos pela onda de moralismo que parece varrer o País. Perigosamente, muito perigosamente!!!!.
Ao ler a grosseria nos jornais, ao ser informado das reações dos Tribunais, pus-me a recordar já ter visto este filme odiento. E lutado contra. Isso, já escrevi aqui
ocorreu quando participei da luta contra a censura entre 1978 / 98. Às barbas do então Ministro Ibrahim Abi- Ackel, implacável censor cuja artilharia de proibição a livros e diversões públicas estava alojada na horrenda DCDP, do Departamento da Polícia Federal. Portanto, censura era caso de polícia.
Cabe meditar sobre o que ocorreu com o que seria proibido, logo depois da liberação por Celso de Melo.
Não apenas as revistinhas da Marvel, senão também toda, disse toda!!!!, literatura infanto-juvenil foi avidamente comprada. Alertado pela interdição moralista, numeroso público está a esgotar as prateleiras eróticas de todas as livrarias. Acredito para satisfazer a simples curiosidade pelo que é proibido (vide Caetano no profético “ É proibido proibir”, de 1968!!!!). E não só. Mas também pela repulsa intuitiva de ser impedido por supostas “autoridades governamentais”. Quando os únicos orientadores do público infanto-juvenil só poderiam ser os seus pais. Tese com ardor que nós defendemos, os oito representantes da Sociedade Civil (ABI, ABERT, ABL etc.), no Conselho Anti Censura, anos 80…
Uma lição há que ficar para os retardados que ainda querem exercitar a censura – sobretudo de livros!!!!
Não o façam. A não ser se quiserem que os censurados virem best-sellers.
É inevitável citar Goethe, tão repetido nesses dias de trevas: “Nada é mais ameaçador do que a ignorância ativa. A passiva, logo fenece.”
Conclusão definitiva: O feitiço sempre vira contra o feiticeiro!!!!
E viva Celso de Melo!!
*Ricardo Cravo Albin, Jornalista, Escritor e Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin
MAZOLA
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