Por Miranda Sá –
“Encontrar lugares por setores e endereços que são coordenadas cartesianas, parece um mistério” (Alexandre Orrico)
Jantando em Brasília com um amigo de priscas eras, jornalista que cobre o setor militar e possuidor de fontes seguras e informações valiosas, como antigo profissional de imprensa ouvi coisas de arrepiar os cabelos.
Entraram na pauta da conversa, relacionamentos vis em parcerias obscuras, investigações bem-sucedidas engavetadas na Justiça, compromissos inimagináveis entre parlamentares e multiplicação de dossiês envolvendo figuras palacianas.
Este filme de horror onde as vítimas são a República e a Democracia obedecem a scripts utilizados em filmagens feitas nos 16 anos de ocupação do poder pelo lulopetismo. Com boa vontade poder-se-ia recuar no tempo e recordar fitas antigas em preto e branco…
Em verdade, a corrupção veio com as caravelas do almirante Pedro Álvares Cabral e foi institucionalizada a partir das Capitanias Hereditárias. Esteve presente nos Governos Gerais, no Império e na República, mas, sem apadrinhamento, em escala bem menor.
Comentava-se na década de 1950 sobre a existência de avanços ao Erário no Governo Juscelino Kubitschek, principalmente na construção de Brasília e na transferência da capital do País do Rio de Janeiro para o Planalto Central.
O futuro demonstrou que houve desvios de dinheiro público naquela época, como ocorria em São Paulo nos governos “que roubavam, mas faziam”. Eram, porém, gotas d’água no oceano que transbordou no território nacional após a “redemocratização”.
Pode-se reconhecer erros de JK e na sua politicagem que pôs de lado as astúcias e malandragens dos seus auxiliares diretos. É indubitável historicamente que ele fez um governo que trouxe esperança e consequentemente a alegre torcida dos brasileiros por um futuro melhor.
Tudo isto, negação e afirmação, está no Memorial JK para quem olhos de ver e ouvidos de ouvir. É uma visita obrigatória para quem visita o Distrito Federal. É de Juscelino a frase: “O otimista pode errar, mas o pessimista já começa errando.”
Mais adiante, a derrubada de Jango e a ascensão dos governos militares ainda são avaliadas pelos historiadores isentos de ideologias. E mais recentemente não é preciso pesquisar para que se passe uma vista nas consequências da chamada redemocratização.
As práticas corruptas estiveram presentes na Assembleia Constituinte que pariu uma Constituição filha bastarda de advogados lenientes com o crime, na Nova República de Sarney, na compra da reeleição por Fernando Henrique Cardoso e nos impeachments de Collor e Dilma.
E Brasília assistiu tudo isto placidamente como os espelhos d’água projetados por Niemeyer…. Uma coisa, porém, é certa: os protagonistas políticos em sua maioria – será injusto não citar que há honrosas exceções –, os brasilienses reagem inconformados com a corrupção, a impunidade e a enganação lulopetista.
Diz-se que para cada 10 pessoas em Brasília, oito são flamenguistas…. Podem usar os mesmos números e afirmar que repudiam do mesmo jeito Lula e os seus quadrilheiros do PT. O povo da capital brasileira conhece muito bem a hipocrisia dos lulopetistas que se harmoniza entre o comportamento e o discurso.
Em Brasília se afirma, e é verdade, você pode sair às ruas a qualquer hora do dia sem medo, porque os ladrões não agem ao ar livre e sim dentro dos palácios na Praça dos Três Poderes…
Comenta José Coutinho que “notícias vindas de Brasília nos dão o pânico nosso de cada dia” e a presença fantasmagórica de Enéas Carneiro responde: “Miasmas pútridos emanam no Congresso em Brasília, contaminando o ar da metrópole”.
MAZOLA
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